Grupos criminosos se alastram na capital do país
*Por Circe Cunha
Não é de hoje que as autoridades de segurança e inteligência reconhecem
que é de dentro dos diversos presídios, espalhados pelo país, que operam os
centros nervosos de controle e de recrutamento contínuo das grandes
organizações criminosas. O quartel-general do crime desses diversos e
perigosíssimos grupos tem endereço fixo, salas de reuniões, celulares, visita
constante de advogados e familiares que agem como pombos, refeição na hora
certa, cumplicidade de carcereiros amedrontados, morosidade e benevolência da
Justiça, segurança 24 horas, o que permite às organizações trabalharem, com
afinco, no aperfeiçoamento de suas empresas e de seus métodos.
A infraestrutura precária de muitas dessas prisões e a superlotação
ajudam na montagem desses grupos. Conversas obrigatoriamente em sigilo com
advogados e durante as visitas íntimas auxiliam na circulação de mensagens e
ordens. A simples falta de bloqueadores de celulares e outros instrumentos de
telecomunicação esforçam a ida e vinda de ordens e contraordens.
Num ambiente como esse, onde as normas rígidas de controle são
condenadas constantemente pelo pessoal dos direitos humanos e as regalias são
obtidas com o dinheiro farto do crime, não surpreende que essas organizações
estejam em franco desenvolvimento.
Ainda há uma equipe bem montada trabalhando dentro e fora das cadeias
que colabora para a sincronização das ações criminosas. Não bastasse tanta
facilidade, esses grupos contam diariamente com a chegada de novos presos, que,
forçosamente, vão compor o exército de malfeitores. Com dinheiro, organização e
hierarquia, esses grupos se proliferam também dentro de presídios considerados
de segurança máxima.
Para assegurar que essas organizações trabalhem sem incômodos, existe
ainda uma legislação que, aos olhos do cidadão de bem, parece favorecer mais o
bandido do que a vítima. A imagem de presos vestidos de camiseta e bermuda
brancas, com as mãos algemadas e em fila entrando em um banco público, para
formalizar as burocracias de uma conta, pela qual receberão uma espécie de
salário mensal, diz muito sobre esse surrealismo que é o sistema de segurança
neste país.
Contando com a solidariedade dos garantistas do Judiciário e de parte
dos partidos de esquerda, que os veem como vítimas da sociedade, não causa
surpresa que esses grupos encontrem, em nosso país, um território propício para
expandir seus negócios. Não causa surpresa também que a população da capital do
país venha assistindo com temor à expansão das organizações na cidade e nos
arredores, inclusive com a formação de grupos nas diversas regiões
administrativas.
A prisão agora de integrantes de um tal CDC na periferia da capital
confirma outra dura realidade, que é a consolidação de cidades, que nada mais
são do que currais políticos, criadas da noite para o dia, sem infraestrutura
alguma e onde a juventude local, ante a falta do que fazer, vem se juntar a esses
grupos em busca de um futuro que não existe. Nesses casos, os culpados diretos
estão longe dessas regiões, só reaparecendo, a cada quatro anos, para dar
prosseguimento à tragédia anunciada.
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A frase que foi pronunciada: “Era só não falar” Conselho
de Lula, sobre jornalistas, a Palocci
A verdade: Sem entrar no mérito da questão, a natureza das notícias fascina.
Virando as páginas dos jornais, o fogo intenso contra quem quer acabar com a
corrupção é interrompido pela fala do braço direito do PT, Antonio Palocci.
Organizado do jeito que é, os detalhes não escaparam sobre os 12 políticos e as
16 empresas delatadas.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Fotos: Alexandre de Paula/CB/D.A Press -Rodolfo Buhrer/Reuters - Charge: ibamendes.com (Quinho) – Correio Braziliense
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