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TERRAS PÚBLICAS » Presos por grilagem na Ponte Alta do Gama


Presos por grilagem na Ponte Alta do Gama - "Encontramos pedaços de terras públicas sendo comercializados por R$ 35 mil cada. O lucro estimado para os grileiros chegava em torno de R$ 1,4 milhão em detrimento do comércio de área irregulares"  - (Marilisa Gomes, delegada)

Por Luana Pontes

Três pessoas seguem foragidas após duas operações simultâneas realizadas pela Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema), na manhã de ontem, para combater a grilagem de terras públicas na região da Ponte Alta Norte, no Gama. A ordem para o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão e de oito prisões temporárias foi expedida pela 1ª Vara Criminal do Gama — cinco suspeitos foram detidos. Os lotes haviam sido demarcados pelos criminosos, que faturariam R$ 15,4 milhões com a venda dos parcelamentos. Dois policiais civis estão envolvidos.

Uma das ações do dia, a Operação de Gerson teve início em maio de 2015 por meio de denúncias anônimas. De acordo com a delegada à frente da investigação, Marilisa Gomes, a expressão Gerson é da cultura brasileira. “Gerson, pode-se dizer que é uma pessoa que gosta de tirar vantagem em qualquer situação. É o caso desses grileiros, que se aproveitaram de terras públicas”, explicou a delegada.
Dentro da área denominada pela operação da Dema, há 2 hectares de área pública, dividido em 42 lotes de 400 metros quadrados cada um. Localizado na Chácara Solar Santa Luzia, o condomínio irregular é conhecido como Flamboyant. Segundo Marilisa Gomes, os lotes eram anunciados por sites de venda. “Encontramos pedaços de terras públicas comercializados por R$ 35 mil cada. O lucro estimado para os grileiros chegava em torno de R$ 1,4 milhão, em detrimento do comércio de áreas irregulares”, afirmou Marilisa.

A segunda ação policial foi chamada de Operação Flor do Cerrado e ocorreu na área de 10,3 hectares de terras públicas do Condomínio Residencial Flores do Cerrado — o setor também fica na Ponte Alta Norte no Gama. A chácara foi repartida em 213 lotes, com tamanhos iguais de 400 m² cada. Nesse caso, os parcelamentos chegaram a ser comercializados por R$ 65 mil. “Os grileiros chegariam a faturar cerca de R$ 14 milhões com as vendas. É preocupante o crime de enriquecimento por meio de venda de áreas irregulares provenientes de invasão”, disse a delegada.

Os dois condomínios investigados pela Dema estão em Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central. De acordo com laudo pericial, o Condomínio Flamboyant fica em uma Zona Rural de Uso Controlado, constituída como unidade de conservação. O Flores do Cerrado faz parte da Bacia Hidrográfica do Corumbá e da Área de Proteção de Manancial (APM) Olho D’Água. “Construir em áreas de mananciais é algo que causa impacto ao meio ambiente e para toda população do DF. Quando o solo é compactado em regiões como essas, tem-se prejuízo no curso do recurso hidrográfico”, alertou a delegada Marilisa.

Investigação - (Vídeo)
Os investigados responderão pelos crimes de parcelamento irregular do solo para fins urbanos, dano ambiental, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. Além disso, parte deles também cometeu roubo qualificado, estelionato, falsidade ideológica e organização criminosa. Entre os envolvidos há dois policiais civis. Eles terão, além da condenação judicial, outras penalidades administrativas previstas pela Polícia Civil do DF.


(*) Luana Pontes-Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense - Delegada-chefe da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Pública (Dema), Marilisa Gomes. Foto: Igo Estrela  - Vídeo: 04/03/2018 – Metrópoles - Ilustração: Blog - Google.


Terra de ninguém

*Por Circe Cunha

A continuação da política que transforma terras públicas em moeda de troca, dentro da lógica de “um voto, um lote”, não poder ter prosseguimento, sob pena de inviabilizar, definitivamente, a capital como sede administrativa do país. É bom lembrar aos senhores políticos que a mentalidade da população também mudou. Ganha-se o lote e vota-se com independência.

No feriado de quinta-feira (Proclamação da República), os bombeiros registraram um número fora do comum de ocorrências de invasões e parcelamentos irregulares de terras, inclusive, com venda de lotes em algumas regiões. Obviamente, tão velhos e sérios problemas não podem ser resolvidos com os mesmos métodos da velha política populista, cuja visão pública de futuro se estende apenas até o horizonte das próximas eleições.

A capital necessita de estadistas e homens públicos comprometidos com o presente e futuro, evitando os erros do passado. A associação entre os interesses de políticos e de empreendedores e especuladores imobiliários precisa cessar imediatamente. Para tanto, a sociedade deve acompanhar de perto e com atenção as discussões sobre ao Luos e o Pdot e outros documentos que visam a estabelecer novos padrões de ocupação e construções em todo o Distrito Federal. Estudos e a própria experiência demonstram que problemas dessa natureza, ao surgir com o verniz falso de problema social imediato, trazem em seu bojo interesses que acabam beneficiando apenas os orquestradores dessas invasões.

(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, Lido e ouvido” Ari Cunha – Correio Braziliense

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