Reservatório do Descoberto: volume de água em 89,2%, 20% a mais do que o
previsto pela Adasa
Reservatórios cheios, mas consumo preocupa. Bacias do DF
surpreendem pelo volume acima do esperado, mas umidade baixa, falta de chuva e
descuido com uso da água chamam a atenção para cuidados com desabastecimento
Após um ano e dois meses desde o fim do período de
racionamento no Distrito Federal, o nível dos reservatórios do Descoberto e de
Santa Maria apresentam situação privilegiada no volume de água. Ontem, a Bacia
do Descoberto ficou abaixo dos 90% pela primeira vez após oito meses.
Monitoramento da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do
Distrito Federal (Adasa) revelou que a capacidade total foi de 89,2%, mas o
número não é preocupante e está 20% a mais do que o previsto (69%). O
reservatório é responsável pelo abastecimento de aproximadamente 75% da
capital.
O de Santa Maria também apresentou leve baixa. Até
o fim de junho, o volume estava em 100%, mas chegou a 96,6% ontem. Apesar da
recessão, a cota está dentro do esperado para este mês, que é de 83%. Segundo o
diretor de Operação e Manutenção da Companhia de Saneamento Ambiental do
Distrito Federal (Caesb), Carlos Eduardo Borges, a redução da capacidade dos
reservatórios surpreendeu as estimativas. “Entramos no período de seca poupando
água e estamos acima da meta estipulada”, explicou.
Para afastar qualquer risco de um novo racionamento
no DF, a Caesb instalou mais dois sistemas de captação de água, uma no Córrego
Bananal, no Lago Norte, e outra no Lago Corumbá 4. Até o fim do ano, será
instalado novo sistema no Lago Paranoá, como adiantou Eduardo.
Sem chuvas há 82 dias, a capital sofre com o
período da seca. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
não há previsão de chuvas até a próxima semana. “O céu estará parcialmente
nublado, mas sem chuvas. A seca e o clima quente predominarão. A umidade do ar
deve ficar entre 25% e 80%”, previu Hamilton Carvalho, meteorologista do Inmet.
Alerta: Mesmo com os índices positivos nos reservatórios, a
Caesb chama a atenção da população para o consumo. Dados da empresa mostram
que, nos quatro primeiros meses do ano, o uso de água aumentou 10% em relação
ao mesmo período do ano passado. Enquanto de janeiro a abril de 2018 foram
utilizados 46,3 milhões de metros cúbicos, em 2019, subiu para 51 milhões de
metros cúbicos, muito próximo do registrado em 2016 (52,7 milhões de metros
cúbicos), antes da crise hídrica. “É um número preocupante. A população está
voltando aos níveis de consumo de 2016, mesmo período anterior à crise
hídrica”, alerta Carlos Eduardo.
O aumento do consumo foi constatado a partir do
segundo semestre de 2018, logo após o fim do racionamento. Mas medidas simples
podem ajudar a reduzir o consumo, como desligar a torneira na hora de escovar
os dentes, reutilizar água para lavagem de piso e reduzir o tempo de banho.
Cortes: O racionamento de água no
Distrito Federal começou em 16 de janeiro de 2017, após o nível das barragens
cair drasticamente. Em novembro do mesmo ano, o reservatório do Descoberto
chegou a 5,3% da capacidade total, o menor nível da história. O reservatório de
Santa Maria atingiu 21,9%, em novembro. A restrição no abastecimento começou
para as regiões atendidas pelo Descoberto. Após 43 dias, as pessoas abastecidas
pela Barragem de Santa Maria também começaram a enfrentar o rodízio. Os cortes
previstos terminaram em 15 de junho de 2018. 82: Total
de dias sem chuva no Distrito Federal
Por
Darcianne Diogo – Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense