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Vamos desenvolver Brasília?



Vamos desenvolver Brasília?

*Por Valdir Oliveira


O desenvolvimento não está atrelado a uma única ação. Para que uma sociedade cresça economicamente, de forma sustentável, precisamos de um conjunto de fatores que possam convergir para uma melhora na qualidade de vida de todos. Gerar desenvolvimento é melhorar a vida do conjunto, da coletividade.

Brasília teve como espinha dorsal do seu desenvolvimento um programa que foi criado com um braço de benefício econômico, o desconto na aquisição de terrenos, e um braço de benefícios fiscais/creditício, que tratava de isenções de tributos. O Ministério Público do Distrito Federal arguiu a inconstitucionalidade dos benefícios fiscais, retirando-os judicialmente. Restou à proposta de desenvolvimento apenas o benefício econômico, que o Tribunal de Contas do DF suspendeu, em novembro de 2017, sob a justificativa de que haveria conflitos com princípios constitucionais na sua formulação.

Mas quem disse que baixar imposto é o ponto decisivo para investimento? Quem disse que o empresário decide fazer novos investimentos ou apenas ampliá-los apenas em razão da redução de impostos? A decisão de investir depende do ambiente empreendedor. Quando reduzimos o imposto, a primeira coisa que todos fazem, sejam pessoas jurídicas ou pessoas físicas, é se apropriar do lucro oriundo da sobra de recursos. Depois, o empresário/investidor olha para o ambiente e as oportunidades: se forem apropriadas, ele decide pelo investimento.

Para desenvolvermos Brasília, precisamos de um conjunto de ações integradas e sinérgicas, apoiadas em três pontos: benefícios fiscais, benefícios econômicos e crédito produtivo. Esse triângulo do desenvolvimento precisa estar em um ambiente de simplificação, desburocratização e segurança jurídica.

Benefícios fiscais não podem ser ofertados como isca para atração de empresas. Isso provoca a guerra fiscal, algo que durante muito tempo deixou Brasília como alvo e provocou muitas baixas. A guerra fiscal produz descontrole das contas públicas e resulta em prejuízo para todos. O benefício fiscal deve ser utilizado para dar competitividade à nossa economia; deve ter a função de proteger nossas empresas para que elas tenham condições de igualdade de competição com os demais estados.

O benefício econômico deve estar atrelado às nossas vocações. Brasília não tem uma extensão territorial que permita fazer uma farta distribuição de terrenos. Terras são um dos principais (se não o principal) ativo no DF. Quando fazemos um modelo de desenvolvimento amparado em facilidades de aquisição de terras, atraímos duas coisas: a corrupção e a especulação. Dois fatores prejudiciais a qualquer modelo de desenvolvimento sustentável. A disponibilização de benefícios econômicos precisa obedecer a vocações regionais e estratégias de clusters, arranjos produtivos, ou aglomerados de empresas que possam ser potencializados por sinergia de suas operações.

Quando temos um ambiente com empresas em condições de competitividade sob a luz do custo fiscal e uma organização territorial que favoreça vocações e aglomerados estratégicos de empresas, precisaremos do principal combustível para fazer a explosão de desenvolvimento, o crédito produtivo. O crédito é como um remédio: quando dado na dosagem e no tempo certos, salvam o paciente. Só não pode ter erro na posologia do crédito, senão mataremos o paciente e a economia pagará a conta. Nos últimos anos, tivemos uma grande redução de crédito, efeito da crise econômica. A ausência de crédito inibe as oportunidades de investimentos.

Em Brasília temos o FCO operado pelo Banco do Brasil e outras opções nas demais instituições financeiras, mas precisamos de mais alternativas. Como ter uma solução caseira? Muito simples! A resposta está no casamento do BRB com a Terracap. Esta última foi transformada em uma Agência de Desenvolvimento, mas ela sempre operou com o único foco imobiliário, e o nosso banco público do DF há muito se afastou do crédito produtivo. A Terracap pode transformar parte dos seus ativos, as terras, em um fundo, com aplicação que pode se transformar em funding para que o BRB possa criar linhas de crédito produtivo para nossas empresas. Com isso, criaremos o nosso crédito produtivo genuinamente brasiliense, uma linha de crédito que alavancaria projetos alinhados com vocações estratégicas e competitivas sob a luz da concorrência tributária dos demais estados.

Se essas ações forem realizadas de forma integrada e sinérgica, em um ambiente com simplificação de procedimentos e desburocratizado, sem um Estado intervencionista, com mais liberdade para que o empreendedor use o que tem de melhor – que é a sua criatividade aliada à segurança jurídica necessária para que não coloque em risco os seus investimentos – teremos, com certeza, uma Brasília pronta para gerar mais desenvolvimento, com geração de emprego, renda e com resultado de qualidade de vida para todos os brasilienses.

(*) Valdir Oliveira - Superintendente do Sebrae no DF – Foto/Ilustração: Blog - Google


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