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Abrace: Depois do plantio, a grande colheita


Depois do plantio, a grande colheita

*Por Jane Godoy  

Foram anos e anos de luta. Reuniões, discussões, planos sonhos… decepções. Incansáveis, parecia que aqueles idealistas sonhadores acordavam do torpor da queda anterior e, como Fênix, eles ressurgiam das cinzas.
E a luta começava. De porta em porta, mostrando a políticos e pessoas habilitadas a atendê-los.

Aquilo que a Abrace (Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias), pais, avós, e toda a comunidade sabiam “na ponta da língua”: Brasília, a próspera, moderna e conhecida mundialmente capital do Brasil, não tinha um hospital dedicado inteiramente às crianças, quando outras cidades, de outros estados, que não eram sequer as suas capitais, já tinham.

Então, por isso, tínhamos que assistir ao disparate de vermos os pequenos, portadores de doenças complexas e de evolução crônica, sobretudo o câncer infantil, misturados com adultos, acidentados, pacientes portadores de enfermidades contagiosas ou já terminais, compartilhando laboratório, radiologia, ambulatório e tantas outras unidades. Internados no 7º andar do então Hospital Distrital de Brasília, depois Hospital de Base, nas mãos daqueles valorosos médicos pediatras, se dividiam nas mais importantes especialidades.

Ao terem que fazer exames laboratoriais ou todas as áreas de necessidade, então deixavam de ser crianças e tinham que compartilhar com todos, de todas as faixas etárias, num só hospital.

O ideal e as necessidades cresciam no peito e na cabeça de cada um daqueles que ali estavam e bem sabiam que aquele não era um bom lugar para tratar crianças, fossem elas de que idade fossem.

Depois de discussões infindáveis sobre o foco do sonhado hospital, sobre o qual ou quais especialidades se dedicar, como clínica-geral ou câncer infantil, sem um local determinado para concretizar o sonho, a luta reverberava nos corações dos pediatras e da Abrace, seguia o seu rumo, na árdua tarefa da conscientização daqueles que tinham esse poder nas mãos.

O final feliz todo mundo conhece. Terreno concedido e assinado, em 2004, pelo então governador Roriz, a luta mudou de endereço, mas não mudou de objetivo.

Brasília finalmente teria o seu Hospital Infantil, Hospital Pediátrico, Hospital da Criança, Hospital de Especialidades Pediátricas, Hospital do Câncer Infantil. Não importava o nome. O importante é que a capital da República teria o hospital dos sonhos dos abnegados médicos que, espremidos naquele 7º andar do HBB, terminada a obra, teriam o seu espaço verdadeiramente dedicado às crianças.

Muita água correu em baixo da ponte, mas o sonho seguia o seu rumo, junto a Abrace. Ajudados, desde o início, pelo casal benfeitor que empunhou a batalha, Mariza e o então vice-presidente da República, José Alencar, que dá nome ao definitivo Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), lá está, de forma irreversível o nosso tão bem montado HCB.

Para seu perfeito funcionamento era preciso criar uma forma moderna e eficaz de gestão. Surgiu, então o Icipe (Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada).

Outro entrave, outras dificuldades e tudo o mais que pudesse inibir a gestão tranquila e transparente do instituto e, por consequência, do hospital.

A cada interferência do Ministério Público, acusações, conceitos mal formados e mal fundamentados, surgiam a cada dia. Mais decepção e busca de defesa e reforço de argumentação, na defesa da instituição que, já em funcionamento, dependia de tudo no tocante a tratamento e acompanhamento médico. Hoje é dia de falar de alegria, de paz, de realização de tantos sonhos.

Por unanimidade, desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) consideraram e proclamaram a inocência, por unanimidade, do Icipe, quanto à acusação de “improbidade administrativa”, depois de ser julgado em segunda instância na quarta-feira (16).

Agora, nós, testemunhas oculares da história do Hospital da Criança de Brasília José Alencar, podemos respirar aliviados e agradecidos esperando, ainda, que nada mais aconteça, que possa prejudicar, ainda mais, a gestão daquele hospital.

Continuaremos orando para que a paz esteja em cada cantinho tão lindo e protetor, construído, desde 2009, por iniciativa e o esforço da Abrace e da comunidade de Brasília que, por meio de doações, eventos beneficentes, arrecadou mais de R$ 30 milhões, para execução do projeto e alegria das famílias das crianças, que tanto dependem dele.

Deus é testemunha!

(*) Jane Godoy – Coluna 360 – Graus -Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press –  Blog/Google - Correio Braziliense


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