Sarampo assusta
O aumento dos casos de sarampo no Brasil acendeu a
luz vermelha no governo federal e o Ministério da Saúde já cogita decretar
emergência em saúde pública e iniciou o processo de compra de vacina contra a
doença no exterior, já que o estoque do imunizante encontra-se baixo. Ao
colocar em operação o Comitê Operativo de Emergência em Saúde, as autoridades
tomam a decisão acertada para impedir a proliferação do vírus da enfermidade em
todas as regiões do país, o que certamente acarretaria danos irreparáveis à população,
obrigada a conviver com epidemias de dengue e febre amarela nos últimos tempos.
Diante do quadro atual, esforços não podem ser
medidos para a manutenção de ações de bloqueio e de imunização de grupos
prioritários. O início do funcionamento do comitê é o primeiro passo para o
combate sistemático à doença. Ele é composto por membros de vigilância,
vacinação, atendimento hospitalar, atenção básica e assistência farmacêutica. O
grupo é responsável pelo acompanhamento diário da evolução da epidemia e, em
caso de ocorrências acima do previsto, propor novas estratégias para o
enfrentamento da enfermidade.
Com a expectativa de que se replique em outros
pontos do país a explosão de casos ocorridosem São Paulo, o Ministério da Saúde
age corretamente em se antecipar e tomar as medidas cabíveis, entre elas a
aquisição de vacinas no mercado internacional. Já são considerados como surto
registros em 37 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Bahia. Também
foram registradas ocorrências em Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Como a
doença é altamente contagiosa, o período de férias escolares do meio do ano,
quando muitos aproveitam para viajar, contribuiu para a propagação do vírus do
sarampo.
O grave é que o Brasil perdeu o certificado de país
livre de circulação do vírus que causa a enfermidade emitido pela Organização
Pan-Americana de Saúde (Opas). Isso se deu com a confirmação de um caso
endêmico — transmitido na mesma região — no Pará, em fevereiro deste ano. O
critério estabelecido para a retirada do certificado é a incidência de casos
confirmados do mesmo vírus durante 12 meses. O primeiro aconteceu logo após a
chegada de imigrantes venezuelanos em Roraima, no Norte, fugindo da ditadura
bolivariana de Nicolás Maduro.
O sarampo pode provocar lesões graves e levar o
paciente à morte, principalmente em crianças menores de 5 anos ou adultos com
mais de 30 anos com má nutrição, com deficiência de vitamina A ou cujo sistema
imunológico esteja debilitado por outras doenças. As complicações mais sérias
da enfermidade são cegueira, encefalite, infecções respiratórias, como
pneumonia, e diarreia grave. E os profissionais de saúde têm de redobrar a
atenção porque os sintomas do sarampo são muitos parecidos com os da dengue,
que há anos assola o país.
Que todas as medidas necessárias sejam tomadas para
frear a movimentação do vírus do sarampo em território nacional. Seja por meio
de campanhas educativas, vacinação em massa e de grupos mais vulneráveis, seja
com o acionamento dos demais dispositivos que as autoridades de saúde têm em
mãos. O Brasil não pode retroceder em setor que se destacou muito nas últimas
décadas: a imunização em massa de sua população.
Correio Braziliense – Foto/Iustração: Blog - Google
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