Cristovam não descarta apoio na disputa pelo GDF
Um dos políticos mais longevos da história do Distrito Federal, o
senador Cristovam Buarque (PPS) não conseguiu se reeleger. “Vou me dedicar a
escrever, dar aulas, palestras, e tentar influir no Congresso para aprovar 109
projetos que deixei pendentes”, conta. Ele vai procurar parlamentares dispostos
a apadrinhar propostas que considera prioritárias, como a federalização da educação
e o aperfeiçoamento da Lei Maria da Penha. Sobre um eventual apoio a um dos
candidatos ao governo, Cristovam não descarta se aliar nem a Ibaneis Rocha
(MDB), nem a Rodrigo Rollemberg (PSB). “Ninguém me procurou até agora. Mas, no
caso dos dois, eu topo analisar (um eventual apoio), se levarem adiante meus
projetos”, argumentou.
Sequência de fatores
Cristovam Buarque atribui a derrota a uma sequência de fatores. Ele
acredita que ter sido do PT e ter abandonado o partido contribuíram em igual
medida para o resultado. “Eu saí do PT há 13 anos e é impressionante como muita
gente ainda me vincula ao partido. Também me surpreendeu o ódio ao PT nesta
campanha”, conta o senador, que se arrepende de não ter explorado mais a marca
do PPS. “Por outro lado, os petistas se uniram em uma campanha ferrenha contra
mim. Para completar, não me identifico com esse movimento Bolsonaro”,
acrescentou. Cristovam, entretanto, elogia a renovação. “As pessoas queriam
caras novas, isso ficou bem claro”.
“Derrotar o atraso”
Rollemberg corteja o PSol que, ontem, em nota da executiva nacional,
abriu brecha para apoio nos estados. “As instâncias locais definirão as formas
de contribuir ativamente na mobilização popular para derrotar o atraso,
priorizando a construção de espaços plurais”, diz um trecho da nota.
Aceno aos evangélicos
O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ligou para Júlio César (PRB), que
foi o quarto deputado federal mais bem votado, para parabenizá-lo pelo
desempenho. A cortesia é um aceno ao antigo aliado — o pastor da Igreja
Universal já foi líder do governo Rollemberg na Câmara Legislativa, mas rompeu
com o chefe do Executivo e apoiou Rogério Rosso (PSD) na corrida pelo Palácio
do Buriti.
Virada com apoio do Plano Piloto e da PM
Aliados de Rollemberg atribuem a virada na reta final, principalmente, a
dois fatores: a votação expressiva do governador no Plano Piloto e o apoio de
segmentos da Polícia Militar, que estavam com Alberto Fraga (DEM) na largada da
campanha, mas depois migraram para o lado de Rollemberg.
Corrida por aliados
A busca por apoio para a votação de 28 de outubro começou ontem,
primeiro dia de campanha do segundo turno. Ibaneis Rocha (MDB) e Rodrigo
Rollemberg (PSB) não tiveram agenda oficial, mas se dedicaram às articulações
para angariar aliados. O emedebista obteve apoio formal do PMN e do PRTB. “O
Izalci (PSDB) também já declarou apoio. Estou conversando com os eleitos e com
os não eleitos”, contou Ibaneis. Sobre a carta de Rosso com condições para
apoiar algum dos adversários, ele afirmou que as reivindicações são passíveis
de serem atendidas. “Eu gosto das ideias da regionalização de parte dos
recursos do IPTU e da extinção da Agefis. Estou disposto a topar, se ele quiser
vir”, conta Ibaneis.
“Vencedor moral”
O senador Reguffe (sem partido) apoiou 13 candidatos a deputado
distrital e federal, entre eles Júlia Lucy, do Partido Novo, que vai estrear na
Câmara Legislativa na próxima legislatura. Outro que teve o suporte do senador
e conseguiu votação expressiva foi Daniel Radar, do PPS, que trabalhou com
Reguffe. Daniel teve 12,2 mil votos, mais do que oito dos 24 distritais que
acabaram eleitos. Só não entrou por conta do quociente eleitoral. “Daniel foi o
maior vencedor moral desta eleição”, elogia o senador. O próprio Reguffe só
conseguiu o primeiro mandato de distrital na terceira eleição da qual
participou. “Fiquei feliz com o resultado. “Me preocupei em ajudar a cidade e a
oferecer novos quadros. Apoiei pessoas novas e sem mandato”, acrescentou.
Helena
Mader - Coluna "Eixo Capital" - Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press
- Carlos Moura/CB/D.A.Press - Correio Braziliense