Governador Rodrigo Rollemberg em vistoria no
Sistema Corumbá IV(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
*Por Pedro Grigori
Em menos de seis meses, parte do Distrito Federal
passará a ser abastecido por águas goianas. Na manhã desta terça-feira (17/7),
o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, vistoriou a elevatória de água bruta do
Sistema Corumbá IV, em Valparaíso de Goiás. De todo o projeto, 80% já está
concluído. Quatro bombas de nove metros de comprimento foram compradas e serão
instaladas nos próximos meses. A expectativa é que o projeto seja concluído até
o fim de dezembro de 2018.
Diversas interrupções marcaram as quase duas
décadas entre a concepção do projeto e o atual status da obra. Cerca de R$ 550
milhões devem ser gastos, divididos entre os governos do DF e de Goiás. O lucro
também será repartido. Metade dos 2,6 mil litros de água por segundo vão para
Gama e Santa Maria, e a outra parte para os municípios goianos de Luziânia,
Novo Gama, Valparaíso e Cidade Ocidental.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo
Rollemberg, acredita que a entrega da obra será a solução para os problemas
hídricos do DF nos próximos 20 anos. "É um grande legado que fica para as
próximas gerações. Até dezembro, as bombas começam a receber água que será
levada para os sistemas do DF e de Goiás", afirmou. Após 17 meses, o
DF saiu do estado de racionamento de água no último dia 15 de junho.
O chefe do executivo local garantiu, também, que a
produção de água será ainda maior até o fim de 2019. "Em um primeiro
momento, serão 2,8 mil litros de água por segundo. Essa colocação será ampliada
paulatinamente, até chegarmos a capacidade total, e isso acontecerá no ano que
vem, de 5,6 mil litros de água por segundo. Desses, metade será para o DF e
metade para Goiás".
Gigante goiano
O Lago Corumbá, com 173 quilômetros quadrados, tem
capacidade para fornecer água para até 1,3 milhão de pessoas. Todo reservatório
está localizado dentro do território do Goiás. A decisão de que as águas
goianas seriam o futuro do abasteceriam hídrico o Distrito Federal veio no
começo dos anos 2000, durante governo de Joaquim Roriz (PMDB).
O projeto é de 2005, e as diversas paralisações
fizeram com que a entrega da captação continuasse a ser adiada, a passo que os
problemas hídricos do DF e de Goiás se agravassem. A última interrupção na obra
ocorreu há dois anos, em agosto de 2016, quando o Ministério Público Federal em
Goiás (MPF/GO) e a Controladoria-Geral da União questionaram, via Operação
Decantação, os valores superfaturados das bombas de captação da água. O parecer
do MPF/GO indicava sobrepreço de 388% e recomendava ao Ministério das Cidades
que suspendesse os repasses.
Com o estourar da crise hídrica de Brasília, o GDF
apertou o passo para entregar o projeto. As obras foram retomadas em setembro
de 2017, quando o Ministério das Cidades voltou a repassar os recursos para a
continuação da obra após um acordo assinado entre as empreiteiras envolvidas,
os órgãos de transparência e controle e a empresa que vendeu as bombas. Por
fim, o preço dos equipamentos foi reduzido para menos da metade: de R$ 34,9
milhões para R$ 15,4 milhões.
O Lago de Corumbá é três vezes maior que o Paranoá.
O reservatório goiano passa pelos municípios de Santo Antônio do Descoberto,
Alexânia, Abadiânia, Silvânia e Luziânia, onde é barrado por uma parede de
concreto com 76 metros de altura e 1.290 metros de extensão.
Além de gerar energia elétrica para mais de 2
milhões de pessoas e ser o futuro hídrico de dois estados, segundo o Plano de
Uso da água, Corumbá deve ser usado também para lazer, pesca, navegação,
turismo, irrigação e dessedentação de animais.
(*) Pedro Grigori – Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press –
Blog – Correio Braziliense