Crise com várias causas
A crise no grupo de Jofran Frejat pode provocar
o fim da candidatura do político que lidera as pesquisas no Distrito Federal.
Há tempos, há apostas de que o ex-secretário de Saúde, pelo temperamento, teria
dificuldades de seguir com a campanha. Frejat não aceita interferências, o que
afasta os possíveis parceiros de chapa, nem segue as orientações políticas dos
aliados. Tudo isso somado à falta de dinheiro. Pela Lei Eleitoral, apenas
depois de 16 de agosto os recursos dos fundos partidário e especial de
financiamento de campanha são repassados. Da mesma forma, apenas com o início
da campanha serão liberadas as contribuições de colaboradores. Por isso, tem
sido difícil avançar. A formação das chapas para candidatos proporcionais
também tem provocado embates na base. Ninguém sabe agora o quanto a atitude de
Frejat pode desestabilizar ainda mais a campanha e provocar desembarques de
políticos para outras chapas.
Reação na base arrudista
Reação na base arrudista
Todo o grupo político de José Roberto
Arruda está chateado com a atitude de Jofran Frejat (PR), de anunciar possível
desistência e deixar subentendido que o motivo seriam interferências do
ex-governador. Há uma pressão grande para que Arruda não apoie mais Frejat,
caso ele dê outro cavalo de pau e reassuma a candidatura ao Buriti.
Quando a união faz a força
O ex-governador José Roberto Arruda
pode apoiar outro candidato. Entre os concorrentes que se apresentam no páreo,
vários tiveram relação política com ele e até participaram de seu governo. É o
caso de Eliana Pedrosa (Pros), Izalci Lucas (PSDB), Alírio Neto (PTB), Peniel
Pacheco (PDT), Alberto Fraga (DEM), Paulo Octávio (PP) e Joe Valle (PDT). A
vários interlocutores, Arruda disse acreditar que qualquer um desses ganharia a
eleição se todo o grupo estiver unido.
Costura nacional para aliança entre PR
e PSDB
Coordenador da campanha de Geraldo
Alckmin, o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), participou de um
jantar na casa de José Roberto Arruda (PR), há 10 dias, com a presença do
dirigente do PR Valdemar Costa Neto. O assunto era uma possível aliança
nacional entre PR e PSDB, com repercussão local. Jofran Frejat (PR) esteve no
encontro. A aposta foi de que, no âmbito do DF, a coligação seria possível.
Começou ali a articulação para que o deputado Izalci Lucas (PSDB) desistisse da
candidatura ao governo, para ser vice de Frejat.
Vice
Vice
Um dos motivos da crise é a possível
escolha de Ibaneis Rocha como vice de Jofran Frejat, por indicação de Tadeu
Filippelli.
Recado claro
Se Jofran Frejat (PR) mantiver a
candidatura ao Palácio do Buriti, uma coisa estará clara. Ninguém negocia nada
em seu nome. Nenhum acordo sem o seu aval vale. Quem acreditar em
interlocutores pode se dar mal.
Estilo Jânio Quadros
Muita gente comparou o gesto de Jofran
Frejat, na ameaça de desistir da candidatura, ao gesto de Jânio Quadros quando
renunciou ao mandato de presidente da República em 1961. Ele espera um
movimento favorável à sua permanência no cargo, como forma de conquistar mais
poder. Itamar Franco também tinha arroubos semelhantes. Mas, em tempos de redes
sociais, esse tipo de atitude causa muito mais repercussão.
Consequência
A solidariedade de Rodrigo Rollemberg
(PSB) a Jofran Frejat (PR) despertou avaliações. Muito difícil ocorrer de forma
explícita, mas o ex-secretário de Saúde pode, a depender dos desdobramentos,
ajudar na reeleição do atual governador.
Reviravoltas
Esta é a terceira eleição seguida em
que Jofran Frejat se envolve numa reviravolta na campanha. Nem sempre por sua
causa. Em 2010, ele era vice de Joaquim Roriz quando o ex-governador foi
barrado pela Lei da Ficha Limpa e foi substituído na chapa pela mulher, Weslian
Roriz. Em 2014, Frejat era o vice na chapa de José Roberto Arruda, também
impedido por inelegibilidade, e acabou substituindo o ex-governador, tendo
Flávia Arruda como o segundo nome na chapa. Agora, Frejat cogita desistir e não
apoiar ninguém.
Aquele abraço
O deputado Chico Leite (Rede) fez
aniversário na última quinta-feira com uma comemoração na AABB. Reuniu amigos e
apoiadores de sua campanha ao Senado. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) foi
dar um abraço.
As opções da Rede
A Rede vai se reunir amanhã para
deliberar sobre qual caminho seguir nas eleições. Hoje a legenda de Marina
Silva tem três opções no DF: lançar Chico Leite ao GDF, coisa que ele não quer,
apoiar a candidatura de Peniel Pacheco (PDT) ou abraçar o projeto de reeleição
de Rollemberg.
Por Ana Maria Campos – Coluna “Eixo
Capital” – Correio Braziliense