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Entrevista: Mateus Oliveira, secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação


Entrevista Mateus Oliveira, secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação 

Como o governo pretende fazer uma atualização do Plano Diretor de Ordenamento Territorial, sem repetir erros do passado, que levaram à derrubada de parte da lei na Justiça?
Ainda temos muitos entraves jurídicos, e esses questionamentos do passado ainda travam o desenvolvimento urbano de nossa cidade. Houve uma conscientização de todos os atores políticos, da Câmara Legislativa e do setor produtivo, de entender que tudo que se refere à legislação urbanística tem uma necessidade de obedecer à lei, de seguir estudos técnicos, com embasamento jurídico. Temos trabalhado uma lógica de envolver muito os deputados da Câmara Legislativa e de fazer um diálogo com a sociedade, porque não pode existir um projeto de lei como uma revisão do Pdot que seja de cima para baixo. Ele tem que vir da sociedade, tem que receber contribuições da CLDF desde o início. Mas o que aconteceu no passado foi uma queda de braço do poder Executivo e do Legislativo.

Como lidar com a pressão política diante de tantos interesses econômicos envolvidos em um projeto como esse?
Quando há sensibilidade, quando todas as decisões são pautadas por estudos técnicos e por entendimentos jurídicos e ambientais, o espaço para esse tipo de coisa diminui muito. O caráter pedagógico das decisões do nosso tribunal vem impondo a consciência de que, se a legislação não contempla estudos técnicos e não reflete o embasamento jurídico, com essa lei, isso vai cair.

Como o GDF pode disciplinar esse processo para que exista a possibilidade de as pessoas comprarem uma moradia sem precisar adotar um modelo de ocupação irregular?
Esse é o grande desafio, e nós precisamos ser muito práticos, objetivos e trabalhar com a visão a longo prazo, mas agindo de forma mais enérgica desde o primeiro mês. Não basta apenas combater invasões, é importante regularizar o que já existe de consolidado. E quando se fala de regularização, basicamente são aquelas áreas definidas como de interesse de regularização no plano de 2009. Não é qualquer área invadida que gera direito à regularização.

Quantos bairros foram aprovados nos últimos anos e estão aptos a saírem do papel?
A criação de bairros não é uma decisão do gestor público, e o próprio Pdot define quais áreas estão em zonas de expansão urbana e podem receber diretrizes para aprovação de novos bairros. O que a secretaria faz é verificar a conformidade dos projetos com as exigências legais. Hoje, nós temos 10 novas áreas já aprovadas no Conplan e existem outros processos tramitando. Todos eles passam por todo tipo de crivo, não só do órgão colegiado, mas especialmente estudos técnicos previstos em lei.

Uma dessas áreas é a chamada Cidade Urbitá, em Sobradinho. O que falta para ela sair do papel e quais são os impactos na vizinhança desse adensamento?
Esse é um grande projeto que passou pela nossa secretaria. Na gestão passada, foi aprovado um plano de ocupação que traz basicamente regras gerais para a área e o detalhamento de uma das etapas. O que todos esses projetos implicam é uma série de obrigações pelo empreendedor particular, como duplicação de pistas, novos acessos, construção de viadutos e de pontes e queremos trazer isso para nosso portal da transparência da regularização fundiária, para que a população saiba quais são as obras assumidas e que devem ser executadas pelo próprio empreendedor particular, se for privado, ou pela Terracap.

Uma das críticas do setor produtivo é a demora na concessão do alvará, o que faz com que muitos empreendimentos fiquem parados. O que está sendo feito para melhorar?
Houve um trabalho da gestão passada de centralização dessas aprovações e o início de um trabalho de novas leis que tornassem as aprovações mais objetivas. Isso gerou uma certa melhora, tivemos o novo código de obras aprovado no ano passado, a sanção da Luos este ano pelo governador, além da lei de compensação urbanística. A lei do PGV, que é o Polo de Gerador de Viagens, entre outras que trouxeram uma melhora no nosso marco legal e essa é uma frente de trabalho que vamos dar continuidade. Precisamos aprovar o PPCUB este ano, e a nossa meta é encaminhar um projeto de lei à Câmara Legislativa ainda até o fim deste semestre.

E como será o SOS Destrava DF?
A outra frente de trabalho é a eficiência de gestão e, nesse sentido, anunciamos o SOS Destrava DF, com medidas para melhorar essa situação. A primeira delas é que temos um contexto de aprovação de projetos de residências que ainda estavam nas administrações regionais e passam a ser aprovadas na Central de Aprovação de Projetos. Fizemos um diagnóstico de que precisávamos ter uma equipe maior de técnicos, arquitetos e urbanistas para aprovação desses projetos e precisaríamos estar mais próximos da população. Criamos, então, não só uma equipe maior, com a contratação de 20 novos arquitetos, e um posto avançado da CAP em 10 administrações regionais.

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(*) CB.Poder – Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


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