Gestão moderna para hospitais
- GDF: Hospital de Base é o modelo
que outras unidades devem seguir
*Por Agatha Gonzaga
O Instituto de Gestão Estratégica
do Distrito Federal (Iges-DF) deve começar uma série de consultorias em
unidades de saúde do DF, a partir de dezembro deste ano. O objetivo é aplicar
às demais unidades o mesmo modelo de gestão utilizado hoje no Hospital de Base
(IHBDF), no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), e também em seis UPAs,
administradas pelo instituto.
O Iges vinha estudando junto ao
Governo do Distrito Federal (GDF), estratégias que pudessem auxiliar o restante
da saúde pública, e até mesmo assumir a administração de outros hospitais. Mas
em recente entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio e da TV Brasília, o
governador Ibaneis Rocha (MDB) informou que ao invés de entregar mais unidades
básicas de saúde ao instituto, o Iges seria responsável apenas pelas
consultorias nos hospitais.
“Nós vamos começar escolhendo um
deles, menor, e vamos cobrar índices, ver o que está faltando, se é
medicamento, se é pessoal, e levar o modelo do Iges para dentro dos hospitais
da rede pública sem interferir na gestão direta. Vai ter diretor, que vai ser
público, vai ter o superintendente da regional, que vai ser público, mas nós
vamos ter o acompanhamento dos índices de gestão e monitoramento pelo
instituto. Não pode ser tudo privado. O que nós temos de criar é que modelos,
então vamos pegar o que deu certo no Iges-DF e aplicar na rede pública”,
explicou o governador.
Em entrevista ao Correio, o
diretor-presidente do Iges, Francisco Araújo, também falou sobre a preservação
do serviço público. “Caso assumamos, por exemplo, quatro hospitais, estaremos
manejando uma média de 6 mil servidores concursados. Vamos usar a expertise do
instituto e capacitar os servidores que estão nas unidades para aplicar o
modelo de gestão do Iges”, completou.
A criação do Iges-DF foi a grande
aposta do governo Ibaneis para solucionar o caos na saúde pública. A entidade
passou a funcionar há cerca de oito meses após a aprovação da Câmara
Legislativa do DF (CLDF). Diferentemente do restante das unidades de saúde
pública, o instituto ganhou um modelo híbrido (estrutura pública com gestão
privada), em que é possível ter um Regulamento de Compras e Regulamento de
Contratação de Pessoal. Esses dois instrumentos, possibilitam flexibilizar e
acelerar processos, como a contratação de médicos, compra de equipamentos,
medicamentos, além de operação de obras, sem a necessidade de processo de
licitação. Com isso, os hospitais devem apresentar resultados mais rápidos,
diminuição de filas de atendimento e melhor gestão de recursos.
Flexibilização: Questionado de que forma, então, o instituto seria capaz de reduzir as
filas de espera nos demais hospitais, sem ter as prerrogativas do Iges, o
diretor respondeu: “Comprovadamente, nós sabemos que, hoje, na saúde, a
flexibilização dos processos gera um resultado mais rápido para a população.
Então, nós pactuamos com o governo um tripé que acreditamos para a área:
comunicação direta com a população, informatização da Secretaria de Saúde e
expansão do modelo de gestão. O Hospital de Base, por exemplo, é 100%
informatizado do ponto de vista de protocolo médico, de prontuário eletrônico,
nós consolidamos um sistema em que o paciente tem um tempo-resposta maior que
em qualquer outro lugar”.
Sobre a burocratização rede
pública, o diretor acrescentou que o problema que emperra a secretaria é a
burocracia, a forma como são feitos os processos. Tem licitação, por exemplo a
de manutenção predial, que leva um ano para sair o processo. Aqui, no Iges, nós
temos o regulamento de contratações, nossa equipe é mais rápida”.
Processo: Atualmente, o instituto trabalha com um efetivo de 7 mil funcionários, e
a Secretaria de Saúde com 35 mil servidores públicos. As unidades que devem
receber as consultorias, de no máximo de três meses, período dado pelo
diretor-presidente como suficiente para aplicar o modelo de gestão, são: 16
hospitais públicos, um hospital universitário, e seis Unidades de Pronto
Atendimento. De acordo com o gestor do Iges, ainda não há um levantamento exato
de quanto esse serviço custará ao GDF, mas garante que como todo processo que
passa pelo instituto, haverá garantia de transparência e controle efetivo dos
investimentos.
A reportagem solicitou à
Secretaria de Saúde um balanço dos dados de fila de espera para cirurgias,
atendimento médico e realização de exames dos últimos dois anos, e também deste
ano sob a gestão do instituto, mas até o fechamento desta matéria, não houve
retorno.
O Sindicato dos Empregados em
Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), informou, por meio de nota:
“A forma de gerir a máquina pública é ato discricionário do Executivo e, nesse
tema específico, importa ao sindicato que o serviço continue sendo público para
garantir à sociedade os princípios constitucionais do SUS, com agentes públicos
contratados por concurso e com a consequente valorização dos servidores,
através de política de fortalecimento das carreiras e o incremento dos
equipamentos de saúde”.
Recursos: O Instituto
de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) apresentou à Câmara Legislativa
do DF, ontem, um pacote de projetos com 15 metas estruturantes para serem
executadas em 2019/2020. O objetivo é conseguir apoio parlamentar para o
financiamento dos investimentos. As ações estão estimadas em aproximadamente R$
80 milhões.
"A flexibilização
dos processos gera um resultado mais rápido para a população” (Francisco Araújo, diretor-presidente
do Iges)
(*)Agatha Gonzaga – Foto:
Minervino Júnior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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Saúde