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ELEIÇÃO » Disputa pela OAB-DF esquenta - "Calendário indefinido - Confira os advogados que pretendem disputar o cargo de presidente"


Chapas e pré-candidatos movimentam articulação para as eleições da Ordem dos Advogados

Escolha para o comando da Ordem dos Advogados no DF ocorre apenas na segunda quinzena de novembro, mas a articulação de chapas e pré-candidatos começou e movimenta os bastidores. Há, ao menos, quatro nomes no pleito

*Por Alexandre de Paula

Mesmo que as eleições para escolher o novo comando da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) só ocorra na segunda quinzena de novembro, a articulação política para a sucessão começou a esquentar. Nos bastidores, pré-candidatos e chapas costuram alianças, trocam críticas e tentam se viabilizar para a disputa.

Quatro nomes se afirmam como pré-candidatos à presidência. O atual secretário-geral da entidade, Jacques Veloso, é o escolhido pela situação. Do outro lado, Délio Lins e Silva Júnior, Max Telesca e Leonardo Loiola encabeçam chapas contrárias à atual gestão.

O grupo de situação conta com o apoio do atual presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, e do ex-presidente Ibaneis Rocha, um dos cotados para ser vice de Jofran Frejat, pelo MDB, na disputa pelo Palácio do Buriti. Costa Couto e Ibaneis apoiavam nomes diferentes e promoveram uma votação secreta no grupo para decidir quem encabeçaria a chapa.

O candidato de Juliano Costa Couto, Jacques Veloso, foi escolhido e Cleber Lopes (indicado de Ibaneis) será o  vice na chapa, caso o quadro estabelecido até agora continue inalterado. Os dois garantem que o grupo permanece unido em torno da decisão. “O Dr. Ibaneis foi muito feliz de sugerir esse processo democrático, que fez com que continuássemos juntos, independentemente do resultado da votação”, afirma Jacques Veloso. Segundo o tributarista, o restante da chapa será definido mais perto da eleição.

Cleber Lopes não descarta que possam ocorrer alterações na composição —  inclusive na posição de vice — até a inscrição da chapa, que precisa ser feita no máximo 30 dias antes da data da eleição (ainda a ser definida). “O grupo é soberano. Se resolverem tomar uma nova decisão para redimensionar cada posição, serei sempre obediente.”, ressalta.

Com a derrota de Cleber Lopes nas prévias, a atual vice-presidente da OAB-DF, Daniela Teixeira, rompeu com o grupo. Em nota nas redes sociais, ela escreveu que Juliano Costa Couto não teria condições morais para indicar um sucessor, pois foi denunciado por corrupção e obstrução da justiça na Operação Patmos (desdobramento da Lava-Jato). Ela também afirmou que Veloso não valoriza a participação feminina na Ordem.

Ao Correio, a advogada não quis falar sobre as críticas ao presidente da entidade “para preservar a instituição”, mas reforçou a defesa do aumento da participação feminina. “Me levantei, porque nenhuma chapa pode existir sem ser paritária. É fundamental a participação de mulheres nas eleições. Somos metade da OAB-DF, temos que ter representação. Uma disputa centrada nos homens não representa o quadro da OAB-DF”, defende. Ela diz não pretender, por enquanto, lançar candidatura própria e que só apoiará uma chapa que dê destaque às mulheres.

Jacques Veloso se diz surpreso com a decisão da advogada e afirma que dará espaço para mulheres em sua chapa. “Imaginava que, assim como os demais membros do grupo, ela acataria o resultado das urnas. Mas é inegável que as mulheres precisam ter grande representatividade e isso está sendo considerado ”, declara.

Oposição
Segundo colocado na eleição de 2015, o criminalista Délio Lins e Silva Júnior é um dos pré-candidatos contrários ao grupo de situação. Apoiado pelo ex-presidente Francisco Caputo, o advogado defende mudanças. “Chegamos à conclusão de que as promessas da atual gestão não se concretizaram”, afirma.

Com a escolha de Jacques Veloso para a chapa de situação, Délio fez uma petição em que pede que a OAB-DF tenha regras claras para evitar o uso da estrutura da instituição para a campanha e garantir que os candidatos tenham condições iguais na disputa. “Meu temor é que, com o secretário- geral e o adjunto como cabeças de uma chapa, eles lá dentro tenham a possibilidade de usar essa estrutura a seu favor”, aponta.

O presidente do Instituto de Popularização do Direito (Ipod), Max Telesca, está à frente de outro grupo de oposição. Eleconsidera que o momento é de crise para a advocacia e que a OAB-DF precisa enfrentar a situação. “Há um inchaço no mercado e a categoria precisa de melhores condições de trabalho, seja no campo das prerrogativas e direitos, seja no campo das questões materiais de trabalho”, acredita. Telesca diz também que a entidade precisa ser modernizada. “A OAB está atrasada tecnologicamente, com métodos administrativos arcaicos. Sem capacidade de dar uma solução rápida aos problemas.”

“Terceira via”
Pré-candidato, o criminalista Leonardo Loiola refuta os rótulos de oposição e de situação. Ele se coloca como candidato de “terceira via” e afirma que as três chapas representam apenas a alternância de poder entre grupos ligados aos ex-presidentes Ibaneis Rocha e Francisco Caputo. “Não me considero de uma chapa de oposição, porque a oposição não fez um trabalho efetivo nesse período. Nem sou da situação, que é omissa e deixou de atender os interesses da classe diversas vezes”, justifica.

Líder do movimento Advogado Baixo Clero, ele diz que a OAB-DF precisa dar mais atenção a advogados menos reconhecidos no meio. “Geralmente, só os grandes advogados, os que têm grandes escritórios e réus da Lava-Jato como clientes, têm atenção da OAB, enquanto os outros não recebem o devido prestígio”, critica Loiola.

Juliano Costa Couto desmente as denúncias contra ele. “Estou absolutamente tranquilo de que a denúncia será rejeitada”, afirmou. Ele garante que não haverá benefício aos candidatos da situação. “O exercício dos cargos será feito nos termos do estatuto da OAB-DF sem uso da máquina.” Costa Couto rebate as críticas sobre a não valorização dos advogados menos conhecidos e de que a OAB estaria atrasada tecnologicamente. “Nunca na história da OAB-DF houve a inserção de tantos jovens colegas nas comissões da Ordem, abertas de forma aberta e republicana. Virtualizamos todos os processos do Tribunal de Ética e do Conselho Pleno e renovamos mais de 150 computadores do parque de informática.”

Os pré-candidatos: Confira os advogados que pretendem disputar o cargo de presidente da OAB-DF neste ano:
Délio Lins e Silva Jr.
O criminalista foi o segundo colocado na eleição de 2015, em que Juliano Costa Couto foi eleito. Délio já defendeu nomes de destaque na política nacional, como o ex-deputado federal Eduardo Cunha. O advogado conta com o apoio do ex-presidente da OAB-DF Francisco Caputo.
Jacques Veloso
Candidato da situação, o tributarista é o atual secretário-geral da entidade. Tem, até agora, o apoio do presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, e do ex-presidente Ibaneis Rocha, além de nomes como Severino Cajazeiras, Antonio Alves e Ricardo Peres. O vice será o atual secretário-geral adjunto, o criminalista Cleber Lopes.
Leonardo Loiola Cavalcanti
Assessor em processos legislativos na Câmara dos Deputados, o criminalista se coloca como contrário aos grupos de oposição e de situação e destaca não ter “padrinhos”. Ele é um dos fundadores do movimento Advogado Baixo Clero, que reivindica atenção da OAB/DF para profissionais ainda sem muito reconhecimento.
Max Telesca
Presidente do Instituto de Popularização do Direito (Ipod), o advogado foi candidato a vice-presidente na chapa do hoje pré-candidato ao Senado Paulo Roque nas últimas eleições. Telesca aponta como alguns dos apoiadores os advogados João Maria de Oliveira Souza, André Amaral, Felipe Zanchet Magalhães e Marcelo Reis de Oliveira.

Calendário indefinido
As eleições para o comando da OAB-DF ocorrem na segunda quinzena de novembro. Segundo a entidade, a data exata ainda não foi definida. O edital, com as informações do cronograma eleitoral, tem de ser publicado com no mínimo 45 dias de antecedência da data da votação, de acordo com o regulamento geral da OAB. O prazo final para registro das chapas é até 30 dias antes da eleição. As chapas completas devem atender ao percentual mínimo de 30% para candidaturas de cada sexo.

(*)  Alexandre de Paula – Fotos: Paulo H. Carvalho/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


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