Eixão Sul: GDF
quer viaduto pronto até o fim do ano - Apesar da pretensão, obra pode
levar até cinco meses. A partir da ordem de serviço, empresa tem dez dias para
montar canteiro.
* Por Manuela
Rolim
As obras de reconstrução de parte do viaduto da Galeria dos Estados, no
Eixão Sul, que desabou em fevereiro deste ano, vão ficar prontas em, no máximo,
cinco meses. É o que garante o Governo de Brasília. Durante coletiva de
imprensa, ontem, no Palácio do Buriti, o diretor-geral do Departamento de
Estradas de Rodagem (DER-DF), Márcio Buzar, afirmou ainda que o GDF espera
surpreender a população e entregar o viaduto até o fim do ano, ou seja, antes
da previsão oficial.
“Para agilizar o processo, vamos apostar em uma
escala de trabalho diurna e noturna. Com isso, acreditamos que a reforma será
mais rápida do que o normal. Vamos batalhar para isso”, destacou Buzar.
Segundo ele, a licitação já foi homologada e a
ordem de serviço será expedida nesta semana. “A partir daí, a empresa tem dez
dias para montar o canteiro de obras e dar início à recuperação estrutural do
viaduto”, completou o diretor do DER.
Licitação
Orçada em R$ 10,9 milhões depois de um deságio de
16%, o que elevaria o custo para R$ 12,9 milhões, a reconstrução ficará sob
responsabilidade da empreiteira Via Engenharia, que venceu a licitação em
agosto. A empresa concorreu com cinco companhias e foi a que ofereceu o menor
preço. A modalidade escolhida pelo governo foi pregão presencial.
“A vantagem dessa modalidade é a agilidade no
processo. Basta comparar com a licitação da galeria, por exemplo, que é
modalidade concorrência e ainda não foi concluída. Embora a Justiça tenha nos
dado a chance de fazer a dispensa de licitação, fizemos um chamamento público.
Já que a empresa cumpriu todos os requisitos técnicos e administrativos, não vimos
qualquer problema que impedisse a empresa de participar da obra”, acrescentou o
gestor do DER.
O cronograma prevê, inicialmente, uma reforma
estrutural. “Os pilares e os blocos de fundações serão reconstruídos nos sete
apoios existentes e ganharão reforço. Outra parte da edificação será
recuperada. É o caso das lajes, por exemplo”, explicou Buzar.
De acordo com ele, todo o viaduto tem 194 metros.
A estrutura é maior do que a Ponte do Bragueto, na entrada do Lago Norte, que
tem 180. “O trecho que desabou tinha 22 metros. Ele será refeito em sua
totalidade”, reafirmou o diretor.
Desabamento danificou restaurante e carros, mas não houve
mortes. Foto: Myke Sena - Área está isolada com tapumes desde o início do
ano, mas a obra de reconstrução, de fato, ainda não começou - João
Stangherlin/Cedoc/Jornal de Brasília
Chuvas
não serão empecilho
Márcio Buzar garantiu ainda que a chegada do
período de chuvas não vai atrapalhar o andamento da reforma. “A chuva tem
impacto direto nas obras de terraplanagem porque se faz necessário um tempo
para o material secar, mas não é o caso. Para a reconstrução do viaduto,
usaremos basicamente concreto. As chuvas não vão impactar no andamento da
obra”, declarou o diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF).
Segundo o dirigente, depois de concluído, o
viaduto terá durabilidade de 30 anos ou mais. “Vamos reforçar a segurança com a
ampliação dos pilares para que não haja nenhuma chance de outra ruína. Se eles
(pilares) fossem maiores, a estrutura não teria desabado”, disse. Buzar
ressaltou, porém, a necessidade de manutenção.
“O governo já mandou um projeto permanente de
recuperação e manutenção das vias para a Câmara Legislativa. Estamos
finalizando um grande estudo sobre o assunto. Já listamos 400 viadutos e
colocamos um edital para a recuperação de 56 passarelas”, completou.
Buzar destacou ainda outros projetos de
recuperação. “A Novacap já publicou o edital para a reforma na Ponte JK. O
edital para a Galeria dos Estados também está em andamento. O governo tem
trabalhado muito nesse aspecto, infelizmente, o recurso não é o esperado. Por
isso, optamos pelas prioridades”, concluiu.
Reforma da Galeria ainda leva tempo
A reforma na região da Galeria dos Estados é
ainda mais ampla. Durante a entrevista, o presidente da Companhia Urbanizadora
da Nova Capital do Brasil (Novacap), Julio Menegotto, declarou que também está
em andamento o processo licitatório para a obra que prevê reforçar a estrutura
do local, bem como a construção de elevadores, escadas rolantes e toda a parte
de acessibilidade.
“Temos seis empresas interessadas na obra, sendo que quatro não foram habilitadas. Portanto, atualmente, estamos aguardando os recursos. Assim que isso sair, a previsão é de que a obra, que terá duração de um ano, seja iniciada em 20, 30 dias”, afirmou.
Enquanto a reforma não sai do papel, Menegotto
garantiu que o local não oferece riscos aos pedestres. “A galeria está em boas
condições. Fazemos o monitoramento da passagem”, acrescentou. Segundo ele,
durante a obra, o acesso da população será permitido. “Fizemos várias reuniões
com os comerciantes. A ideia é que a obra avance sem a interdição da passagem
de pedestres”, destacou o presidente da Novacap.
A reconstrução do viaduto e a reforma na Galeria
dos Estados, no entanto, não resolve a questão dos comerciantes prejudicados
pelo desabamento. Proprietário do restaurante Nosso Lar, Luiz Carlos Moroni,
por exemplo, segue instalado em um espaço muito menor na Rodoviária do Plano
Piloto. O estabelecimento dele tinha aproximadamente 700 metros quadrados.
Agora, ocupa pouco mais de 37 m².
“Eu perdi quase tudo, só consegui recuperar
alguns móveis. Desde que o viaduto desabou, estou na rodoviária, mas ainda não
é nada definitivo. A realidade é que nós, comerciantes, não sabemos para onde
vamos. Só sabemos que não voltaremos para a galeria. Meu faturamento despencou.
Aceitei vir para a rodoviária porque precisava sobreviver”, afirmou o
comerciante, que aguarda uma audiência de conciliação com o governo desde
abril, por intermédio da Justiça.
Memória
O trecho de 22 metros do viaduto da Galeria dos
Estados, no Eixão Sul, desabou na manhã do dia 6 de fevereiro deste ano, a
menos de 1 km da Rodoviária do Plano Piloto. A estrutura cedeu e esmagou quatro
carros, além de danificar um restaurante. Apesar da gravidade do acidente, não
houve feridos. O desabamento alterou o trânsito. Às pressas, o DER teve de
construir duas pequenas pistas para desafogar o tráfego na região dos setores
Comercial e Bancário Sul.
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