As ruas e os
shoppings
*Por Circe Cunha
Em qualquer cidade do mundo, uma das grandes
atrações, preferidas por 9 em cada 10 turistas, é poder caminhar com
tranquilidade pelas ruas e avenidas, observando as pessoas, as praças, o
comércio local e as vitrines das lojas, com suas variedades de produtos e
preços. Nesse tipo de esporte, andam-se quilômetros sem perceber. É assim em
Nova Iorque, Paris, Londres, e na maioria das grandes cidades, onde as ruas são
limpas, iluminadas, seguras e aprazíveis. Sentar em um banco, ver o público se
movendo de um lugar para outro, fazer um lanche, tomar um café, repor as
energias e seguir desbravando a cidade, a pé, conhecendo seus segredos, sua
gente.
Não apenas turistas buscam esse prazer, mas os
próprios moradores também buscam as ruas para se distrair. A rua é a extensão
natural da casa e uma necessidade do ser humano para interagir, conversar,
encontrar amigos, se divertir. Muito mais do que um lazer, as ruas representam
um fator de saúde para muitos que vivem fechados em espaços exíguos e com
poucos movimentos.
Em Brasília, essa necessidade foi amplamente
pensada e posta à disposição de seus moradores, principalmente dentro do Plano
Piloto, que, à época da construção da capital, se acreditava ser o espaço
principal e único da cidade. Dentro dessa concepção é que foram projetadas as
avenidas W3 Norte e Sul.
Com uma extensão de aproximadamente 13 quilômetros,
incluindo o trecho em que corta perpendicularmente o Eixo Monumental, essas
duas avenidas, outrora o centro nervoso da capital, são reconhecidas, pela
maioria dos urbanistas, como o principal e potencial eixo de comércio da
cidade. Com um desenho e uma topografia para lá de favoráveis a todo o tipo de
atividade comercial e de lazer, essas, que poderiam ser duas das maiores e mais
aprazíveis avenidas do mundo, continuam esquecidas e adormecidas numa espécie
de sono profundo
Com isso, um processo lento e gradual de decadência
foi-se instalando nessa vital artéria, propagando seus males para as várias
ruas adjacentes. Os prejuízos econômicos para a capital, ao longo de todos
esses anos de abandono, são incalculáveis e, se corrigidos, dariam para
construir uma outra capital.
Inconcebível que numa moderna vitrine do que de
melhor se fez em arquitetura e urbanismo nesse país, uma longa via como essa,
praticamente esperando uma oportunidade para acontecer e brilhar, não se tenha
um projeto racional e belo que possa restituir a vida a essa avenida.
Enquanto esse dia não chega, os shoppings, que se
aproveitaram dessa leniência de seguidos governos continuam faturando. Do estacionamento
aos preços de qualquer produto, o custo pela manutenção desses edifícios
gigantes são repassados aos consumidores. Um simples cafezinho, que na rua você
encontra por até R$ 4, nos shoppings chegam a custar R$ 10. Essa majoração de
preços assustadora vem por conta dos altos alugueis e de outros custos que esse
tipo de mercado geram para os lojistas.
Revitalizar as avenidas W3 Sul e Norte é acabar com
esse tipo de monopólio de comércio que gera lucro apenas para os donos do
empreendimento. O renascimento das W3’s significa a geração de milhares de
empregos, aumento na oferta de produtos, concorrência mais intensa e melhores
preços para os consumidores, além de uma excelente opção para os turistas e
para os habitantes da cidade, que terão a oportunidade de fugir dos ambientes
monótonos, caros e sempre iguais dos shoppings.
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A frase que foi pronunciada: “Susana estava mais W3 do que nunca.” (Nicolas
Behr, candango construtor de poesias)
Dia desses: Alegre e rodeado por amigos, o general
Mourão se deliciava num restaurante especializado em carnes, na asa norte.
De olho: Em 19 de outubro de 1961, essa coluna
publicava sobre o uso indevido de carros oficiais. Os abusos continuam 57 anos
depois.
Cores e perfumes: Sucesso o
FestFlor. Produtores como o seu Francisco Araújo puderam trocar cartões com
negócios prósperos. O lucro foi satisfatório na mostra. Segundo a Emater, são
139 produtores de flores e plantas ornamentais que recebem capacitação pela
instituição. Dados revelam que em Brasília, por consumidor, são gastos R$ 44,23
por ano na compra de flores contra R$ 26,27 da média nacional, movimentando
cerca de R$ 200 milhões anuais até o consumo final. (Vídeo)
Pega mal: É preciso o pessoal da página do governo
do DF ficar mais atento às informações repassadas aos leitores. Há uma aba na
página do GDF que chama a atenção pelo nome: “espalhe a verdade”. Ao acessar a
url (https://bit.ly/2lSy8Tm),
a notícia mais atualizada é de abril de 2017.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” –
Ari Cunha – Fotos: Valdemir Cunha
(viagemeturismo.abril.com) - Ailton de Freitas - Tomaz
Silva/Agência Brasil - Marcelo Camargo / Agência Brasil – Correio
Braziliense
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