Arquiteta
se inspira na geografia de Brasília para criar obras de arte. As peças de
Helena Trindade conquistam brasilienses residentes em diversos países do mundo,
em busca de lembranças da terra natal
Inspirada pela cidade-museu, a arquiteta Helena Trindade, 30 anos, tem
movimentado o mercado de artes local com obras afetivas que retratam a
cartografia da capital federal. O burburinho em torno das criações da
brasiliense é alto e já levou peças da sua primeira série, Brasília
Minimalista, para várias partes do mundo. Em sua terra natal, a jovem ainda
resiste aos desafios impostos a artistas em início de carreira.
Foi durante um mestrado na Inglaterra, em 2015, que a arquiteta formada
pela Universidade de Brasília (UnB) começou a enveredar pelos caminhos das
artes plásticas. “Durante o curso, eu fazia várias maquetes, no final havia
sobrado materiais e eu decidi fazer uma surpresa para minha mãe: recortar um
mapa de Brasília e dar de presente a ela”, lembra. Com os restos de pedaços de
madeira e acrílico, a jovem criou três quadros e postou no Instagram. O
resultado? Uma enxurrada de pedidos de amigos que gostariam de comprar as
peças.
De lá para cá, Helena não parou mais. Voltou ao Brasil e montou um
ateliê no Lago Sul, local onde testa novas formas, cores e texturas. Com o
aumento do acervo, promoveu uma exposição em sua própria casa. Foi a
galerias, embaixadas, convidou artistas, curadores e alguns amigos apaixonados
por arte. A resposta positiva a incentivou a continuar.
A
determinação de Helena deu frutos e fez com que a arquiteta fosse convidada por
curadores para integrar a lista de exposições coletivas realizadas em galerias
importantes da cidade, como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). E com a
identidade artística forjada por muita experimentação nos últimos quatro anos,
a artista conseguiu realizar a primeira mostra individual, promovida pela Castália
(102 Norte), em 2019.
No Brasil tem pouco estímulo para a arte. Ter a
primeira oportunidade é muito difícil, não tem espaço destinado àqueles
que nunca expuseram. Por isso, decidi ir até as pessoas, foi minha maneira
de ultrapassar essas barreiras" .(Helena
Trindade)
Apesar de
lamentar a falta de apoio e interesse das galerias em receber obras de
“iniciantes”, a jovem celebra o engajamento do público. “Os brasilienses sentem
muita identificação com o traçado urbano, é uma relação afetiva mesmo. As pessoas
veem o mapa e enxergam um pouco delas ali, da sua infância, das suas raízes.
Não é só uma peça de arte”, afirma Helena.
Helena teve de criar um (Lindo) >> site para
dar conta dos pedidos. O sucesso é tão grande que a urbanista recebeu
encomendas com pedidos de quadros com os mapas de São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte e também de outras cidades, como Praga, capital da República
Tcheca, e Winnipeg, no Canadá. “Meu intuito é que as minhas obras ganhem
cada vez mais amplitude, alcancem mais pessoas e eu consiga entrar em
outros mercados”, conclui a artista, que prepara nova série, desta vez, com
formas e desenhos abstratos
Por Raquel Martins Ribeiro – Fotos: Igo Estrela -
Metrópoles