Vem aí a biometria facial para controlar ponto dos médicos do DF. Logística nos hospitais será reestruturada para monitorar entrada e saída de
maneira integrada com nova tecnologia, diz governo
O controle de frequência dos servidores da saúde do Distrito
Federal sofrerá mudança. Para evitar fraudes e faltas, bem como
possibilitar punição daqueles que não cumprirem a jornada de trabalho, os 5,4
mil médicos da rede terão entrada e saída registradas por biometria facial. A
medida foi anunciada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), e o secretário
de Saúde, Osnei Okumoto, completou que o modelo será expandido para todos os 35
mil servidores do setor. Além disso, haverá modernização do sistema eletrônico
de ponto.
De acordo com o titular do Palácio do Buriti, o Termo de Referência
– documento que estabelece como um serviço deve ser prestado ou um
produto entregue – está em fase de elaboração pela Secretaria de Saúde e
deve ser submetido ao Tribunal de Contas do DF (TCDF) nos próximos
meses.
Não podemos continuar com o controle da folha de 35
mil servidores sendo feito por meio do Excel. Isso é atualização manual. Temos
que investir em tecnologia" .(Ibaneis Rocha, governador
A ideia de mudança do modelo veio de hospitais dos Estados Unidos. “Os
médicos de lá entram com o reconhecimento facial. Mediante análise de
distância dos olhos, tamanho do nariz e outras características, faz-se um
armazenamento no banco de dados. Com a foto do servidor, é registrado o horário
que entrou e saiu”, detalhou Okumoto ao Metrópoles.
Segundo o secretário de Saúde, o termo já está em fase avançada, mas
depende de detalhes dos produtos a serem fornecidos por empresas para a
realização do pregão eletrônico. “Queremos dar ampla concorrência. Pelo que
verificamos, não fica caro. Pode ser feito por meio de uma câmera ou por uma
tela que faz a identificação”, ressaltou o chefe da pasta, sem, contudo
mencionar valores.
Hoje, o DF tem 16 hospitais e seis Unidades de Pronto-Atendimento
(UPAs). A intenção é de que todos, além de centros e postos de saúde, recebam a
nova tecnologia.
Auditoria
A mudança é uma cobrança antiga do TCDF. Após realizar auditoria, a
Corte de Contas apontou a existência de diversas faltas de médicos, enfermeiros
e técnicos em enfermagem (como atestado médico, férias, folga, abono, etc)
registradas no Forponto, o programa de controle de frequência, sem
justificativas. O relatório do software indica uma média de 15 ausências desse
tipo por servidor. O caso foi noticiado pelo Metrópoles em
abril do ano passado.
Apesar da quantidade elevada de faltas, constatou-se baixo percentual de
desconto em folha de pagamento dos valores correspondentes aos dias não
trabalhados.
A auditoria, divulgada em 2018, também encontrou irregularidades na
comprovação da frequência dos funcionários da Saúde. Entre elas, estão
a não marcação do ponto; validações indevidas na folha; autovalidação de ausências ao trabalho por diretores e
coordenadores (o servidor abonava a própria falta); e aprovação de
ocorrências em matrículas de pessoas não subordinadas.
O Forponto fiscaliza o ponto mediante leitura digital. Todo o
monitoramento dos dados registrados é feito via Excel. Como não há um sistema
para gerir as informações, o que é produzido no coletor de ponto fica isolado.
A necessidade é de um método integrado que converse com os outros existentes para
gerenciar a folha, o controle de frequência dos servidores e produtividade.
Transparência
A iniciativa é considerada importante pelo Sindicato dos Médicos
(Sindmédico). “Já devia ter sido tomada há muito tempo, pois traz mais
transparência ao serviço público de saúde e deve confirmar o déficit de
profissionais do qual o governador foi alertado durante a campanha eleitoral”,
disse o presidente da entidade, Gutemberg Fialho.
Para ele, com a medida o governo deveria investir na melhoria das
condições de trabalho, garantir o abastecimento de medicamentos, reagentes e
insumos diversos, além da manutenção dos equipamentos.
“A melhoria nas condições de trabalho deve ter impacto positivo na
quantidade de mortes evitáveis nos hospitais – problema grave do governo
passado e que continua existindo no atual – e na preservação da saúde dos
servidores, que estão sendo afastados por doença”, completou.
Por Manoela Alcântara - Caio Barbieri - Foto: Hugo Barreto - Metrópoles
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