Ibaneis bota quente em reunião: “Me desculpem a
burrice dos síndicos” Reunião que deveria ter selado o acordo sobre
pagamentos para a regularização de condomínios na
região do Grande Colorado terminou com ânimos exaltados na segunda-feira (29/04/2019).
O
governador Ibaneis Rocha (MDB) colocou-se na posição de mediador entre
síndicos, que representam os moradores, e a empresa Urbanizadora Paranoazinho,
proprietária da fazenda onde estão instaladas as ocupações.
Em
determinado momento do encontro, que durou 1 hora e 41 minutos, o
governador se aborreceu ao ouvir de um dos representantes dos moradores que os
condôminos não teriam condições de pagar o que está sendo cotado.
“Isso não
existe no Distrito Federal, isso é impensável. Você adquirir um lote de 900
metros quadrados por 70 e poucos mil reais é impensável no DF. Olha, isso não
existe no Distrito Federal. Lá [no Solar de Athenas], todo mundo é classe
média, eu conheço todos os moradores de lá. São servidores públicos, compraram
os lotes porque não tinham condições de comprar no Plano Piloto. Dizer que não
podem pagar R$ 75 mil em um lote? Aí tem que vender e sair.”
O governador
seguiu no embate com um dos moradores: “Me
desculpem os síndicos, a burrice dos síndicos e dos condôminos, achando que iam
ganhar uma briga perdida. Eu embarquei nisso aí por solidariedade, mas sempre
soube que isso ia dar errado”, disse, referindo-se à decisão do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) contrária ao pleito do condomínio Solar de Athenas,
que reivindicava usucapião em propriedade da Urbanizadora Paranoazinho.
Confira (Vídeos) os dois momentos mais tensos da reunião
dessa segunda:
O
repórter Francisco Dutra acompanhou o encontro, cujo desfecho foi adiado para o
dia 13
Confira:
Moradores
da região do Colorado e a empresa Urbanizadora Paranoazinho (UP) não chegaram a
um consenso sobre os pagamentos para a regularização de condomínios. Ambas as
partes esperavam ver a questão resolvida nesta segunda-feira (29/04/2019), no
Palácio do Buriti. Enquanto síndicos cobraram um preço único pelo metro
quadrado, a companhia defende cinco valores distintos. Diante do impasse, o
Governo do Distrito Federal (GDF), mediador da discussão, marcou nova rodada de
negociações para 13 de maio.
Hoje vivem na região, aproximadamente, 30 mil
pessoas. Antes das ocupações, o local era a Fazenda Paranoazinho, de
propriedade da UP. Parte dos moradores entrou na Justiça com uma ação de
usucapião para conseguir a posse dos lotes. Nesse contexto, recentemente, o STJ
negou o recurso de um dos condomínios, o Solar de Athenas, sobre
a questão.
Na
reunião desta segunda-feira, os moradores defenderam o valor único de R$ 60
pelo metro quadrado para toda a vizinhança. Por outro lado, a UP apresentou uma
proposta com cinco faixas de preços. As negociações travaram e a empresa
abaixou a proposta. Para a área de Contagem I, o preço ficou em R$ 58,23;
para Contagem II, R$ 71; em Contagem III, R$ 104; para Boa Vista, R$ 110; e em
relação ao Grande Colorado, R$ 100.
Segundo o
secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Mateus de Oliveira, um ponto
que deve ser levado em consideração pelos moradores é o gasto com infraestrutura
e compensações ambientais. Ele ressaltou que, pela proposta atual, essa conta
irá para a urbanizadora.
Do ponto
de vista do governo, a definição de preços específicos por áreas é mais
acertada, porque as regiões têm características diferentes. Contagem I e II têm
perfil de baixa renda, enquanto o Grande Colorado varia entre média e alta, por
exemplo.
“A nossa
avaliação é positiva. Foi dado um novo passo importante, porque já houve uma
proposta mais reduzida. O GDF espera que a empresa reduza um pouco mais, embora
entenda que os preços já estão abaixo do mercado. Em relação aos condôminos,
esperamos que eles tenham sensibilidade, pois os valores propostos já são
menores em relação ao que o mercado pratica”, argumentou o secretário.
Negociação
De acordo
com o diretor-presidente da Urbanizadora Paranoazinho, Ricardo Birmann, o
próprio governador Ibaneis Rocha (MDB) apoia a construção de um acordo com
cinco preços. O emedebista participou da reunião desta
segunda-feira (29/04/2019) e bateu na tecla de que a briga na Justiça de
alguns moradores pelo direito do usucapião é infrutífera e mais cara, inclusive
para a própria comunidade.
“Nós
abaixamos nossos preços. São os valores mais baratos do mercado. Se a Terracap
trabalhasse com eles, ela quebraria”, afirmou Birmann. Pelas contas do
executivo, para as obras de infraestrutura e compensação ambiental na região, a
empresa vai desembolsar R$ 200 por metro quadrado, em média.
Segundo o
empresário, caso a questão chegue a uma conclusão em 13 de maio, as negociações
de compra serão individuais. Ou seja, cada proprietário fará a adesão pessoal
no negócio. A urbanizadora montou uma equipe de plantão para prestar
esclarecimentos para a comunidade da região.
Por
Lilian Tahan – Metrópoles
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