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TRANSIÇÃO 2018 » Ibaneis Rocha estima deficit de mais de R$ 3 bilhões

Ibaneis estima deficit de mais de R$ 3 bilhões - Relatório elaborado pela equipe de transição contradiz o saldo de R$ 600 milhões anunciado pelo governador Rodrigo Rollemberg para o próximo governo. 

"Apesar disso, grupo de trabalho garante que promessas de campanha serão cumpridas"

Equipe de transição entregou ontem, para o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, relatório com 196 páginas: trabalho concluído

A discussão sobre o tamanho do rombo nas contas públicas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltou à tona e deve se arrastar até o início do mandato do governador eleito, Ibaneis Rocha (MDB). A equipe de transição estima um deficit de mais de R$ 3 bilhões para 2019. A informação foi dada ontem pelo futuro vice-governador, Paco Britto (Avante). Ele coordenou os trabalhos do grupo de transição, encerrados ontem. “Nas nossas contas, vai beirar R$ 3 bilhões. Isso se não passar, porque ainda tem contas, como os precatórios, que não foram pagos e foram arrolados. Isso sem mencionar outras despesas que não foram contabilizadas”, justificou.

O dado é diferente da estimativa feita pelo atual governo, que espera entregar o ano com contas em situação muito mais favorável. Em mais de uma oportunidade, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) afirmou que deixará R$ 600 milhões em caixa para o próximo governo. “Ele (Ibaneis) tem à frente uma oportunidade que eu não tive. Se eu tivesse começado o governo com R$ 600 milhões em caixa, tudo seria completamente diferente”, disse ao Correio. O valor faz parte do Fundo Constitucional e pode ser gasto com saúde, segurança e educação. A assessoria do Palácio do Buriti informou ontem à reportagem que se manifestará hoje em uma coletiva da área econômica do GDF em que os dados oficiais serão detalhados.

A estimativa apresentada por Paco leva em conta dados levantados pela equipe de transição em todas as áreas do governo. Entram na conta, por exemplo, serviços prestados ao GDF que não foram pagos. “Há prestadores, por exemplo, que não receberam ou receberam atrasados”, afirmou. Os números são preliminares e ainda não representam a posição definitiva da área da Fazenda do futuro governo. É possível, porém, no entendimento do grupo de transição, que o valor real seja mais alto. O futuro vice-governador acrescentou que esse cálculo leva em conta o compromisso de Rollemberg (PSB) de que entregará o cargo com o salário de todos os servidores em dia. “Nós estamos acreditando na palavra dele, que entregará toda a folha paga”, disse.

Mesmo com a expectativa de assumir o governo com deficit de R$ 3 bilhões, o futuro governo não pretende mudar os planos da campanha eleitoral. Segundo Paco Britto, a busca por recursos e investimentos será suficiente para suprir o possível rombo. As investidas da transição em busca de verbas para o DF renderam cerca de R$ 1 bilhão, de acordo com o próximo vice-governador.

Encerramento
Os 58 grupos da equipe de transição encerraram ontem os trabalhos de avaliação e diagnóstico das diversas áreas do Distrito Federal. Um relatório, de 196 páginas, foi entregue ao governador eleito do DF, Ibaneis Rocha, em reunião no Centro de Convenções Internacional do Brasil (CICB), sede do governo de transição. O documento, cujo conteúdo não foi detalhado publicamente, conta com ações e propostas previstas para os próximos quatro anos.

Responsável por comandar os diagnósticos da transição, Paco afirmou ontem que os resultados não surpreenderam em relação aos setores mais problemáticos do Distrito Federal. Saúde, segurança, transporte e educação são as áreas mais sensíveis e carentes de trabalho intenso, segundo a avaliação do futuro governo. Apesar de evitar detalhar questões mais concretas de cada setor, Paco falou sobre alguns dos problemas verificados na saúde. “Está completamente desorganizada. Falta integração até nos sistemas. Isso, eu posso adiantar.”

A estrutura do governo ainda não está completamente definida. Faltam decisões sobre quais áreas com nomes anunciados por Ibaneis serão, de fato, secretarias, subsecretarias ou outros órgãos. O organograma final deve ficar para os próximos dias. Os nomes para as administrações regionais e a Presidência da Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) ainda precisam ser anunciados. Paco ressaltou que o tempo de transição, que começou no fim de outubro, é curto para todas as análises que precisam ser feitas. “Com certeza, ainda teremos muito a resolver até 1º de janeiro”, revelou.

No caso dos administradores, Ibaneis afirmou que as escolhas serão confirmadas na próxima semana. A ideia do governador eleito é nomear administradores que fiquem no cargo apenas até que seja estabelecida legislação que permita a escolha com indicação da população por meio de lista tríplice ou sêxtupla. Para o Metrô, Ibaneis chegou a anunciar o distrital Wellington Luiz (MDB) como presidente, mas voltou atrás depois de recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de que não fossem escolhidos políticos para o comando de empresas públicas, por norma federal. O parlamentar assumirá o comando da Companhia Habitacional do Distrito Federal (Codhab).

Ontem, Ibaneis participou por pouco tempo da reunião com a equipe de transição, que começou por volta das 15h e avançou pelo início da noite. O futuro chefe do Executivo local discursou por cerca de 20 minutos para o time montado para trabalhar no GDF em 2019. A eles, o governador lembrou o compromisso e a responsabilidade de trabalhar para o desenvolvimento do Distrito Federal depois da posse. “Estou em um período entre a eleição e a posse que parece muito bom. Mas a partir de 1º de janeiro, todos os problemas desta cidade são meus”, declarou o governador eleito.

Memória - Situação semelhante
O início do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) foi marcado por discussões sobre o deficit deixado pelo petista Agnelo Queiroz, que comandou o Palácio do Buriti antes do socialista. Segundo os cálculos do atual governador, Agnelo deixou um rombo de mais de R$ 6,5 bilhões nas contas do Governo do Distrito Federal (GDF). As dívidas foram justificativa para uma série de medidas de contenção e de ajuste fiscal feitas por Rollemberg, além do parcelamento de pagamentos. A recuperação fiscal foi um dos motes da campanha do socialista à reeleição. Agnelo, no entanto, sempre contestou as afirmações do sucessor, alegando ter deixado o cargo com as contas em situação melhor do que a alardeada pela equipe de Rollemberg.
"Nós estamos acreditando na palavra dele (Rodrigo Rollemberg), que entregará toda a folha (do funcionalismo) paga” - (Paco Britto, futuro vice-governador)


Alexandre de Paula - Foto: Renato Alves/Divulgação - Correio Braziliense

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