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Moradora de Taguatinga: "A menina que quer o mundo!'


Ana Luísa: talento e eficiência na ginástica rítmica a fizeram ser conhecida por grandes treinadores

*Por Alan Rios

A menina que quer o mundo!Com apenas 15 anos, Ana Luísa coleciona conquistas na ginástica rítmica. O suor dos treinos e o apoio da família fizeram dela a número um do Brasil em competição mundial na Rússia. Agora, tenta conseguir recursos para a viagem

Quando Ana Luísa Passos veste o colã e começa suas apresentações, parece voar de tanta leveza. Os movimentos delicados e singelos a fazem tirar os pés do chão e ir longe. Foi esse talento que levou a garota de 15 anos a ganhar torneios em Portugal, chamar a atenção de uma treinadora búlgara, ensaiar séries no Chile e se classificar como a número um do Brasil para o primeiro campeonato mundial de ginástica rítmica da categoria juvenil, na Rússia. Mas mesmo com todas as conquistas que levaram a moradora de Taguatinga para o mundo, ela ainda quer mais: “Meu sonho é ir às Olimpíadas!”.

A paixão pelo esporte começou cedo. Aos 3 anos, começou a frequentar as aulas de ginástica da escola, por influência da irmã mais velha, que também treinava. “Mas era só uma brincadeira, para passar o tempo, porque eu achava bonito”, diz Ana. Mas, antes de se tornar uma atividade séria, quase que a timidez venceu a menina, e o dom foi deixado de lado, como conta a mãe. “Ela era muito na dela e isso atrapalhava um pouco, porque ela até treinava superbem, mas não rendia tanto nas apresentações, com todo mundo olhando. Mesmo assim, os técnicos e árbitros iam falando que ela tinha muito futuro. Então a minha outra filha passou a acompanhá-la e dar uma segurança maior”, lembra Hosana Passos, 5


De pouco em pouco, Ana Luísa foi crescendo como ginasta e percebendo o quanto estar no tablado lhe fazia bem. Esse casamento foi perfeito, porque a ginástica rítmica de Brasília também abraçou a garota, gerando um amadurecimento em ambas. Com 8 anos, os treinadores mais conceituados da capital a enxergavam como a pequena que poderia ser uma grande referência do esporte nacional. Foi isso que Kely Regina Silva, 40, uma de suas técnicas, viu: “Quando me deparei com ela, percebi que a Ana era um diamante a ser lapidado. Ela tem uma história muito bonita, é extremamente dedicada, responsável e comprometida com o que faz. Sabe onde quer chegar”.

Asas e barreiras
Após ser escolhida por Kely, a ginasta começou a treinar com mais intensidade, se desdobrando para conciliar a vida esportiva com a estudantil e pessoal. Como grande parte dos dias eram dedicados ao esporte, a garota fazia atividades das aulas durante o intervalo no colégio, recusava vários convites de amigas para sair e usava o tempo de descanso para ver vídeos de apresentações de outras ginastas. “É um sacrifício muito grande, mas vale muito a pena, porque isso me deixa muito bem”, revela Luísa
Com o esforço, os resultados começaram a aparecer. Entre competições regionais, nacionais e até internacionais, Ana sempre se destacou. Com apenas 11 anos, ela havia conquistado o título nacional da sua categoria e a primeira colocação de um torneio em Portugal. Mas é este ano que pode marcar ainda mais sua carreira, pois a garota se classificou para duas competições onde estarão os melhores atletas rítmicos do planeta, o mundial na Rússia e o Pan-Americano, no México: “Ela foi classificada para as duas como a número um do Brasil”, se orgulha Kely.

Os torneios serão em junho e julho deste ano, mas a falta de patrocínios faz a família encontrar barreiras no caminho até lá. “Nossa vida é muito limitada para bancar todos os custos, que são altos. Ela se classifica para uma competição ótima e nós temos que gastar quase R$ 5 mil com inscrição, viagens e tudo mais. Chegamos a um momento que não temos mais de onde tirar. Recorremos aos empréstimos, mas agora não dá mais. Então nós vamos até onde der”, lamenta Hosana.

Para não deixar a aluna de fora das competições, Kely faz ligações, manda e-mails e se reúne com quem possa fornecer apoio. Enquanto isso, Ana Luísa segue treinando firme, sem deixar a peteca, as bolas, cordas ou fitas caírem. Esperançosa pela participação nos campeonatos internacionais, ela ensaia as séries que apresentará com um sorriso no rosto. “Tenho que ter muito foco aqui, mas isso me faz muito bem. Me sinto feliz fazendo o que eu gosto e indo atrás do meu sonho”, conta. A mãe confessa que se imagina viajando com a filha para as olimpíadas, apesar de lamentar a falta de patrocínio no Brasil: “É difícil termos uma perspectiva muito positiva, mas para isso que existem os sonhos, e eu acredito que a Ana Luísa vai ainda mais longe”, conclui.

(*) Alan Rios – Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


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