Novo secretário: ''Governador tem legitimidade para impor programas''
- João Pedro Ferraz assumiu nesta terça-feira (20/8) a Secretaria de
Educação com uma missão: acelerar a implementação da gestão compartilhada com a
Polícia Militar em escolas da capital
Ex-procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), João Pedro
Ferraz assumiu ontem a Secretaria de Educação com uma missão: acelerar a
implementação da gestão compartilhada com a Polícia Militar em escolas da
capital. No primeiro dia à frente da pasta, ele defendeu a decisão do
governador Ibaneis Rocha (MDB) de militarizar, inclusive, os colégios que
disseram “não” ao modelo: “Ele tem não só a legitimidade para impor os seus
programas e para estabelecer as políticas públicas, mas também a responsabilidade
de fazer isso”, disse, em entrevista ao Correio.
Como
foi o convite do governador? Ele me ligou ontem e perguntou se eu poderia
assumir a Secretaria de Educação. Como debatemos o conceito de que a
administração é única, somos um time e entendemos que qualquer um dos
componentes do GDF está perfeitamente habilitado para assumir qualquer posto.
Coloquei-me à disposição e, hoje, acordei secretário de Educação.
O senhor não tem experiência na
educação pública. Acredita que a bagagem em outras funções será suficiente para
comandar essa secretaria? Trabalhei como servidor público por 30 anos e fui
procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT). Tenho noção de
administração. Na secretaria, há uma equipe de funcionários efetivos e
comissionados de primeira linha. Minha experiência no serviço público e como
professor da rede particular e minha vivência sindical me ajudarão muito. Mas a
parte fundamental, que me auxiliará mesmo, é o time da pasta de Educação.
O governador provocou polêmica ao
ignorar o resultado das consultas públicas e implementar a gestão compartilhada
mesmo nas escolas que a rejeitaram. Não é antidemocrático? Não. A democracia se expressou quando o governador
foi eleito. Naquele momento, a população deu a ele a incumbência de resolver os
problemas da educação e de outros setores, como saúde, segurança. Ele está
tentando fazer isso da melhor maneira. Estamos com um projeto que temos certeza
de que passará de experimental para proposta requerida por todas as escolas.
O futuro do Gisno é incerto, mas o CEF
407, de Samambaia, que também rejeitou o modelo em votação, está garantido na
gestão compartilhada. Qual é a diferença? Lá, nós temos um problema sério de segurança. Um
dia depois da consulta pública em que se rejeitou a proposta por uma diferença
pequena, houve um incidente na porta da escola. Um aluno adolescente foi vítima
de agressão e foi parar no hospital. Isso é uma necessidade daquela escola.
Talvez não seja necessidade premente do Gisno, mas lá é. O governador tem não
só a legitimidade para impor os seus programas e para estabelecer as políticas
públicas, mas também a responsabilidade de fazer isso. Então, claro que isso
passa por um processo de consulta, mas talvez o formato dessa consulta não
tenha sido o melhor. É possível que tenha se transformado o que seria uma
consulta numa eleição. O governador acha que é fundamental que lá se tenha uma
escola com o mínimo de segurança e disciplina.
Em 2020,
o governador pretende criar escolas 100% militarizadas. O senhor concorda com a
medida? Trata-se
de uma escola nos mesmos moldes dos colégios militares federais. Será opcional.
Com certeza, uma escola dessas terá uma demanda muito maior. Então,
naturalmente, haverá um processo de seleção. Quanto maior o número dessas
instituições de primeira linha, melhor para a educação. Mas isso não significa
que vamos militarizar todo o ensino.
Hoje, o senhor tem reunião com o
governador e com o Sinpro para tratar do futuro do Gisno. Depois disso, deve
também conversar com diretor da escola e a coordenação regional? Eu vou conversar com todo mundo. Se tem uma coisa
que gosto de fazer é de conversar. Então, não me canso de ouvir e de discutir.
Eu sou professor, ensinei 25 anos, não na escola pública, mas em faculdades de
direito. Então, eu tenho também essa vivência com o corpo docente, discente,
com comunidade escolar e não tenho nenhum problema em conversar.
Ana
Viriato – Alexandre de Paula – Foto: Carlos Vieira – Correio Braziliense -
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