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Espaços alternativos. Arte e diversão sem burocracia - "Aos mais desatentos, a fachada do local pode esconder o que o acontece atrás do portão."


Espaços alternativos. Arte e diversão sem burocracia

*Por Beatriz Castilho

Aos mais desatentos, a fachada do local pode esconder o que o acontece atrás do portão. A boa notícia é que a casa está de portas abertas àqueles que tiverem interesse em entrar. Apesar das paredes de concreto, o ambiente é versátil. De cinema a galeria de arte, a Urbanos Observatório abraça experiências que chega, sempre com boas-vindas para a coletividade.

A pouco mais de 1 km da Estação Feira do Metrô-DF, esse discreto espaço cultural não tem cartazes ou placas, mesclando-se à arquitetura dominante na quadra 13 do Guará II. Na garagem, nada de carros estacionados: uma mesa de jantar e um sofá antigo fazem as honras. Responsáveis pelo local, Expedito Veloso e Helio Gazu fazem questão de pontuar: “Estamos adiante das decisões, mas não é uma coisa verticalizada, é algo orgânico e horizontal”.

A fala define bem o funcionamento do ambiente. O imóvel é de Expedito, economista aposentado que o adquiriu em 2011 e, sem intenção de utilizar o espaço como residência principal, viu ali uma oportunidade de mudança. Foi então que decidiu transformar a casa no que ela é hoje. “A ideia de você desapegar de um ambiente privado, em uma área privilegiada, para fazer isso [espaço cultural], é algo fenomenal”, exalta Gazu.
Espaço para todos

Tudo aconteceu há um ano e meio. O objetivo era simples: movimentar a cena cultural local, considerada elitizada pelos dois empreendedores. “Vimos que existia uma demanda reprimida na cidade sobre o uso do espaço público, que é muito confuso e burocrático”, avalia Gazu. Assim os dois lançaram um ambiente acessível à população.

A utilização do espaço Urbanos se dá na base do escambo, intitulada pela dupla como moeda social. Quem tiver interesse em promover um evento no local só precisa acertar, com a dupla, uma troca de favores e experiências. “Quer fazer uma exposição? Deixe algum quadro, limpe o local, corte grama”, sugere Gazu.

Além da lembranças adquiridas, os administradores arrecadam contribuições espontâneas. “Recebemos doações de literatura, de história, um acervo bem bacana que estamos organizando”, conta o músico.

A coleção de filmes é a mais completa, contando com mais de 3 mil exemplares. “Ganhei de um amigo que faleceu e que vinha comprando filmes durante a vida inteira”, relata Expedito. A meta, agora, é montar um cineclube. Recentemente, o grupo ganhou um projetor e planeja, até o fim do mês, lançar o programa.

A meta é abrigar o cineclube no cômodo central. “Era uma sala e um quarto e, depois das reformas, virou uma espécie de galeria, que foi ampliada.”Agora conseguimos colocar umas 30, 40 pessoas aqui.”

“Queremos quebrar os paradigmas em relação a essas cidades”. Helio Gazu (à esquerda, ao lado de Expedito Veloso, coautor do espaço cultural) / Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília
“Alem do preto-e-branco”

Mais que eventos culturais, o Urbanos Observatório abraça pautas sociais, com saraus, mesas-redondas e encontros, reunindo grupos de toda natureza, com simpatia pela diversidade.

“É um espaço de resistência que busca aglutinar pessoas que pensam além do preto e branco, além de posições conservadoras”, define Expedito.

“Nós começamos a ofertar e democratizar o espaço que é ofertado”, diz Gazu. “A galera tem saído do Plano Piloto e vindo para o Guará porque descobriu que tem uma movimentação pulsante aqui. Assim, queremos quebrar os paradigmas em relação a essas cidades”.

Quem quiser conhecer um pouco desse trabalho tem hoje uma boa chance: um um minifestival de curtas-metragens, das 14h às 18h, com classificação livre e entrada franca. A casa fica na QE 13, Conjunto J, Casa 13, Guará II.


(*) Beatriz Castilho: Fotos:  João Stangherlin - Jornal de Brasília




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