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EXECUTIVO » Orçamento mensal perde R$ 58,3 milhões


"Tenho confiança na Justiça para dirimir essa dúvida. Enquanto isso, vou contingenciar ainda mais os recursos, que são poucos"  (Ibaneis Rocha, governador)

Orçamento mensal perde R$ 58,3 milhões. Passam a ser recolhidos em maio os valores incidentes sobre o Imposto de Renda dos contracheques do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e da PM. Situação é consequência de decisão do TCU, que reconheceu dívida de R$ 10 bilhões do GDF com a União

O GDF perderá cerca de R$ 58,3 milhões em arrecadação por mês. Com base em decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério da Economia recolherá, a partir da folha salarial de abril, os valores referentes ao Imposto de Renda incidente sobre os contracheques do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e da Polícia Militar. As remunerações das corporações são custeadas pelo Fundo Constitucional do DF, abastecido com recursos da União. Apesar disso, desde a implementação do caixa, em 2003, competia ao Executivo local a retenção da cifra milionária. O entendimento mudou em março, quando os ministros da Corte de Contas estabeleceram que o montante pertence ao governo federal. Por ano, a baixa nos cofres brasilienses deve chegar a R$ 700 milhões.

Para tentar reverter a situação, o governador Ibaneis Rocha (MDB) recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Isso mostra que os ministros querem efetivar a decisão antes mesmo de uma solução judicial definitiva. Acionei a Procuradoria-Geral do DF para apresentarmos recurso ainda hoje (ontem)”, afirmou. Devido ao baque nas contas da capital, a palavra de ordem é economia. “Tenho confiança na Justiça para dirimir essa dúvida. Enquanto isso, vou contingenciar ainda mais os recursos, que são poucos”, completou o emedebista.

Além da perda milionária, a decisão do TCU reconheceu uma dívida de R$ 10 bilhões do GDF com a União, relativa ao passivo acumulado. Dados da Corte indicam que, com a retenção “indevida” dos recursos pela capital, cerca de R$ 4,6 bilhões deixaram de ser encaminhados ao Fundo de Participação dos Estados e do DF (FPE) e ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ao longo dos últimos anos. Para acertar os detalhes do pagamento, o TCU determinou que o Ministério da Economia e o GDF “analisem a conveniência” de submeter à Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal da Advocacia-Geral da União a negociação dos valores.

Orçamento
Após a derrota no TCU, o GDF decidiu reorganizar o orçamento da capital, estimado em R$ 42 bilhões para esse ano, além de adiar o cumprimento de promessas de campanha. O governador suspendeu a negociação sobre o pagamento da terceira parcela do reajuste do funcionalismo público, concedida na gestão de Agnelo Queiroz (PT). O retroativo da dívida, em aberto desde setembro de 2015, equivale a R$ 4.045.476.606. O montante não contempla o valor do aumento previsto para o período entre janeiro e dezembro deste ano, que chega a R$ 1,319 bilhão.

O conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF) Renato Rainha criticou ontem, em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, a decisão do TCU. “Tenho o máximo respeito pelo TCU, é um órgão de controle reconhecido no muito inteiro, mas discordo totalmente dessa decisão.” Segundo ele, a medida fere a Constituição Federal. “O artigo 167 diz que o Imposto de Renda dos servidores deve ser revertido para o Orçamento dos estados, do Distrito Federal e dos municípios”, argumentou. Na visão do conselheiro do TCDF, o governador está correto em levar a questão ao STF. “Os argumentos do GDF são os mais sólidos possíveis para que a gente não perca esses recursos”, avaliou.

Ana Viriato – Alexandre de Paula – Correio Brazi8liense

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