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ENTREVISTA: Rodrigo Rollemberg

Como está o andamento das obras de Corumbá IV?
Em torno de 80% concluídas. As obras civis estão bastante adiantadas. As bombas para retirar a água do lago já foram compradas, e serão instaladas em breve. Estamos fazendo uma intervenção na rede elétrica para garantir o abastecimento de energia. Estamos dentro do prazo, e a previsão é que até o final de dezembro o sistema comece a funcionar.

O que significa para a população brasiliense ter Corumbá IV em pleno funcionamento?
Significa um legado deixado para as futuras gerações. Vamos garantir 5,6 mil litros de água por segundo, metade para o DF e metade para Luziânia, Cidade Ocidental, Valparaíso e Novo Gama. O que vai significar segurança de abastecimento de água por pelo menos mais 20 anos.

O Lago Corumbá está todo inserido em território goiano. Com isso, a fiscalização para 
impedir a grilagem e ocupação irregular ficará apenas no poder do estado de Goiás. Tendo em vista as consequências da falta de fiscalização no Descoberto, o que o GDF pretende fazer para garantir que o legado de Corumbá IV não seja interrompido? 
A responsabilidade de cuidar do entorno do lago ficará com o estado de Goiás. Nosso papel será garantir que o método de tratamento de água seja o mais moderno do mundo, para garantir água com excelência de qualidade para Brasília e o Entorno Sul.

Foram anos de impasses que atrasaram a conclusão de Corumbá IV. O que garante que não haverá mais entraves até a entrega da obra? 
Os impasses foram resolvidos quando chegamos ao governo. Até então, a obra sequer tinha começado no DF, havíamos feito apenas a terraplanagem. Apesar de toda dificuldade financeira, nós entendemos a questão estratégica do abastecimento de água no Distrito Federal, e reservamos recursos do nosso primeiro financiamento do Banco do Brasil para investir em Corumbá IV. Da parte do DF nunca faltou recursos, tanto que uma obra dessa magnitude, com custo de R$ 550 milhões, divididos entre DF e Goiás, será entregue e deixará um legado para as futuras gerações.

Quais foram os principais desafios e dificuldades que o seu governo enfrentou nos dois 
anos de crise hídrica? 
Foi importante tomar decisões corajosas e a partir do ponto de vista absolutamente técnico. Tivemos uma participação muito importante da população, que mudou os hábitos, e dos produtos rurais, que modificaram os métodos de irrigação, os tornando mais eficazes e eficientes. Tivemos também as obras de captação e de transposição das águas. Fui aconselhado por muitos políticos para acabar com o racionamento desde o começo do ano. Eles me falavam que isso melhoraria a minha popularidade. Mas sempre afirmei que só terminaríamos o racionamento quando tivéssemos segurança para chegar ao próximo período de chuva com água suficiente para garantir o abastecimento da população com tranquilidade e segurança.

Rollemberg (C) durante inspeção das obras:Um legado deixado para as futuras gerações. Vamos garantir 5,6 mil litros de água por segundo
Com 80% das obras finalizadas, a previsão é de que até o fim de dezembro os problemas de abastecimento de água no Distrito Federal estejam resolvidos. Esse é o principal empreendimento de captação em execução no Brasil. O valor chega a R$ 550 milhões

*Por Pedro Grigori

Pouco mais de um mês após o fim do racionamento no Distrito Federal, a obra de Corumbá IV chega à reta final. Em menos de seis meses, virá de Goiás a água definida pelo GDF como a solução para os problemas hídricos de Brasília por pelo menos duas décadas. O projeto está 80% pronto. O prazo é que até o fim de dezembro deste ano os recursos do reservatório goiano cheguem às quatro bombas de 9 metros de comprimento que serão instaladas na elevatória de captação de água bruta, em Luziânia. A partir daí, o recurso percorrerá 28km em canos até alcançar a estação de tratamento em Valparaíso de Goiás, onde, após purificado, será bombeado para Santa Maria e Gama.

Para retirar a água de Corumbá, os governos do DF e de Goiás ergueram um verdadeiro edifício de concreto à beira do lago, em Luziânia. O prédio recebeu vistoria ontem do governador Rodrigo Rollemberg, e dos presidentes da Companhia Saneamento de Goiás (Saneago) e da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), estatais responsáveis pela obra. “Estamos dentro dos prazos. A obra trará um legado para as futuras gerações do DF, resolvendo por mais de duas décadas o problema de abastecimento de água da capital e da região do Entorno Sul”, garantiu Rollemberg.

Os números de Corumbá IV mostram a dimensão da obra. O investimento está estimado em R$ 550 milhões, é a principal obra de captação em execução no Brasil. A partir de dezembro, serão retirados 2,8 mil litros de água por segundo do reservatório, que ainda em 2019 deve subir para 5,6 mil l/s. Assim como o investimento, a captação também será dividida igualmente entre Goiás e DF.

Para se ter ideia do tamanho do volume de Corumbá IV, são retirados por segundo do Descoberto, principal reservatório do DF, 3,2 mil litros de água. O recurso do lago goiano, além de atender quatro municípios do Entorno do DF, chegará em dezembro a Santa Maria e Gama, regiões mais próximas do corpo d’água. Mas para o futuro, o GDF tem planos de levar os recursos também para Recanto das Emas, Taguatinga e até Ceilândia.

Capacidade
No governo de Joaquim Roriz, em 2000, veio a decisão de retirar do Lago Corumbá os recursos para abastecer o DF. O lago tem capacidade para fornecer água para até 1,3 milhão de pessoas, e a outorga da Agência Nacional das Águas permite retirada de até 8 mil l/s do manancial. Os problemas relacionados ao empreendimento vieram nos anos seguintes, com paralisações devido a denúncias de superfaturamento de equipamentos.

Em 2001, o Correio publicou estudo da organização ambientalista WWF com alerta de que, se não houvesse investimentos no combate ao crescimento desordenado e na produção de mais água, o DF sofreria com problemas de crise hídrica em 2016, o que se concluiu. O presidente da Caesb na época, Fernando Leite, afirmou que não havia motivos para pânico. “O abastecimento está garantido por mais 90 anos”, contou, condicionando a solução do problema à entrega de Corumbá IV. Na época, a previsão de entrega da obra era para 2003, com investimento de apenas R$ 250 milhões.

O presidente da Saneago, Jalles Fontoura, comentou os atrasos na entrega: “Essa obra foi uma aventura. Teve de tudo. Operação da Polícia Federal e investigações, mas houve também a superação, provando que não havia problemas. Gostaríamos de ter terminado a obra no ano passado, mas vamos entregá-la agora”, contou. Jalles afirmou que agora o trabalho das duas estatais está em harmonia. “As equipes técnicas estão muito entrosadas pelo mesmo objetivo: colocar água na torneira do Entorno e do DF”, afirmou. A Saneago é responsável pela elevatória que capta a água bruta, em Luziânia, enquanto a Caesb é responsável pela estação de tratamento e a tubulação que faz o transporte da água, em Valparaíso, e pela tubulação que transporta os recursos.

Compare
Lago de Corumbá 173 km²Lago Paranoá 48 km² 


(*) Pedro Grigori – Fotos: Ed Alves/CB/CD.A.Press – Correio Braziliense

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