Ibaneis vai à guerra
*Por Circe Cunha
A um rabino, a quem foi reclamar da conduta
do marido, uma mulher narrou todo o seu drama sobre o comportamento impróprio
do companheiro. Depois de escutar o queixume da mulher, o rabino declarou: você
tem razão. Ao marido, depois de ouvir longamente suas queixas, o rabino
proferiu a mesma sentença: você tem razão. A esposa do rabino, que tudo
escutava, indagou, irritada: como é possível você dar razão aos dois, ao mesmo
tempo? Ao que o rabino respondeu: quer saber, você também tem razão.
Essa história do anedotário judaico
serve para ilustrar, com precisão, a proposta do GDF de acabar com atual modelo
do passe livre estudantil. Entre outras modificações, o Executivo prevê o fim
da gratuidade total, determinando que os estudantes da rede pública e privada,
cujas as famílias tenham renda inferior a três salários mínimos, paguem um
terço da tarifa cobrada nas linhas de ônibus e do Metrô.
A justificativa para a medida é a
economia, ao cofres públicos, de até R$ 100 milhões anuais. Trata-se, à
primeira vista, de uma medida extremamente impopular e que jamais seria
declarada abertamente em época de campanha eleitoral.
Uma coisa é a eleição, outra , a
realidade das finanças públicas quando apresentadas na ponta do lápis ao
vencedor do pleito. Para complicar ainda mais uma equação que parece sem
solução fácil, é preciso observar que nessa querela que se anuncia entram, além
dos recursos oriundos dos pesados impostos tomados dos contribuintes, a margem
de lucro dos empresários dos transportes, que obviamente fizeram seus
investimentos nesse setor e esperam resultados.
Para embaralhar um pouco mais a
questão, há ainda a apreciação obrigatória pelo Legislativo local , o que deve
render bons frutos a todos aqueles que se aproveitam dessa situação para obter
vantagens de todo tipo.
Dividido entre as razões justas dos
estudantes, as demandas corretas dos empresários, a situação do caixa do
governo, as demandas e os custos políticos da aprovação de uma medida dessa
natureza e a pressão vinda de outras partes, como do Movimento Passe Livre, o
governador Ibaneis Rocha poderá sentir, pela primeira vez, o real significado
da expressão: gestor é como saco de pancada.
Fosse essa mesma questão submetida ao
arbítrio de nosso rabino do preâmbulo, a sentença seria: todos têm razão. E é
aí que o gestor, fiel apenas às finanças e aos números da contabilidade
pública, cede lugar ao político negociador, capaz de encontrar a direção que
leve ao caminho do meio, e do equilíbrio, satisfazendo uns e outros, sem
prejudicar ou onerar, claro, o contribuinte que há muito sabe que não existe o
tal do dinheiro público, mas sim o dinheiro dos pagadores de impostos, conforme
ensinou a primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher em situação
parecida.
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A frase que foi pronunciada
“Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos”
“Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos”
(Margareth Thatcher, a
dama de ferro, ex-primeira ministra da Inglaterra)
Sem lei
Sem lei
»Entre os trechos 8 e 9 do Setor de
Mansões do Lago Norte, uma cerca limita o espaço público tomando, inclusive,
parte da mata ciliar. É tão discreto o arame farpado que está avançando
enquanto escapa da fiscalização.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e
ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google
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