Espaço
Cultural Renato Russo terá memorial da vida e obra do músico -Objetivo é que o
local, na 508 Sul, se torne um ponto de convivência dos admiradores do líder da
Legião Urbana
*Por Irlam Rocha Lima
O Memorial Renato Russo é uma das instalações do
reaberto espaço cultural que leva o nome do cantor, compositor e líder da
Legião Urbana, na 508 Sul. Localizado no mezanino da biblioteca, entre o térreo
e o primeiro andar, quando estiver em funcionamento, vai receber objetos e
material iconográfico que remetem à história do homenageado.
No momento, o local recebe obras para se tornar um
centro de convivência. A ideia é que o lugar venha a se transformar num ponto
de encontro de fãs do roqueiro que ajuda a colocar Brasília no mapa da música
popular brasileira. Por enquanto, na 508 Sul, existem apenas três itens que
permitem lembrar de Renato: uma fotografia, uma escultura com a assinatura do
artista plástico Fernando Carpaneda e a imagem do artista grafitada na
parede frontal do prédio.
Para o secretário de Cultura, Guilherme Reis, o fato
de o espaço cultural da 508 ter recebido o nome de Renato Russo deve ser visto
como a grande homenagem prestada ao artista que projetou a música de Brasília
no país. “Isso será reforçado com o advento do memorial, onde, além serem
expostos objetos que pertenceram a ele ou com os quais foi celebrado, vamos
instalar equipamentos de qualidade para que fãs e o brasiliense em geral possam
acessar audiovisuais com o registro da obra do artista. A licitação para a
compra desse material será lançada em breve.
Memória viva: Ainda de acordo com o
secretário, pessoas que , de alguma forma, tiveram relação com Renato ou com a
obra dele serão convidadas para gravar depoimentos e fazer palestras no
memorial. “Acredito que será uma outra forma de manter viva a memória dessa
figura icônica da cultura brasiliense e uma das expressões máximas do rock
nacional”.
Em visita ao Espaço Cultural Renato Russo, a
convite do Correio, Maria do Carmo Manfredini e Carmen Teresa, mãe e a irmã do
consagrado roqueiro, reviram as instalações e falaram sobre o que esperam desta
nova fase da instituição. “A reforma trouxe melhoramentos acentuados ao espaço
que poderá, a partir de agora, acolher e difundir diferentes manifestações
artísticas em suas dependências, elogia Dona Carminha.
Para ela, a instalação do Memorial Renato Russo é
um ganho a mais. “Acredito que, quando estiver funcionando, poderá receber, por
exemplo, jovens estudantes das muitas escolas do DF, que poderão ter acesso ao
legado do Júnior (Renato Russo). Dentro do possível, eu e Carmem Tereza vamos
dar nossa parcela de contribuição para a criação do memorial”.
Carmem Tereza revela que, quando morava em
Brasília, Renato frequentava bastante o Teatro Galpão. “Ali, antes do advento
da Legião Urbana, costumava assistir a apresentações de artistas por quem tinha
admiração, como o Udigrudi (grupo de teatro experimental), o Liga Tripa, a
dançarina Leo Coimbra (que, para muitas, foi fonte de inspiração para criação
de Mônica, personagem da canção clássica Eduardo e Mônica).
“Eu me recordo de ter assistido a um show caótico
do Aborto Elétrico no Galpão, em meio a evento maior, o Último rango, produzido
pelo ator J.Pingo, do qual tomaram parte artistas da cidade ligados ao teatro,
à dança, à música e à performance. Chamava a atenção também panelões de sopa,
servida aos participantes e ao público. Quando íamos nos servir, alguém chegou
para nós e disse para não comermos, pois um punk havia jogado o boot (botina)
dentro de uma das panelas”, lembra Carmem Teresa. Para ela, histórias como essa
poderão ser contadas no Memorial Renato Russo, sobre o qual fala com
entusiasmo.
Carmem Manfredini (irmã) e Carminha Manfredini, mãe de Renato Russo.(foto:
Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Tanto o memorial quanto outras instalações do
espaço cultural — teatros Galpão e de Bolso, Sala Marco Antônio Guimarães,
galerias Parangolé, Rubem Valentim, e Ethel Dornas, musiteca, gibiteca, sala
multiuso, Galpão das Artes e Praça Central — vão ter gestão compartilhada. “Com
base na Lei Orgânica de Cultura, recém-promulgada, foi feito um edital de
chamamento público para firmar parceria com uma organização da sociedade civil.
Está na fase final de contratação do vencedor, o Instituto Bem Cultural, que
irá trabalhar em conjunto com a Secretaria de Cultura, na gestão do Espaço
Cultural Renato Russo”, explica Johanne Madsen, diretora da entidade.
Lembranças do roqueiro que ajudam a fazer de Brasília a capital do rock(foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Em função disso, no próximo mês serão lançados
editais de ocupação dos equipamentos do espaço cultural; assim como da
realização de oficinas das diversas linguagens artísticas. Vice-presidente do
Bem Cultural, Leonardo Hernandes conta que reuniões de trabalho vêm sendo
realizadas para definição das prioridades. Em relação ao memorial Renato Russo,
ele diz que a ideia e fazer dele um espaço vivo, “onde os apreciadores do do
rock brasileiro possam compartilhar do precioso legado deixado por Renato”.
(*) Irlam Rocha Lima – Fotos: Rodrigo
Nunes/CB/D.A.Press - Ana Rayssa/Esp. CB/D.A
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