Martha Rocha: condenada por plantar provas para incriminar
inocentes - Delegada do caso 113 Sul é presa - Ela cumprirá pena de 16 anos pelos
crimes de fraude processual, falsidade ideológica, tortura e violação de sigilo
*Por Ana Maria
Campos
A Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal
cumpriu ontem mandado de prisão em regime fechado contra a ex-delegada Martha
Vargas, condenada em segunda instância a 16 anos de prisão pela má condução das
investigações de um caso, cometendo os crimes de fraude processual, falsidade
ideológica, tortura e violação de sigilo funcional durante a condução das
investigações de um triplo assassinato. Ocorrido em agosto de 2009, o crime
chocou o DF e ficou conhecido como “o assassinato da 113 Sul”.
Na última segunda-feira (15), o juiz Nelson
Ferreira Junior, da 6ª Vara Criminal de Brasília, ordenou o início da execução
da pena. O mandado de prisão foi expedido pela juíza da Vara de Execuções
Penais, Leila Cury, com base em entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF)
segundo o qual a pena deve ser executada a partir da condenação em segunda
instância.
De acordo com a denúncia dos promotores do Núcleo
de Investigação e Controle da Atividade Policial (NCAP), Martha Vargas plantou
provas para incriminar pessoas inocentes no caso, além de ter cometido outras
irregularidades graves durante o inquérito sobre a morte do ex-ministro do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villella, da mulher dele,
Maria Villela, e da funcionária do apartamento do Bloco C da 113 Sul, Francisca
Nascimento Silva. Eles foram mortos com 73 facadas.
Aposentadoria cassada
Em julho deste ano, Martha teve a aposentadoria
cassada depois de ser alvo de um processo administrativo disciplinar da Polícia
Civil do DF. Os motivos da cassação foram: transferência de responsabilidade da
investigação para pessoa fora da repartição, maltrato a preso ou uso
desnecessário de violência e abuso da condição de policial.
Nove anos depois
Os acontecimentos seguintes ao triplo assassinato
se sucederam de modo peculiar e cercados de erros por parte da Polícia Civil.
Houve provas plantadas, denúncias de tortura, conflitos internos na corporação,
suposto envolvimento da filha do casal e até a participação de uma vidente,
Rosa Maria, no caso. À época, ela procurou a Polícia Civil na intenção de
revelar onde estava uma prova do crime, a chave do imóvel invadido. Após a
apuração, a perícia constatou que a chave tinha sido plantada pela própria polícia.
Martha Vargas foi, então, afastada, e a investigação ficou a cargo da Delegacia
de Homicídios. Os três assassinos — Leonardo Campos Alves, Francisco Mairlon e
Paulo Cardoso Santana — estão presos na Papuda. Juntas, as penas somam 177
anos.
(*) Ana Maria
Campos - Foto: Elio Rizzo/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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JUSTIÇA