Algo que não dá para entender...
“Não é triste mudar de ideias. Triste é não ter
ideias para mudar”
(Barão de Itararé)
*Por Jane Godoy
Sempre querendo honrar o meu título de Guardiã de
Brasília, com seriedade e entusiasmo pelo jornalista e ex-secretário de Cultura
do Distrito Federal Silvestre Gorgulho tento desempenhar o meu papel por meio
desta página, com muito zelo e carinho. O foco, claro, Brasília e seus
brasilienses.
Um antigo hábito, gosto de ouvir as pessoas,
conhecidas ou não, saindo do meu “quadrado”, sempre tentando entender as
mazelas e carências da população, da cidade e das redondezas. Gosto de sentir o
que sentem, de ouvir o que pensam, de me solidarizar e tentar, com elas, achar
uma solução.
Confesso que o resultado disso tudo sempre foi
muito positivo e, quase sempre, resolvido ou pelo menos, fazendo com que os
encarregados de cuidar daquela questão parem para pensar naquilo que foi aqui
apontado.
Os mais céticos e pessimistas insistem em dizer que
“de nada vai adiantar” ou “ ninguém garante que vão resolver o problema
apontado”.
Mas, como disse, certa vez, o ministro Carlos Ayres
Britto, “em tudo o que faço, não faço questão de ser reconhecido, mas em me
reconhecer!”. Então, vou em frente.
É o caso, no momento, do sério e antigo problema do
transporte coletivo. Se as pessoas encarregadas de colocar esse item em ordem,
com perfeito e inquestionável funcionamento; se ouvissem os usuários ou líderes
comunitários, sobre tudo o que passam e sofrem por causa da deficiência do
transporte em sua área, tudo seria muito diferente. Essa população, que usa os
ônibus e as suas centenas de linhas, espalhadas por todo o Distrito Federal é
quem sabe “onde o sapato aperta”.
Nesta semana, alguém me perguntou por que centenas
de ônibus ficam caprichosamente parados no estacionamento do Estádio Mané
Garrincha (foto) e, igualmente, centenas de pessoas ficam nas paradas de todo o
DF, torcendo, ansiosas, pela vinda daquele que deverá levá-las ao seu destino.
A justificativa, segundo os usuários contrariados e
aflitos para chegar a seus destinos, é de que “não tem passageiros”. Oi? Não
tem passageiros?
Então, o que é que nós vemos pelas paradas de
ônibus o dia todo? São fantasmas ou bonecos de papelão?
Por causa disso, eis que aparecem os transportes
alternativos, perigosos e lotados, pegando passageiros nas paradas de ônibus e,
até mesmo, dentro da rodoviária, sem o menor pudor.
Bingo! Aí estão os passageiros. Apinhados em carros
de passeio, atrasados e aflitos, consideram a chegada de um ou mais desses
“piratas” uma verdadeira benção.
Feliz será o dia em que o brasiliense será
agraciado pela dádiva de ser o principal foco de um estudo caprichoso e atento,
visando tão somente a ele, usuário, e não a interesses outros, que lhes impedem
de alcançar a solução mais inteligente e factível.
Cidade plana e sem acidentes geográficos que possam
onerar ou complicar a instalação de metrôs de superfície, velozes e
confortáveis, Brasília merece a construção desses meios de transporte, que irão
trazer qualidade de vida aos moradores, rapidez no ir e vir. Há anos o DF já
deveria estar interligando à Asa Norte, Sobradinho, até Planaltina, Gama, e
adjacências, Valparaízo e Luziânia, (essas em conjunto com o estado de Goiás).
Com um transporte eficaz e bem estudado, milhares
de veículos serão retirados das ruas. Agilidade e presteza na busca de seus
destinos serão, sem sombra de dúvida, a grande jogada para transformar nossa
cidade num lugar aprazível e de fácil mobilidade.
Há 49 anos vivendo nesta cidade planejada, sem
morros e com pistas tão largas, nunca imaginei que ficaríamos em
engarrafamentos, não só em horário de pico, mas durante todo o dia.
Que tem solução, isso tem. É só pensar nos milhões
de usuários sofredores e trabalhar com afinco, por eles. Depois, é só aplaudir.
(*) Jane
Godoy – Coluna 360 Graus – Foto: Ronaldo do de Oliveira/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense
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