"Vale notar que os órgãos partidários não foram inativados por decisão da Justiça Eleitoral, mas por vontade do atual presidente, em evidente prejuízo à instituição MDB/DF" (Ibaneis Rocha e Rafael Prudente, em documento enviado à executiva nacional)
Disputa pela direção do MDB no DF - O governador Ibaneis Rocha e o presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente, pedem a dissolução do diretório local, comandado atualmente por Tadeu Filippelli. Eleições internas estão previstas para 6 de maio
Partido do governador Ibaneis Rocha e do presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente, o MDB está no centro de uma disputa pelo comando da direção regional da sigla, atualmente presidida pelo ex-vice-governador Tadeu Filippelli. Em busca de mais espaço e poder na legenda, Ibaneis e Prudente produziram requerimento com pedido de dissolução do diretório local e adiamento de eleições previstas para 6 de maio.
O chefe do Executivo local deixou claro mais de uma vez que anseia por renovação dentro da sigla. Prudente é um dos preferidos do governador para assumir a Presidência do MDB no DF. No plano nacional, o próprio Ibaneis não nega ter planos para comandar a legenda.
No documento encaminhado para a executiva nacional, o governador e o deputado destacam que o estatuto da legenda prevê a dissolução do diretório “quando o desempenho eleitoral não corresponder aos interesses do partido ou for considerado impeditivo do progresso e do desenvolvimento partidário”. A argumentação é de que, notoriamente, o MDB perdeu expressão no Distrito Federal. Além disso, eles acusam a direção atual de, “desgastada”, atuar à revelia do que determina o estatuto.
Um dos exemplos apresentados no texto é a extinção dos órgãos partidários zonais “por vontade do atual presidente”. A decisão contraria, de acordo com o requerimento, as regras do MDB. “Vale notar que os órgãos partidários não foram inativados por decisão da Justiça Eleitoral, mas por vontade do atual presidente, em evidente prejuízo à instituição MDB/DF, sendo, em grande medida, responsável pelo pífio resultado nas eleições legislativas”, atesta o documento.
No texto, Ibaneis e Prudente lamentam a falta de apoio do partido para bancar as campanhas nas eleições de 2018. “O único deputado distrital eleito, atual presidente da Câmara, não tem espaço na atual direção do MDB-DF, nem recebeu qualquer apoio financeiro relevante do partido, assim como o atual governador, que financiou sua campanha praticamente com recursos próprios”, reclamam.
Ainda de acordo com o documento, o MDB-DF, apesar de comandar atualmente o Executivo e o Legislativo do Distrito Federal, está com “a direção, em grande medida, concentrada em pessoas sem compromisso institucional com o partido e desconectadas com a sociedade”.
Prudente e Ibaneis posicionam-se contra a realização de eleições para a diretório regional em 6 de maio por falta de fixar o número de membros da executiva no prazo estabelecido pelo estatuto. Eles afirmam que a medida é arbitrária e permite que os apadrinhados da atual gestão se perpetuem no comando do MDB/DF. “O que se reflete diretamente na dificuldade de desenvolvimento do partido no Distrito Federal, com reflexos no desempenho nacional da legenda”, conclui o texto.
Respeito
Ao Correio, Filippelli alega não ter sido procurado por Ibaneis e Prudente para tratar do assunto. “A única coisa que eu estou sabendo é o que a imprensa tem publicado. Não sei nenhuma coisa mais. Como eles foram à executiva nacional, eu devo, de forma respeitosa, aguardar a comunicação oficial”, alega. Ele nega ressentimentos com os correligionários: “Isso é próprio da política”.
O presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente, não quis dar declarações sobre o assunto. Por meio da assessoria de Comunicação, informou que a questão é interna e tudo o que pensa a respeito da direção regional da legenda está descrito no requerimento. A reportagem não conseguiu contato com o governador Ibaneis Rocha para comentar o tema até o fechamento desta edição.
Alexandre de Paula - Correio Braziliense
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