Denise Griesinger - Agência Brasil
O horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio começa na próxima
sexta-feira. Os políticos que disputam o Palácio do Buriti e suas equipes
concebem a estratégia com o objetivo de explorar esse espaço e se organizam
para apresentar as propostas
*Por Helena Mader
Gravações em estúdio, imagens de campanha nas ruas, candidatos em meio
aos eleitores, cenas familiares e depoimentos de aliados: vale tudo para
turbinar a propaganda na televisão. A transmissão dos programas eleitorais
começa na próxima sexta-feira e as equipes se preparam para a exibição. Apesar
de alguns políticos questionarem a importância da TV em tempos de redes
sociais, a maioria dos candidatos e dos especialistas aposta nessa exposição
para conquistar o eleitorado — especialmente diante das restrições orçamentárias
das campanhas.
A estratégia para a estreia na televisão é mantida em segredo pelos
marqueteiros e a maioria dos candidatos só vai finalizar o programa que vai ao
ar na sexta-feira na véspera da transmissão das inserções. A meta é evitar
vazamentos e causar surpresa na primeira apresentação aos eleitores. Mas
equipes das campanhas adiantaram à reportagem alguns pontos que serão
explorados pelos candidatos ao Buriti.
O deputado federal Alberto Fraga, do DEM, é o político com maior tempo
de televisão. Ele terá 1 minuto e 50 segundos para apresentar propostas ou
responder a críticas de adversários. Nos programas, vai exibir realizações como
secretário de Transporte — ele comandou a pasta durante o governo de José
Roberto Arruda. “Tenho muitas realizações e quero mostrar isso aos eleitores,
falar da minha experiência no Executivo. O espaço na TV ainda é preponderante
nas eleições. Espero que os outros candidatos apresentem propostas, porque de
promessa o povo já está cansado”, conta Fraga. Ele gravou vídeos ao lado do
ex-secretário de Saúde Jofran Frejat. O material já está sendo disseminado
entre os eleitores, mas deve ser usado novamente na propaganda da televisão.
“Ele é um excelente cabo eleitoral”, comenta Fraga.
Candidato do MDB ao Buriti, o advogado Ibaneis Rocha considerou o tempo
de 1 minuto e 44 segundos de propaganda eleitoral na tevê e no rádio “razoável
para a exposição de ideias”. A gravação do primeiro programa ocorreu na casa do
emedebista. “Temos que tirar um pouco da plástica do material de campanha. Nos
dois ou três primeiros momentos, pretendo me apresentar, mostrando de onde sou,
quais trabalhos desenvolvi. Nos próximos, vou mostrar minhas propostas.
Enquanto os outros candidatos precisarão se justificar, dedicarei o tempo
apenas ao detalhamento das propostas”, disse.
Rogério Rosso, do PSD, terá 1 minuto e 38 segundos para apresentar
projetos de melhoria para o Distrito Federal. A equipe do deputado federal
licenciado faz mistério com relação ao programa de estreia, na semana que vem.
“Estamos fazendo pesquisas qualitativas, analisando o cenário, para definir
essa estratégia. O fato é que as pessoas estão muito desinteressadas e vamos
precisar driblar esse pessimismo dos eleitores”, conta Arthur Bernardes,
vice-presidente do PSD-DF.
A coordenação da campanha do governador Rodrigo Rollemberg também evita
dar detalhes sobre como pretende explorar o espaço na televisão. “Nossa
estratégia geral é mostrar o que a gente fez e o muito que ainda faremos. O formato
ainda não foi definido”, explica Rollemberg, que terá 1 minuto e 14 segundos na
propaganda da televisão e do rádio.
O petista Júlio Miragaya terá 1 minuto e 10 segundos para enfrentar o
desafio de se tornar conhecido entre o eleitorado. Assim como tem feito na
campanha de rua, ele pretende divulgar muito a imagem do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. “Nos programas eleitorais, vamos falar muito sobre a
questão da deterioração do serviço público e sobre como isso afeta a vida das
pessoas, com ausência de médicos nos postos e nos hospitais, escolas degradadas
e delegacias fechadas. Vamos explicar ao público que nosso pacote de medidas
inicial de governo é oferecer um serviço público de qualidade”, conta Miragaya.
“Vamos ainda mostrar que o Lula é o candidato à Presidência que tem as melhores
propostas para o Brasil voltar a crescer com distribuição de renda”,
acrescenta.
A ex-deputada distrital Eliana Pedrosa (Pros) também faz mistério sobre
o enfoque do programa de televisão, que terá ao todo 49 segundos. A reportagem
apurou que a candidata vai estrear no horário eleitoral com um discurso sobre
família, reforçando a imagem de mulher e mãe. Ela deve gravar em casa, ao lado
dos netos. Segundo a assessoria de Eliana, a segunda-feira da candidata está
reservada para a produção dos primeiros programas.
Recall
Fátima de Sousa, do PSol, terá apenas 9 segundos, e pretende usar o
tempo para mostrar ao eleitorado sua experiência com ensino e gestão. “Um dos
principais objetivos da propaganda na televisão será despertar a curiosidade a
respeito da Fátima, para que as pessoas busquem mais informação sobre ela, já
que a Fátima não tem o recall dos outros candidatos”, explica Lincoln Macário,
coordenador de comunicação da campanha. “Vamos mostrá-la como alguém que,
apesar de não ter ocupado cargos eletivos, tem uma grande experiência com
gestão governamental, especialmente nas áreas de educação e saúde”, acrescenta
Lincoln. A candidata a vice da chapa, Keka Bagno, também aparecerá nos
programas. “Não temos uma vice decorativa, como muitos candidatos, mas alguém
extremamente capacitada.”
Paulo Chagas (PRP) terá 8 segundos. O general da reserva conta que a
equipe de campanha ainda não definiu a estratégia para a propaganda na TV, mas
a proximidade de Chagas com Jair Bolsonaro (PSL) será explorada. “Vou me
inspirar no Enéas para achar uma solução. Ele também tinha pouquíssimo tempo de
TV e, com apenas uma frase, se tornou conhecido”.
Alexandre Guerra (Novo), Renan Rosa (PCO) e Antônio Guillen (PSTU) terão
apenas quatro segundos. O candidato do Novo pretende juntar apoiadores
para a aparição no primeiro programa. Segundo a equipe de Guerra, a ideia é
mostrar a proposta do partido e chamar os espectadores para conhecer as
propostas nas redes sociais. Guillen reconhece as dificuldades de apresentar
propostas em tempo tão exíguo. “Não vamos ter tempo para falar muito, explicar
ideias ou apresentar frases de destaque. Vai ser tipo um bottom. Vamos usar
‘Antônio Guillen para governador’”, conta.
Tempo
A distribuição dos horários é feita de acordo com a legislação
eleitoral. A lei estabelece que os espaços devem ser repartidos entre os
partidos políticos e as coligações levando em conta os seguintes critérios: 90%
são divididos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos
Deputados e 10% são distribuídos igualitariamente entre todos.
O tempo de cada um
*Alberto Fraga (DEM): minuto e 50
segundos
*Ibaneis Rocha (MDB): 1 minuto e 44
segundos
*Rogério Rosso (PSD): 1 minuto e 38
segundos
*Rodrigo Rollemberg (PSB): 1 minuto e 14
segundos
*Júlio Miragaya (PT): 1 minuto e 10
segundos
*Eliana Pedrosa (Pros): 49 segundos
*Fátima Sousa (PSOL): 9 segundos
*Paulo Chagas (PRP): 8 segundos
*Alexandre Guerra (Novo): 4 segundos
*Renan Rosa (PCO): 4 segundos
*Antônio Guillen (PSTU): 4 segundos
Fique de olho
Os blocos de propaganda eleitoral dos candidatos ao GDF serão exibidos
às segundas, quartas e sextas-feiras. No rádio, a transmissão será as 7h16 às
7h25 e das 12h16 às 12h25. Na televisão, das 13h16 às 13h25 e das 20h46 às
20h55.
(*) Helena Mader – Correio Braziliense – Foto: Denise
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