test banner

OPERAÇÃO CHECKOUT » Fraude de R$ 4 milhões na saúde - "Crime teria ocorrido em 2014 – Governo de Agnelo Queiroz"


Luís Henrique Ishihara, promotor: "Tamanha é a semelhança nas propostas que elas adotam, inclusive, os mesmos erros ortográficos (no detalhe)

*Por Ana Maria Campos - Correio Braziliense

Investigação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) indica esquema de corrupção montado para direcionar a compra, sem necessidade, de leitos, macas, berços e divisórias para hospitais. Crime teria ocorrido em 2014

Uma investigação da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) aponta indícios de que a Secretaria de Saúde destinou R$ 4.620.325,72 para a compra de leitos, macas, berços e divisórias para hospitais, sem justificativa da necessidade da aquisição e com suspeita de direcionamento, num esquema de corrupção. Com autorização da 1ª Vara Criminal de Brasília, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagrou ontem a Operação Checkout, com cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os alvos são servidores da Secretaria de Saúde e funcionários de empresas privadas envolvidos na suposta fraude à licitação, ocorrida em 2014, no governo de Agnelo Queiroz. No pedido das medidas cautelares, o promotor de Justiça Luís Henrique Ishihara detalhou evidências levantadas em investigação. Três servidores da Secretaria de Saúde, que à época da contratação exerciam função na Gerência de Hotelaria da pasta, são suspeitos de conduzir a contratação de forma direcionada para a empresa Hospimetal, com sede em Araçatuba (SP).

Para que a empresa fosse escolhida, um dos servidores recomendou que a compra do mobiliário para hospitais fosse feita, sem concorrência pública, por meio de adesão a uma ata de registro de preços do Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro. Para dar cobertura à contratação dessa firma, duas outras empresas teriam sido consultadas para cotação de preços, a Provemed e a Anglomed. Mas estas, segundo o MPDFT, fazem parte do mesmo grupo econômico da Hospimetal. As sedes das empresas foram alvo dos mandados de busca e apreensão ontem.

A investigação apontou detalhes que evidenciam a ligação das empresas. “Há elementos probatórios contundentes de que as propostas apresentadas pelas empresas Provemed e Anglomed foram elaboradas no mesmo computador ou compartilhadas entre as duas empresas, tratando-se de propostas figurativas. Tamanha é a semelhança nas propostas que elas adotam, inclusive, os mesmos erros ortográficos”, aponta o promotor Ishihara.

Provas
Uma auditoria do Tribunal de Contas do DF apontou que, quase dois anos depois da aquisição, em setembro de 2016, muitas macas, berços, divisórias e leitos estavam encaixotados no depósito da Secretaria de Saúde, um sinal da falta de necessidade dos produtos. De acordo com o MPDFT, as provas apontam para crimes de dispensa ilegal de licitação, fraude a licitação, emprego irregular de verbas do SUS em finalidades diversas das previstas em lei, inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção passiva e ativa e associação criminosa.

Em nota, a Secretaria de Saúde informa que recebeu representantes do Ministério Público na manhã de ontem portando mandado de busca e apreensão para obtenção de dados do sistema de informática, que foram prontamente fornecidos. A pasta esclarece que o mandado não informava o teor da investigação realizada pelo MPDFT, mas ressalta que está à disposição e cooperar com as investigações sempre que for necessário. O Correio não conseguiu contato ontem com as empresas investigadas.

(*) Ana Maria Campos – Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Correio Braziliense




Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem