A seca traz a beleza dos ipês amarelos às ruas da capital federal. A
seca traz o desconforto, mas também a beleza. Brasília tem mais de 200 mil pés
de ipês que são responsáveis por um espetáculo colorido e delicado nos meses
mais difíceis do ano
Desde a segunda quinzena de maio, os brasilienses começaram a sentir os
efeitos da seca. Brasília está há mais de 90 dias sem chuva e o estado é de
alerta, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para esta semana,
a previsão é de que as temperaturas variem entre 16ºC e 33ºC. “A umidade
permanece abaixo de 20%, e o clima apresentará poucas nuvens e névoa seca”,
explica Mamedes Mello, meteorologista do Inmet. No auge da estiagem, a
capital federal presenteia a população com pequenos oásis nos quais as cores
explodem: os ipês estão floridos e, na Catedral, o comércio de flores secas do
cerrado colore a paisagem. Os canteiros de flores são pausas para os olhos e a
mente em dias quentes e com baixa umidade. É o prenúncio da primavera, que
começa em 23 de setembro em todo o país.
Os “queridinhos” de Brasília são os ipês. A capital tem mais de 200 mil
pés dessa árvore, sendo 60 mil deles amarelos. Alguns chegam a 18 metros de
altura. Depois do florido amarelo, chega a vez do rosa (floresce no fim de
setembro e vai até o fim de outubro), seguido pelo branco, que dura entre três
e cinco dias e, por último, o verde, que aparece no fim deste mês.
As nativas do cerrado estão por todo canto, principalmente na região
central, perto dos Eixos Sul e Norte, Setor Bancário e na Avenida L4,
embelezando o percurso dos motoristas que trafegam diariamente por essas vias.
Nas entrequadras da 404 e 216 da Asa Norte, na tesourinha da 114 Sul e na
altura do Sesc da 504 Sul, também é possível avistá-los.
Os ipês não são as únicas flores que embelezam as ruas da cidade no
período da primavera. Há outras espécies coloridas, como as árvores cambuí,
paineira, flamboyant, jequitibá, jacarandá, quaresmeira, imbiruçu e sapucaia. O
flamboyant, por exemplo, chama a atenção em três tonalidades: amarelo,
alaranjado e vermelho. O imbiruçu tem a peculiaridade das flores brancas nas
extremidades dos galhos despidos de folhas.
Alegria, paz e
harmonia: Quem é apaixonada pelos ipês-amarelos é a artesã Marcelina
Rodrigues, 22 anos. Por onde passa, não perde a oportunidade de fazer uma foto.
“As árvores coloridas dão um charme para Brasília e passam um ar de alegria. Eu
sou louca por ipês, principalmente por um que fica em frente à Rodoviária do
Plano Piloto. Ele é bem cheinho e contagia quem passa”, comenta.
A amiga de Marcelina, Gabriela Azevedo, 20, veio conhecer a capital e se
encantou. A costureira é de São Jorge, em Maceió, e chegou em Brasília na
última quinta-feira. “Achei a cidade linda e, com certeza, os ipês são a marca
registrada daqui, pois nunca o vi em nenhum outro lugar. Já tirei várias fotos
para mostrar aos parentes da minha região. O que estou estranhando é o clima,
que está bem quente. Minha garganta está seca e meus lábios estão rachando”,
conta.
O técnico em enfermagem Bruno Corrêa, 32, comenta que passa todos os
dias em frente aos ipês do Conic, e não resiste à tentação de tirar
fotografias. “Eu moro na Asa Sul e preciso pegar a estrada do Conic para chegar
ao trabalho. O contraste das cores no período da manhã me traz uma sensação de
relaxamento, de vida. É um sentimento muito gostoso”, diz.
Flores na
decoração: É impossível passar em frente à Catedral Metropolitana e não se
impressionar com a beleza das flores secas do cerrado. Aglomeradas em
barraquinhas de artesãos, elas chamam a atenção dos brasilienses e turistas.
São mais de 50 espécies, com cores que vão do rosa-neon ao vermelho-vibrante.
O artesão Valdimiro Ferreira, 58, administra uma das barracas há 28
anos. “Tenho um carinho especial pelo meu trabalho, principalmente no resultado
final. É de se admirar”, diz. Todo o processo de elaboração, como colheita,
tingimento e decoração é um trabalho minucioso e demorado, mas que resulta em
uma linda decoração para a casa. “Nós tiramos a clorofila e usamos um produto
para desidratar. Aqui, a mais procurada é a flor-porta-guardanapo. Muitas
pessoas compram para colocar na mesa de jantar ou receber convidados”, conta.
Missãoipêcb: Para celebrar o colorido das árvores que se tornaram
símbolo de Brasília, o Correio lançou mais uma edição da campanha
#missãoipêcb. Ainda dá tempo de participar da campanha e ter a chance de ter
sua foto publicada nas redes sociais, no site e no Correio Braziliense.
Fez um lindo registro de ipê? Compartilhe com a gente. Para participar, publique
uma foto tirada por você no Instagram com a hashtag #missãoipêcb.
Por Darcianne Diogo* - Thiago Cotrim* ~ *Estagiários sob
supervisão de Nahima Maciel - Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense