Feira das ilicitudes
*Por
Circe Cunha
Criada extraoficialmente nos anos
noventa, graças à forte pressão exercida pelos ambulantes que vendiam
mercadorias pirateadas ou contrabandeadas por diversas áreas do Plano Piloto, a
Feira dos Importados, popularmente chamada de Feira do Paraguai, resiste ao
tempo e à lei. As mais de duas mil bancas que se amontoam hoje, num espaço
cedido pela Ceasa, vendem absolutamente todo o tipo de mercadoria, legal,
ilegal ou ilegalmente, bastando que o consumidor peça sua encomenda ou pedido
ao vendedor certo.
Como em todo lugar, onde se
encontram produtos contrabandeados ou originários de descaminho, diversas
gangues que vivem desse comércio ilegal vão, aos poucos, tomando posse do
lugar, ameaçando e expulsando aqueles comerciantes que não se enquadram nas
novas regras. Hoje a polícia já sabe que a máfia chinesa, que atua em todo o
continente, vem expandindo seus negócios na respectiva feira, controlando a
venda no atacado dessas mercadorias vindas, majoritariamente, daquele país.
A briga generalizada que essa
semana colocou em confronto indivíduos de origem árabe e brasileira, com o uso
de facas, canivetes, tacos de basebol e outras armas, deu apenas uma mostra da
mudança de perfil dos comerciantes daquela feira e de negócios ali realizados.
O fato é que sempre que a polícia realiza batidas naquele local, acaba
encontrando não uma ilicitude, mas um conjunto de crimes que praticamente
perpassa todo o Código Penal.
Soa muito estranho que as
autoridades de segurança não tenham ainda alertado ao governo e à população que
naquela localidade vem, há anos, transformando-se num centro gerador de
diversos crimes que acabam se irradiando por todo o Distrito Federal.
Um simples apanhado no noticiário
referente a essa feira pode dar uma pequena noção dos múltiplos delitos que vêm
ocorrendo ali, sem que providências efetivas tenham sido tomadas. Além das
batidas ocasionais feitas pela polícia com base em denúncias ou crimes
constatados, o comércio de produtos ilegais, alguns de venda proibida, segue
sem problemas.
Causa espanto também que a Câmara
Legislativa, que deveria ter realizado uma Comissão Parlamentar de Inquérito
sobre aquela zona de comércio, permaneça silente. O que pode explicar casos de
negligência como esse é que, a cada nova eleição, praticamente todos os
candidatos fazem daquele local seu palanque em busca de votos.
Num período particularmente
delicado de nossa história, em que algumas autoridades no plano nacional vêm
dolorosamente empreendendo um combate contra o crime organizado que tem se
espalhado pelo país e que vem sendo sabotado por todos os lados, é vital que as
autoridades locais, a quem cabe parte dessa missão, empreendam esforços para
não permitir o desenvolvimento desse verdadeiro ovo da serpente, colocado bem
no seio da capital de todos os brasileiros.
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A frase que foi pronunciada: “Sem
pedras, não há arco.” (Marco Polo, mercador, embaixador e explorador
veneziano)
Confusão generalizada entre feirantes na Feira dos Importados do
SIA, nesta terça-feira (16/7) - (Vídeo)
Politeia: Em parceria com a
UnB, a Câmara terá mais de 200 alunos participando da 14ª edição do Politeia,
que começa com a simulação das reuniões a partir do dia 22 de julho. O objetivo
da iniciativa é promover o aprendizado prático das atividades legislativas por
meio da simulação de atividades parlamentares e do processo legislativo. Alunos
de todo o país estarão em Brasília para o evento que vai até 26 de julho. A
abertura será amanhã, dia 19, no auditório Nereu Ramos, às 19h.
Câmara: Já marcada para o dia
6 de agosto, a comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional discutirá o
uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara. A autoria do requerimento é
do deputado Rubens Bueno.
Pires: Depende de o Congresso
dar aporte ao orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações. O Projeto de Lei 5876/16 e o Projeto de Lei Complementar 78/19
preveem o descontingenciamento de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT). O ministro pontuou ainda a necessidade de
revisão legal do setor de telecomunicações (PLC 79/16), em tramitação no Senado
Federal.
Qualificação: Traz esperança
à cidade, o encontro do governador Ibaneis Rocha com o presidente da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José
Roberto Tadros. O objetivo é a qualificação profissional em restaurante-escola,
hotel-escola e uma central de distribuição de alimentos.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Fotos: Arquivo/Pessoal
- projetopoliteia.com - fab.mil.br – Divulgação - Paulo H.
Carvalho / Agência Brasília – Correio Braziliense