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"Dispense o Canudinho" - A natureza vai agradecer

A natureza vai agradecer

*Por Jane Godoy 

Com uma certa frequência, gosto de caminhar pelo jardim de minha casa, sozinha e, olhando tudo e transmitindo mensagens “telepáticas” de carinho —  chego a conversar com as minhas orquídeas, com os mandacarus que, espinhentos e aparentemente agressivos, nos presenteiam com suas flores exóticas e tão apressadas. Se a gente não procura admirá-las a tempo, mesmo que de longe, elas se despedem da paisagem e de nossos olhos sedentos de sua beleza.

Em plena contemplação, parece que mergulho no túnel do tempo e, em poucos segundos, começa um pequeno e ligeiro filme de minha vida. Vejo-me zangando, autoritária, com as crianças que sacudiam as jabuticabeiras cheias de flores ou as escalavam sem respeitar os pequenos e tenros frutos, ainda verdes, daquelas jabuticabas tão docinhas e abundantes.

De lá para cá, nada disso mudou em mim, a não ser o campo de visão e a diversidade de obras da natureza que me comovem e despertam uma tremenda vontade de ajudar e defender.

Como os animais marinhos que, iludidos pela aparência do lixo que os humanos atiram nas águas dos rios e oceanos, os abocanham e com eles se engasgam e morrem, crentes que haviam descoberto um prato cheio, para saciar a fome.

Comecei, então, há tempos, com o grupo de 100 pessoas que formam o Mulheres de Brasília, uma campanha de conscientização, para que todas elas se recusem a usar os canudos de refrigerantes em restaurantes, bares, lanchonetes. Esses canudos, que não se decompõem em menos de 20 anos, obstruem as narinas dos peixes e tartarugas, causando-lhes um mal irreversível, se não forem descobertos pelos valorosos biólogos e veterinários.

Alguns garçons se espantam e nos observam, como se fôssemos meio malucas. Outros concordam e se dispõem a consultar os donos do estabelecimento sobre essa possibilidade de abolir esse tipo de canudo.

Que maravilha seria se todos, no mundo, interrompessem o uso dessas verdadeiras armas mortíferas, que poluem as águas (entre outras coisas) e matam os inocentes caçadores de sua própria sobrevivência.

Qual não foi a nossa alegria ao saber que, saindo na frente, os cearenses, criadores do famoso internacionalmente restaurante Coco Bambu, que hoje tem 30 filiais espalhadas pelo Brasil e Miami, não só aderiram ao movimento, como lançaram o próprio pôster (foto) e chamamento à adesão.

Interpelado sobre a campanha, Beto Pinheiro, um dos responsáveis pelas unidades de Brasília, respondeu, categórico: “Já assumimos e já trocamos os canudos!”

Uma alegria ouvir isso. Que sirva de exemplo para todos. A natureza, os animais marinhos e o futuro dos mares agradecem.

É assim que começa!!!


(*) Jane Godoy – Coluna 360 Graus – Correio Braziliense



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