Deputado distrital Fábio Félix (PSol)
Qual é a necessidade de ter um coronel da reserva da PM, Cláudio Ribas,
como seu segurança na Câmara Legislativa? Você sentiu necessidade de proteção?
Aumentou a temperatura da política nacional de forma geral. A própria
posse do Bolsonaro mostrou isso. Ele colocou um aparato gigantesco de repressão
na rua e eu sou uma pessoa que sempre estive nos movimentos sociais. Sou o
primeiro parlamentar gay assumido que se elege para um cargo no Legislativo e
essa difusão de um discurso de ódio no Brasil ativa muitos gatilhos na
sociedade para violência, seja do próprio Estado ou de pessoas aleatórias. Eu
sinto essa hostilidade nas redes sociais.
Foi por isso que o senhor levou uma bandeira colorida, símbolo do movimento LGBT, no dia de sua posse? Quer reafirmar a sua posição?
Quero marcar que existe uma pauta de representatividade que precisa
estar ativa, que precisa ser demonstrada, e a segurança faz parte disso. A
gente perdeu no ano passado uma vereadora do partido, a Marielle Franco, que
foi executada no exercício de seu mandato. A gente teve o Marcelo Freixo
ameaçado de morte, e o Jean Wyllys também, que hoje anda com segurança. Existe
uma orientação de segurança do PSol. O servidor que contratamos vai cuidar da
minha segurança e das pessoas do mandato.
Ele vai lhe acompanhar nos eventos?
Ele vai pensar a concepção da segurança.
O que o senhor achou da declaração da ministra Damares sobre cores para
meninos e meninas?
É um atraso gigantesco. Todo o discurso dela, de princesas e príncipes,
azul e rosa. É uma representação que não consegue compreender a diversidade, a
complexidade da sexualidade. São falas que reforçam preconceitos.
O discurso do presidente Bolsonaro dá mais voz e fortalecimento aos
conservadores na Câmara Legislativa?
Pode potencializar, sim. Acaba tendo um efeito cascata. Ele não fez um
discurso de presidente da República. Fez um discurso de franco atirador,
querendo impor uma ideologia de extrema direita no Brasil. Não apresentou uma
proposta para enfrentar a desigualdade social, o problema da pobreza, da
educação, da saúde, mas Bolsonaro tenta criar o tempo todo um inimigo interno,
que é a esquerda, que precisa ser derrotada e eliminada.
Sendo um militante LGBT, é mais difícil fazer política agora neste
contexto?
Vai ser um momento muito difícil. Minha vitória em 7 de outubro e,
agora, na posse foram muito relativas. Para mim, foram dias muito tristes
também. O 8 de outubro foi o dia em que Bolsonaro quase ganhou no segundo turno
e, depois, tomou posse. Foram dias emblemáticos. A gente chega lá com mais
representatividade, mas também com o governo mais atrasado do Brasil, desde a
ditadura militar.
O senhor vai ser o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
Legislativa. Como será seu trabalho?
Esse momento pede uma Comissão de Direitos Humanos muito ativa, que
funcione em várias frentes, na defesa da criança e do adolescente, da população
LGBT, da população negra, das mulheres. Minha intenção é visitar experiências
exitosas, como a Comissão de Direitos Humanos da Alerj, com o Marcelo Freixo.
Queremos deixar a comissão de portas abertas para receber denúncias de todo
tipo de violação de direitos. Será uma comissão de enfrentamentos.
Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” - Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense
Tags
CLDF