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ELEIÇÕES 2018 » Em defesa da austeridade: (Rodrigo Rollemberg tenta a reeleição com os discursos da ficha limpa e do equilíbrio das contas do GDF)


Rollemberg na rua: o governador apontou o saneamento das contas como um dos maiores legados da gestão

Com 210.510 votos (13,94%), Rodrigo Rollemberg tenta a reeleição com os discursos da ficha limpa e do equilíbrio das contas do GDF, contrapondo adversários envolvidos em denúncias de corrupção e com promessas de aumentos salariais

Ao decidir concorrer à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB) teve de se reinventar como candidato. Naquele momento, o governador não dispunha mais dos aliados que contribuíram para o triunfo de 2014. Desta vez, eles estavam do lado adversário — até o número dois do Palácio do Buriti, Renato Santana (PSD) (leia Memória). O tom do discurso, em relação àquele de quatro anos atrás, também precisou mudar.

Com uma gestão marcada pela austeridade, dada à herança de um rombo nos cofres públicos de R$ 3 bilhões, o socialista dividiria o tempo de campanha entre a defesa do legado de saneamento das contas, que impôs restrições, como ao reajuste do funcionalismo, e novas propostas, as quais, neste ano, se mostrariam mais sólidas e economicamente viáveis.

Ao longo dos 45 dias de campanha, Rollemberg manteve-se estável em pesquisas de intenção de votos. Os percentuais variavam entre 11% e 12% e o mostravam em situação de empate técnico com o segundo colocado — por vezes, Eliana Pedrosa (Pros); por outras, Alberto Fraga (DEM). Trackings da equipe o asseguravam no segundo turno a todo instante.

A apuração das urnas confirmou o levantamento interno. Com o apoio de 210.510 eleitores, Rollemberg conquistou 13,94% dos votos válidos. Agora, ele cumpre mais uma etapa para conquistar um feito raro. Dos cinco governadores eleitos de forma direta na capital, apenas um emendou oito anos à frente do Palácio do Buriti: Joaquim Roriz.

Para conquistar a vaga na segunda etapa do pleito, em tempos de descrença na política devido a escândalos de corrupção, o socialista apostou no fato de os nomes da chapa, integrada por PSB, PDT, Rede, PCdoB e PV, serem alheios a operações policiais. Por esse motivo, a coligação acabou intitulada Brasília de Mãos Limpas pelo coordenador de marketing, Maurício Cavalcanti.

O mantra repetiu-se em propagandas eleitorais, transmitidos na tevê e no rádio, e em debates. Entre as investidas, Rollemberg chegou a mensurar “o preço da corrupção”. O socialista alegou, por exemplo, que, com o R$ 1,6 bilhão aplicado ao Estádio Nacional Mané Garrincha, sob o qual pairam suspeitas de superfaturamento, seria possível construir 17 novas alas do Hospital da Criança. Ele ainda buscou deixar claro o envolvimento de oponentes com caciques políticos da capital enrolados na Justiça, a exemplo de José Roberto Arruda (PR) e Tadeu Filippelli (MDB).

“Casa arrumada”
O slogan da campanha, “Casa arrumada, hora da virada”, reflete outro trecho do discurso socialista. Impedido de pagar a última parcela do reajuste concedido na gestão de Agnelo Queiroz (PT), realizar novos concursos e convocar aprovados em certames nos primeiros anos de governo, em razão das restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Rollemberg desgastou-se com uma das maiores parcelas do eleitorado brasiliense: o funcionalismo público. Mesmo criticado, não arredou pé da decisão. Costumava dizer que não seria “conhecido como o governador que quebrou Brasília, mas como aquele que equilibrou as contas da cidade”.

Nas ruas e nas telas, o governador apontava o saneamento das contas públicas como um dos maiores legados da gestão e elencava feitos dos quais se orgulha, como a desobstrução de Orla do Lago Paranoá e a mudança no modelo de gestão do Hospital de Base — as duas medidas foram alvos de críticas ferrenhas da oposição. A criação de 16 mil vagas em creches e instituições de educação infantil, o fechamento do Lixão da Estrutural e as medidas de enfrentamento à crise hídrica também tiveram espaço nos discursos.

As primeiras caminhadas da campanha concentraram-se em locais onde implementou melhorias, a exemplo de trechos do Sol Nascente, da principal avenida comercial da Colônia Agrícola Samambaia e de Buritizinho, em Sobradinho. Mas as aparições não se limitaram a reuniões a portas fechadas e passeatas. O governador também compareceu a festas tradicionais da cena de Brasília como Makossa e Porão do Rock. Ao todo, cumpriu mais de 200 agendas públicas, conforme os boletins diários.

A campanha do chefe do Buriti, conforme declarações ao TSE, custou R$ 4 milhões. Na segunda etapa do confronto, o socialista poderá desembolsar R$ 2,8 milhões. Tratou-se da segunda candidatura mais cara do Distrito Federal, perdendo apenas para a de Ibaneis Rocha (MDB).

Na nova fase do pleito, para conquistar mais quatro anos à frente do Buriti, uma das estratégias do socialista é aproximar-se dos 27% da população que avaliam como “regular” a qualidade da gestão socialista, conforme levantamentos de Institutos de pesquisa. A equipe do candidato à reeleição destaca, ainda, que, com a metade do tempo de propaganda eleitoral nas telas e no rádio, o governador terá mais chances de diminuir a rejeição, que beira os 50%, e evidenciar as novas propostas. No primeiro turno, ele teve apenas 1 minuto e 14 segundos a cada bloco de 9 minutos.

Duas décadas
Natural do Rio de Janeiro, Rollemberg, 59 anos, está filiado ao PSB desde 1985. O socialista foi deputado distrital por duas vezes. De 1996 a 1998, ficou à frente da Secretaria de Turismo, na gestão de Cristovam Buarque. Ele concorreu ao GDF pela primeira vez em 2002, mas não venceu o pleito. Entre 2004 e 2006, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, exerceu o cargo de secretário nacional de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia.

No ano de 2006, alcançou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em 2010, elegeu-se senador ao lado de Cristovam. O socialista, no entanto, deixou o cargo em 2014 para disputar o Palácio do Buriti. Àquela época, Rollemberg venceu Jofran Frejat (PR) e ficou com a vaga.  Filho de Teresa Sobral Rollemberg e do ex-ministro e ex-deputado federal Armando Leite Rollemberg, é casado com Márcia e pai de três filhos: Gabriela, Ícaro e Pedro Ivo. De uma família de 14 irmãos, chegou a Brasília em 1960.

Cinco perguntas para Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato à reeleição
A campanha foi muito acirrada no primeiro turno. A que atribui o resultado demonstrado nas urnas hoje?
A gente mostrou que é possível governar sem corrupção e com resultados. Isso foi o que pesou na definição do voto.

Quais alianças são viáveis para um segundo turno? Com quem vai dialogar em busca de um possível apoio?
Queremos apoio de todas as pessoas que querem o bem de Brasília. Que não sejam envolvidos em corrupção e que queiram o melhor para a nossa cidade. Todas as pessoas que concordarem com isso serão muito bem recebidas, pois queremos fazer uma aliança do bem. Hoje estamos comemorando, mas, a partir de amanhã, vamos conversar com as pessoas.

Quais serão as estratégias de campanha para o segundo turno?
Vamos mostrar a verdade, pois a verdade vai nos favorecer. Vamos mostrar o que foi feito, e explicar o por que algumas coisas não são feitas, mas serão feitas no próximo governo. Vamos mostrar nossa trajetória e por que alguns candidatos escondem os aliados e o que eles representam para o DF.

Qual será a principal bandeira nesta segunda etapa?
Desenvolvimento econômico e distribuição de renda.

Como será o diálogo com a nova Câmara Legislativa? Os deputados terão influências na escolha de cargos de um eventual governo?
Será um diálogo muito franco. Tendo em vista os eleitos, hoje nós temos muito mais experiência para mostrar a população que é possível governar com influência menor da Câmara Legislativa. Queremos todos aqueles que tiverem como objetivo o bem da cidade; esse vai ser o critério para uma relação política.

Propostas: Confira alguns dos projetos mais citados pelo candidato durante a campanha:

SAÚDE
Rever o modelo de gestão dos hospitais regionais para garantir maior agilidade para abastecimento e contratações, aos moldes do que foi feito no Hospital de Base.

SEGURANÇA
Contratação de policiais civis e militares e bombeiros para recompor o efetivo. Recomposição salarial dos servidores da PCDF e revisão do plano de carreira da PMDF.

MOBILIDADE URBANA
Expansão do metrô em Ceilândia e Samambaia. Início do metrô da Asa Norte com a estação Hran. Ampliação do sistema de transporte do BRT.

REGULAMENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Regularização e implantação de infraestrutura urbana básica (drenagem e pavimentação) em diversas regiões do DF.

EDUCAÇÃO
Reforma de creches e colégios. Construções de escolas técnicas em Brazlândia, no Paranoá, em São Sebastião e em Santa Maria.


Ana Viriato - Pedro Grigori - Alexandre de Paula - Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press - Ana Rayssa/CB/D.A.Press - Correio Braziliense


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