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Entrevista Rodrigo Rollemberg candidato à reeleição » "Mostramos que é possível governar sem corrupção"


"Mostramos que é possível governar sem corrupção" - Governador dispara contra Ibaneis, adversário no segundo turno, e diz querer mostrar à população quem, segundo ele, o advogado representa

*Por Alexandre de Paula

Um dia após a votação em primeiro turno, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) subiu o tom contra o adversário Ibaneis Rocha (MDB). Ontem, em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, ele acusou a campanha do adversário de ser a “maior demonstração de abuso do poder econômico da história da cidade”. Para Rollemberg, Ibaneis fez pacto com a grilagem ao prometer reconstruir casas derrubadas com o próprio dinheiro.
O governador diz que Ibaneis, diferentemente de como se apresenta ao eleitorado, não tem nada de novo. “A nova política no país da Lava-Jato, da Drácon, da Caixa de Pandora, é governar com honestidade e responsabilidade, como nós fizemos”, ressaltou o socialista. 

Para ele, a população reconheceu, por meio das urnas, que o seu governo não teve corrupção. “ Toda renovação que aconteceu no país foi em função desse sentimento da população de que não aceita corrupção. Portanto, a gente se apresenta de forma muito serena para fazer esse debate.”

Rollemberg não descartou receber, no segundo turno, apoio de qualquer um dos adversários. “Apoio a gente não rejeita”, disse, mas destacou alguns nomes. “É claro que, pela postura que tiveram na campanha, candidatos como Alexandre Guerra (Novo), Fátima Sousa (PSol), Júlio Miragaya (PT) e Paulo Chagas (PRP), se quiserem manifestar o apoio, serão muito bem-vindos.”

O socialista elencou as prioridades para um eventual mandato: desenvolvimento econômico e saúde pública. “Nosso primeiro governo foi dedicado a arrumar as contas e garantir que o DF não quebrasse”, justificou. Ele desconversou quando foi questionado se apoiaria algum candidato para a Presidência da República no segundo turno, depois da derrota do aliado Ciro Gomes (PDT).

Confira os principais trechos da entrevista. Amanhã, o CB.Poder recebe Ibaneis Rocha, com transmissão a partir das 13h25 na TV Brasília e na página do Correio no Facebook.

O senhor, depois do resultado, fez um discurso muito voltado aos servidores públicos. Será essa a estratégia para vencer o segundo turno?
Na Lei Orçamentária Anual, nós já apresentamos um orçamento de R$ 600 milhões destinados a recomposição salarial dos servidores públicos e à contratação de novos servidores. Portanto, haverá, sim, para o próximo ano, recomposição salarial feita de forma responsável e sustentável, como tenho dito desde o início da campanha.

Depois que anunciou apoio a Jair Bolsonaro (PSL), Rogério Rosso (PSD) cresceu e ficou bem perto do senhor no primeiro turno. O senhor acha que apoiar ou não  Bolsonaro vai pesar agora?
Nós mostramos que é possível governar sem corrupção e apresentando resultados para a população. Não fizemos tudo que gostaríamos, reconhecemos que temos falhas, mas fizemos um governo sem corrupção. Esse é o maior valor que sai das urnas neste momento. Toda renovação que aconteceu no país foi em função desse sentimento da população de que não aceita corrupção. Portanto, a gente se apresenta de forma muito serena para fazer esse debate. O candidato Ibaneis procurou passar para a população a ideia de que ele é o novo. Ele não é o novo, ele é um desconhecido. O que está por trás do Ibaneis? O grupo político do MDB, do Michel Temer e do Tadeu Filippelli, que foi preso pela Operação Lava-Jato e foi o responsável por colocar Brasília na situação de dificuldade econômica em que nós nos encontramos. Nós tivemos um estádio construído por R$ 1,7 bilhão, com quase R$ 700 milhões de superfaturamento. Quem estava à frente disso? Tadeu Filippelli. É este grupo que quer voltar ao poder agora com uma cara nova. O Ibaneis é a nova cara da velha política, da pior política.

O senhor falou que o mote da campanha foi combate à corrupção, mas não disse se vai apoiar algum candidato no segundo turno...
Haverá uma reunião da executiva nacional do PSB (hoje) para discutir essa questão, mas nós temos que colocar Brasília acima de qualquer coisa e me preocupa muito uma radicalização do processo político, que tem dividido famílias, amigos. Nós temos uma responsabilidade muito grande, como capital do país, que sedia os poderes. Portanto, aquelas pessoas que têm compromisso com a cidade são muito bem-vindas na nossa campanha.

Como o senhor fará para chegar aos 41,9% alcançados por Ibaneis Rocha nesse primeiro turno?
Primeiro, é importante registrar que havia 10 candidaturas e nove delas atacando o governo, me atacando com o objetivo de tentar me ultrapassar para chegar ao segundo turno. Nós mantivemos a consistência, com um voto bastante consolidado, coerente, de reconhecimento ao que nós fizemos no governo com a situação que nós pegamos. Agora, teremos mais tempo para mostrar o que fizemos e para mostrar o que faremos. O mesmo tempo que o candidato terá para me atacar, teremos também para criticá-lo. Com isso, tenho certeza de que vamos melhorar as condições de disputa do DF.

O senhor aceitaria o apoio de algum dos candidatos derrotados, como Fraga e Rosso?
Apoio a gente não rejeita. Acho que tem uma questão de princípios. Queremos governar novamente, servir Brasília mais quatro anos, mas manter nossa conduta correta, de fazer as coisas com honestidade, de combater a corrupção e governar com responsabilidade. Todos aqueles que amam Brasília e queiram contribuir para isso serão muito bem-vindos. É claro que, pela postura que tiveram na campanha, candidatos como Alexandre Guerra (Novo), Fátima Sousa (PSol), Júlio Miragaya (PT) e Paulo Chagas (PRP), se quiserem manifestar o apoio, serão muito bem-vindos.

Que avaliação o senhor faz da nova Câmara Legislativa? 
O PSB elegeu dois distritais. 

Se for reeleito, vai ter uma vida mais tranquila na CLDF?
Sem dúvida. Primeiro, porque nós vamos ter uma pauta muito mais leve do que tivemos nos primeiros anos de governo. Com as contas em dia, a pauta agora é muito mais positiva. No nosso primeiro governo, a prioridade foi arrumação das contas. No próximo governo, será geração de emprego e melhoria da saúde pública. Portanto, são pautas mais fáceis de serem enfrentadas na CLDF. O PSB saiu bem, fortalecido desse processo eleitoral porque elegemos, além de dois distritais, uma senadora e temos um governador no segundo turno. Tenho convicção de que, com essa renovação, com muitas cabeças novas e sem vícios na CLDF, a relação vai ser muito mais positiva.

As contas continuam apertadas, o orçamento da União vem com deficit. Como o senhor vai conseguir cumprir todo seu plano de governo e melhorar condições, especialmente na saúde?
A grande mudança que a gente fez na saúde não teve custo. É uma mudança de modelo de gestão. O Instituto Hospital de Base está atuando com o mesmo orçamento de 2015 — R$ 602 milhões por ano — e melhorou muito o atendimento. Em dezembro fez 531 cirurgias, em agosto fez 918. Havia 107 leitos fechados que foram reabertos. Zeramos a fila de radioterapia no DF. O Hospital de Base está comprando remédio mais rápido, consertando equipamentos mais rápido. Onde vou, colho depoimentos de pessoas que estão sendo bem-atendidas no HB. Está mil maravilhas? Ainda não, mas vai ficar. Nós já temos um modelo para levar para outros hospitais.

O seu atual vice, Renato Santana (PSD), não conseguiu ser eleito a deputado federal. Existe alguma chance de ele compor um novo governo?
Nem cogitamos essa possibilidade. Ainda nem abrimos conversa com o Rogério Rosso, mas acredito que isso seja pouco viável.

O senhor disse que estava louco para enfrentar Ibaneis no segundo turno. Por quê?
Para fazer um debate (franco e respeitoso, mas profundo) sobre o que significam as candidaturas, porque sinceramente ele se apresentou como se fosse uma novidade. Mas a nova política no país da Lava-Jato, da Drácon, da Caixa de Pandora, é governar com honestidade e responsabilidade, como nós fizemos. É importante registrar o grupo que o candidato Ibaneis é a representação mais fiel da velha política.

No primeiro turno, esse discurso do novo teve um eco na população...
Sim, porque ele teve mais tempo de televisão. Os outros candidatos estavam todos preocupados em tirar minha vaga e a gente tinha pouco mais de um minuto na tevê, o que não permitia utilizar o tempo para fazer críticas e apontar incoerências no discurso do adversário. Agora, a gente vai poder fazer isso.

Como o senhor vê a pulverização da política, especialmente dos parlamentos?
O Congresso Nacional vai precisar fazer efetivamente uma reforma política. Nós temos o poder exacerbado de partidos políticos no DF, muitos deles sem identidade ideológica. Isso cria dificuldades. Precisamos, sobretudo, rever a parte de financiamento de campanha. A possibilidade de um candidato financiar a própria campanha gera distorções e privilegia os mais ricos. Nós estamos vendo a maior demonstração de abuso do poder econômico da história dessa cidade. Candidato fazendo pacto com a grilagem, dizendo: “Eu vou construir com meu dinheiro essas casas”. Isso desafia a Polícia Federal, a Justiça Eleitoral e o Tribunal Regional Eleitoral. É claro que esses órgão estão atentos.

A candidatura do Ibaneis entrou com representação contra sua campanha por supostas fake news. Como o senhor responde?
Não preciso inventar nenhuma mentira sobre o candidato Ibaneis. O que eu quero é que a população saiba a verdade sobre o que representa o Ibaneis. Quando a população souber, tenho certeza de que vai mudar de opinião.

Houve uma onda conservadora nas eleições. Como se inserir nesse novo discurso?
Nesta eleição, o valor mais importante que a população demonstrou é a intolerância com a corrupção. Pode-se falar qualquer coisa do nosso governo, mas fizemos uma gestão séria. Economizamos milhões de reais e para onde estava indo esse dinheiro antes? Para o bolso de alguém. A população sabe que a corrupção tira dinheiro da educação, da saúde e da segurança. Por isso, quer governos honestos.

Números
210.510: Quantidade de eleitores que votaram em Rollemberg domingo, o correspondente a 13,94%: dos votos válidos


(*) Alexandre de Paula – Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense





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