O governador do Distrito Federal, Rodrigo
Rollemberg (PSB), candidato à reeleição, foi o entrevistado de ontem do
programa CB.Poder — uma parceria do Correio com a TV Brasília.
O socialista
criticou os oponentes, afirmando que as propostas de reajuste salarial
apresentadas são “demagógicas”. O atual chefe do Buriti também defendeu o
formato do Instituto Hospital de Base, admitiu que a Saúde Pública do DF ainda
está longe do que a população merece, mas ressaltou melhorias e afirmou que
“não se transforma a saúde em quatro anos”. Confira alguns trechos da
entrevista, parte da série que o CB.Poder faz com todos os candidatos ao GDF.
Vários
candidatos têm prometido que vão conceder o reajuste aos servidores logo no
início de um eventual mandato. O senhor disse que essa é uma promessa
demagógica e que os primeiros quatro anos foram para arrumar a casa. Mesmo
assim, mantém o discurso de que não será possível dar esse reajuste?
Da forma como estão prometendo esses
aumentos, é demagógica, mentirosa e impossível. Quando um candidato diz que, no
primeiro dia, vai dar a paridade da Polícia Civil, que daria o mesmo aumento
para a Polícia Militar e mais 32 categorias profissionais, estamos falando de
um valor de R$ 4 bilhões por ano, R$ 16 bilhões em quatro anos. O Estado não
comporta isso, antes de maio os servidores já estariam com os salários
atrasados. Nós vamos sim fazer uma recomposição salarial, isso está prevista da
LDO (Lei de diretrizes orçamentárias). Nós colocamos a casa em ordem. Já
começamos a perceber uma recuperação da economia no Distrito Federal, que vai
nos permitir garantir ao longo do mandato, já no primeiro ano, alguma
recomposição salarial para os servidores.
Mas essa recomposição inclui também a
paridade da Polícia Civil?
Nós vamos analisar e, se não
comprometer o equilíbrio das contas públicas e a possibilidade de conceder
aumentos também a outras categorias, nós daremos. Mas não podemos privilegiar
uma categoria profissional em detrimento de outras. As categorias da educação
são muito importantes, nós temos mais de 30 mil servidores da Educação. Temos
outras categorias da área da área segurança pública, como a Polícia Militar e o
Corpo de Bombeiros, e eu defendo que o mesmo aumento dado a uma força de
segurança seja dado às demais.
No debate do Correio Braziliense, um
dos momentos mais quentes foi uma discussão entre o senhor e o candidato
Rogério Rosso (PSD) a respeito dos aumentos salariais. Ele questiona os
números, diz que não seriam necessários R$ 4 bilhões, que o valor é menor, e
que é possível sim garantir esse reajuste.
Como o senhor analisa essa questão
dos números?
O candidato deve vir a público e
mostrar de onde virão esses recursos para pagar esses aumentos todos já no
primeiro mês do governo, como ele tem dito. Eu fiz um convite a ele, que
consultasse o senador Cristovam, que é um economista, para que viesse a público
defender essa proposta do Rogério Rosso de dar aumento a todas as categorias
com impacto de R$ 4 bilhões. A população está cansada de demagogia e mentira.
Foi a corrupção e a irresponsabilidade que colocaram o Brasil e Brasília na situação
em que estamos vivendo. Hoje é muito fácil, todos os sindicatos têm economistas
e pessoas que podem ir aos portais da transparência, podem ver os números para
perceber que é impossível dizer que, em um estado em que você já tem 77% do
orçamento comprometido com pagamento de pessoal, vai colocar R$ 4 bilhões por
ano para pagar servidores. É importante que a população saiba quanto isso custa
e o que é possível fazer. Tem candidato que diz que vai reduzir os impostos e
dar todos os aumentos. Só se tiver o secretário de Fazenda como Papai Noel ou
mágico de Oz. Nós não estamos aqui para mentir para a população, estamos aqui
para dialogar com franqueza, reconhecendo nossas falhas, mas também com muita
tranquilidade em dizer que nós arrumamos a casa, nós tomamos medidas duras,
remédios amargos que foram necessários, mas que permitiram que Brasília esteja
hoje em uma situação muito melhor que a maioria das unidades da Federação.
A que atribui o fato de a população
reclamar tanto da saúde e as pesquisas mostrarem que sua rejeição beira 70%.
Porque esse índice não baixa a cada pesquisa?
Porque não se transforma a saúde em
quatro anos. O candidato demagogo que está dizendo que vão despachar do
hospital, que vai trabalhar no hospital, me lembra o governador passado. O
Agnelo disse que ia ser o secretário da Saúde e que, em seis meses, ia resolver
o problema da saúde, e está aí o resultado. O problema da saúde é muito mais
complexo, exige um conjunto de enfrentamentos que nós estamos fazendo. Eu quero
reconhecer para a população que a saúde está longe de ser o que você merece e o
que você precisa. Mas, quando assumimos o governo, nós tínhamos 28% de
cobertura do Saúde da Família no DF, hoje, temos 66%.
E o modelo do Instituto Hospital de
Base, vocês vão levar para outras cidades?
Sim, vamos levar o modelo para outros
hospitais, para o Hmib (Hospital Materno Infantil de Brasília) em primeiro
lugar, para os hospitais regionais de Taguatinga, Ceilândia, Gama e outros. Nós
temos uma pesquisa de satisfação feita com os servidores no mês de junho em
relação ao Hospital de Base que mostra a aprovação ao formato do Instituto.
Para os servidores que têm compromisso com a saúde, está sendo muito melhor
trabalhar no Hospital de Base, porque lá não falta insumo, não falta
medicamento. Ele pode, com muito mais tranquilidade, exercer a sua vocação de
servir aos outros em um hospital de qualidade. E o servidor não perdeu
absolutamente nada, e não vai perder com a implantação em outros hospitais.
Hoje, o Instituto Hospital de Base está comprando medicamento em 40 dias, a
rede tradicional compra com oito meses. São vários benefícios para a população.
CB.Poder - Foto:
Ana Rayssa/CB/D.A.Press - Correio Braziliense com TV Brasília
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ELEIÇÕES 2018