Os Guerreiros na Praça dos Três Poderes. Obra é
popularmente conhecida como Os Candangos, um símbolo da cidade.
Bruno Giorgi e suas esculturas ajudam a contar a
história de Brasília Artista paulista é autor das obras Os Guerreiros – mais
conhecida como Os Candangos –, o Meteoro e Monumento à Cultura, espalhadas pela
cidade.
Reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Brasília chama a
atenção de moradores e turistas pelos conjuntos arquitetônicos. Entre eles,
monumentos, edifícios e esculturas.
As obras do artista Bruno Giorgi, por exemplo, são
símbolos da capital. Giorgi é conhecido como um dos mais importantes escultores
brasileiros. Filho de pais italianos, ele nasceu em 1905, em São Paulo, e
morreu em 1993, no Rio de Janeiro. A mãe o colocou para fazer aulas de
escultura quando criança, por ser um menino muito agitado. A convite do
arquiteto Oscar Niemeyer, o artista desenvolveu três obras na capital entre as
décadas de 50 e 60. Os Guerreiros foi a primeira escultura criada por
ele.
Elaborada em 1959 e mais conhecida como Os
Candangos, a obra é feita em bronze e está localizada na Praça dos Três
Poderes. Os Guerreiros foi a primeira escultura criada por ele. Elaborada em
1959 e mais conhecida como Os Candangos, a obra é feita em bronze e está
localizada na Praça dos Três Poderes. Segundo o professor de Arte da
Universidade de São Paulo (USP) Olívio Guedes, a expressão “candangos” vem da
África, mais precisamente de Angola. “Os negros chamavam os portugueses assim.
Durante a construção de Brasília, aquelas pessoas que vinham, principalmente do
Nordeste, eram apelidadas dessa forma. Então, esse nome deixou de ser um vilão
e passou a ser uma homenagem aos trabalhadores”, lembra.
Na avaliação do doutor em História da Arte, a
escultura, que mostra duas pessoas se abraçando, é uma forma de dizer que dois
guerreiros estão lutando por um país igualitário. “Os três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário) estão reunidos naquela praça. A imagem traz um
simbolismo de união, força e equilíbrio”, classifica Olívio Guedes. Outra
escultura de Giorgi, que fica ao lado do edifício do ministério das Relações
Exteriores, chama atenção na Esplanada dos Ministérios.
Pesando cerca de 50 toneladas, o Meteoro foi
construído em 1967. O material feito em mármore Carrara (italiano) demorou
cerca de 14 meses para ser finalizado e quase caiu na cabeça do artista no
momento da colocação.
A escultura O Meteoro está localizada no espelho d’água
do Palácio do Itamaraty. Para Frederico Barreto, professor do Departamento de
Projeto, Expressão e Representação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de Brasília (UnB), a peça circular que parece flutuar sobre o espelho d’água do
Palácio do Itamaraty representa os laços diplomáticos entre os países do mundo.
“É uma esfera estilizada montada em cinco peças que se interceptam de forma
harmoniosa, mas que permite ver seus desvãos e suas distinções”, comenta.
Construído em 1965, o Monumento à Cultura fica na
praça Edson Luís, na UnB. Doada pelo empresário Adolpho Bloch, a escultura
também é feita em bronze. Para Guedes, ela representa uma sustentação cultural.
“As colunas possuem asas e foram colocadas no meio da universidade, isso
significa que quando colocamos asas no conhecimento podemos voar longe”, diz.
Barreto explica que a obra tem formas corporais altamente estilizadas.
“Mais pontiagudas e elegantes, simbolizando a
atitude alerta e vigilante que é expressada em muitas obras de Bruno Giorgi.”
Monumento à Cultura fica na praça Edson Luís, na UnB .
Modernismo, as esculturas de Bruno Giorgi foram
feitas no período modernista. Olívio Guedes lembra que o movimento surgiu na
França, no final do século 19, mas chegou ao Brasil apenas em 1922 e se
estendeu até 1960.
“Os modernistas tinham por base a experiência do
país deles, como a política e a cultura. No caso de Bruno Giorgi, ele juntou a
cultura dos dois países”, explica. Frederico Barreto afirma que o movimento
causou grande revolução nas formas, nos materiais, nos simbolismos e na própria
conduta dos artistas, seja na arquitetura, na escultura, na dança, nas artes
plásticas e visuais ou na literatura.
“Eles eram libertários e protagonistas de
advocacias transformadores na sociedade” conta.
Galeria de Fotos: https://bit.ly/2kAzBgD ,
Por Ana Luiza Vinhote – Fotos: Renato Araújo -
Agência Brasília