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Brasília, 59 anos

Brasília, 59 anos

*Por Anna Christina Kubitschek Pereira 

Neste 21 de abril de 2019, quando iniciamos a contagem regressiva para a celebração dos 60 anos de Brasília, relembro com orgulho a história desta cidade única no mundo, fruto da força de trabalho de milhares de brasileiros, do talento dos arquitetos do Brasil, dos companheiros de trabalho de JK e, principalmente, da coragem e da visão política de Juscelino Kubitschek, o homem a quem tenho a honra de chamar de avô. 

São tantos motivos para celebrar, mas também algumas tristezas para lembrar. Era muito pequena quando vivi as angústias dos meus avós e da minha família ante as ameaças de prisão e posterior exílio a que meu avô foi submetido pela ditadura militar. Foram anos sombrios, que minha memória de criança guarda com tristeza. Uma tristeza profunda no meu coração que nem mesmo as grandes alegrias que meu avô trouxe para mim e para todos os brasileiros poderá ser apagada. 

Quando nasci, Brasília estava pronta e dava os primeiros passos rumo ao seu grande destino de integração dos quatro pontos cardeais do Brasil. Plantada no centro do país, abriu as fronteiras da nação e uniu norte, sul, leste e oeste através de estradas. 

JK transferiu a capital brasileira em apenas um mandato (1956/1960), realizando o que a corte portuguesa pensou no século 18, a Constituição brasileira sacramentou em 1891 e a Missão Cruls teve o mérito de avançar rumo ao Centro-Oeste (1892) para demarcar as terras onde seria erguida a nova capital do Brasil. 

Brasília é um marco na geografia nacional e representa também a capacidade realizadora dos brasileiros que, em mil dias, ergueram não apenas a maior obra da história do país, mas também realizaram uma capital que se tornou símbolo da arquitetura moderna mundial e por isso tombada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. 

Contudo, tantas conquistas e realizações também foram alvo de muitos ataques e mentiras. JK foi acusado de aumentar a dívida pública nacional e gerar inflação, história feita de meias verdades que Affonso Heliodoro, companheiro político de Juscelino, relata com clareza no livro JK, exemplo e desafio. 

Affonso conta que a dívida externa vinha do tempo do Império: “(...) ironicamente assumida pelo Brasil para ter sua independência reconhecida pela Inglaterra”. Em 1955, ele diz, o país ainda tinha uma alta dívida pública e permanecia colônia tanto quanto no passado. Nessa época, ainda não fabricávamos nem sequer um motor ou gerador. Foi no governo Kubitschek que nosso país passou a dispor de um parque manufatureiro dos mais avançados, compreendendo uma vasta linha de produção formada por geradores, transformadores, turbinas, tornos, máquinas de trabalhar metal, madeira, além de automóveis e navios. 

Em entrevista a Carlos Heitor Cony e em resposta a tantas acusações, JK desabafou: “Creio hoje, mais do que ontem, ter andado de acordo com o supremo interesse da nacionalidade, emitindo não dinheiro, mas 24 mil quilômetros de estradas, 320 mil veículos automotores, 1 milhão e 300 mil toneladas a mais de aço em lingotes, mais de 2 milhões de toneladas de cimento, emitindo volume incomparavelmente maior de petróleo, Furnas, Três Marias, a indústria pesada, enfim, a infraestrutura que delimita a época do nosso progresso”. 

Olho para trás e relembro todas as maravilhas que JK fez pelo Brasil. Meu Deus! Quanta coragem e generosidade ele trouxe ao país. Promoveu o desenvolvimento, gerou empregos, projetou o Brasil no exterior, trouxe autoestima aos brasileiros, estimulou a cultura nacional abrindo as portas para a bossa nova, o cinema novo e, de quebra, o esporte foi reconhecido mundialmente com a conquista do nosso primeiro título na Copa do Mundo de Futebol (1958), além das vitórias de Maria Esther Bueno, nas quadras de tênis da Europa e dos EUA. 

Digo, sem modéstia, que a era Juscelino Kubitschek foi a mais profícua da história nacional, porque foi um governo pautado por projetos bem construídos, metas claras, um governo de diálogo, conduzido democraticamente, com generosidade, alegria e desprendimento. Por isso mesmo, neste abril de 2019, convido todos os brasileiros a iniciarem a contagem regressiva dos 60 anos de Brasília, que serão celebrados em 21 de abril de 2020. 

Vamos todos comemorar esta capital símbolo da democracia, feita de palácios de vidro para dar transparência, palácios cercados por amplos jardins abertos para acolher o povo. Uma cidade-arte, construída para encantar o olhar e mostrar ao mundo o talento dos brasileiros. 

(*) Anna Christina Kubitschek Pereira - Presidente do Memorial JK - Fotos/Ilustração: Blog-Google

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