Casa Própria » BRB reduz taxa de
financiamento a 6,99%. Índice anunciado pelo Banco de Brasília para crédito
imobiliário é o mais baixo entre os concorrentes e o menor da história do país.
Medida passa a valer amanhã e deve impulsionar o setor no Distrito Federal. (*Por Jéssica Eufrásio)
No caminho das tendências do
mercado nacional, o Banco de Brasília (BRB) anunciou mais uma redução nos juros
de financiamento imobiliário para pessoa física. A taxa caiu para 6,99% ao ano
— somada à taxa referencial (TR), que está zerada —, sendo a mais baixa entre
os concorrentes e a menor registrada na história do país, segundo dados do
Banco Central. Os valores promocionais, antecipados com exclusividade ao
Correio, passam a valer a partir de amanhã e beneficiarão clientes do BRB,
desde que atendidas cinco condições (leia Crédito barato).
A taxa passa a ser aceita tanto
para negociação pelo modelo do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que vale
para imóveis de até R$ 1,5 milhão, quanto pelo Sistema Financeiro Imobiliário
(SFI), em que não há limite de valor. O financiamento pelo banco ocorrerá em
até 35 anos e limita-se a 80% do valor total da propriedade. A decisão partiu
de uma reunião extraordinária da diretoria do BRB, na manhã da última
sexta-feira, e deve resultar em uma aplicação de R$ 250 milhões.
O diretor presidente da
instituição, Paulo Henrique Costa, comenta que a medida representa uma
oportunidade para as famílias “realizarem o sonho da casa própria em um momento
em que o mercado imobiliário de Brasília se aquece” e que ocorre em uma época
de disputa acirrada entre bancos. “Há um movimento de ajuste de taxa de crédito
imobiliário no mercado inteiro. Elas começaram o ano na casa de 8,5%. Os bancos
foram se mexendo, se ajustando a essa nova realidade, à melhora da economia e
ao aumento de vendas do setor”, afirma Paulo Henrique.
A diminuição é a segunda
anunciada em 2019. Em junho, o BRB derrubou de 8,1% para 7,7% ao ano no modelo
do SFH. Paulo Henrique avalia que a taxa atual é a ideal e acrescenta que ela
vale para a compra de imóveis em qualquer unidade da Federação e por clientes
do Distrito Federal ou de um dos oito estados onde há agências. “Desde o início
de nosso trabalho, sinalizamos que o crédito imobiliário era um produto
importante por gerar relacionamento de longo prazo com os clientes, fomentar a
cadeia produtiva enorme da construção civil e, portanto, criar emprego, renda e
desenvolvimento no DF. Resolvemos ser bem agressivos”, ressaltou.
Comparativos: O aumento nas
vendas de imóveis; a queda da taxa básica de juros, a Selic — a 5,5% ao ano —;
e a liberação do 13º salário são fatores que têm estimulado o movimento de
bancos, de olho em clientes interessados em financiamento. Entre seis outras
instituições financeiras verificadas pela reportagem, a taxa mínima de juros varia
de 7,3% a 7,99%. Para entidades do setor econômico, as baixas terão “forte
impacto” no mercado. “Esse momento viabiliza o sonho da casa própria. Até
agosto, houve mais lançamentos de empreendimentos no DF do que em todo 2018. A
nossa expectativa é de mais 30 até o fim do ano”, aposta Paulo Muniz,
conselheiro da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito
Federal (Ademi).
Professor do Departamento de
Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto
Bocaccio Piscitelli recomenda que os interessados em adquirir um imóvel próprio
levem em conta tanto os comparativos das taxas quanto as condições oferecidas
por cada banco. “Essas são operações que exigem muito cuidado, por serem de
longuíssima duração e por dependerem de vários componentes. Os prazos são
importantes, e a adequação deles ao fluxo de renda do cliente, também. É
necessário ver se há capacidade de dar uma entrada mais elevada e reduzir peso
e prazo das prestações; a condição familiar, não só pessoal; entre outros
fatores. É preciso avaliar possibilidades”, aconselha.
Crédito barato: Regras das taxas
oferecidas pelo BRB Redução • Mínima: 6,99% ao ano, mais taxa referencial (TR)
• Máxima: 7,5% ao ano, mais TR
Condições: Ter conta-corrente
no BRB • Crédito mensal de salário • Cartão de crédito • Mobile banking ativo •
Descontos com débito direto em conta
É necessário manter todos os
serviços ao longo de toda a vigência do contrato. A ausência de qualquer um dos
produtos por mais de três meses consecutivos leva a taxa de juros ao valor
original (7,5% a.a., mais taxa referencial)
Prazo: Até 420 meses (35 anos),
com máximo de 80% de financiamento pelo banco • Entrevista Paulo Henrique
Costa, diretor presidente do Banco de Brasília (BRB)
Qual é a proposta por trás da
medida de reduzir a taxa de crédito imobiliário? Há duas questões-chave: a
primeira é que o crédito imobiliário é o produto que atrai mais relacionamento
com o cliente. Ou seja, quem vem e faz o crédito imobiliário fica muito tempo
com o banco, e queremos atrair novos clientes, valorizar e garantir a
permanência dos que aqui estão. O segundo movimento é o de estimular o
desenvolvimento da economia local, mostrar que o BRB, como banco de
desenvolvimento e de fomento, cumpre seu papel, estimulando toda a cadeia
produtiva da construção civil.
Como essa decisão beneficiará
clientes do banco? Além de rever as taxas, reorganizamos todo o nosso processo
de crédito imobiliário. Avaliamos todos os nossos clientes, servidores públicos
ou não e, hoje, eles têm crédito pré-aprovado. Quem foi aprovado tem um valor
que vai conseguir consultar no próprio aplicativo do banco a partir de
segunda-feira. Fizemos parceria com uma série de construtoras: ou as que têm
financiamento da obra dentro do próprio BRB, ou as que fizeram convênio com o
banco para esses empreendimentos. Assim, os clientes do BRB não vão precisar
trazer nenhum documento, pois temos documento da empresa, vendedora do
empreendimento e a documentação do cliente. É uma revisão de processo que visa
diminuir o tempo de concessão do crédito imobiliário para cinco dias úteis.
Queremos mudar a experiência do cliente com o crédito imobiliário, tendo a
melhor taxa, o melhor atendimento e o melhor processo de concessão,
aproximando-nos tanto do cliente pessoa física quanto pessoa jurídica.
O setor produtivo está em um
patamar seguro para um movimento como esse? A economia do DF está crescendo
duas vezes mais do que a nacional. A indústria da construção civil fez uma
quantidade de lançamentos significativa. Neste ano, fechamos contratos de oito
empreendimentos, contra três no ano passado. Estamos percebendo o aumento dos
lançamentos. Há um conjunto de elementos que nos interessam, do ponto de vista
de fidelizar os clientes, e representam aceleração da economia do DF. Vemos um
número histórico baixo de estoque de imóveis para pessoa física. Há aceleração
na velocidade de vendas, e a gente acredita que é o momento adequado de o BRB
atrair clientes para este novo momento. É um momento em que apostamos no
crescimento, na modernização e no aumento da competitividade do BRB.
Se houver mudanças na economia,
com pessoas ainda receosas para comprar um imóvel, quais seriam as perdas para
vocês? Esse é um viés negativo para falarmos. Claro que a economia do país
pode, em algum momento, mudar. Você pode ter um aumento de taxas de juros, e a
atual não permanecer assim para sempre. Mas prefiro olhar pelo outro lado, que
a economia teve uma aceleração no DF, que o sistema financeiro se movimentou e
reduziu as taxas, e o BRB foi junto. É importante que as pessoas aproveitem —
porque essa é a menor taxa da história nessa modalidade de financiamento — para
realizar o sonho da casa própria.
O que mais é importante destacar
para a população sobre essa oportunidade? Que fizemos um movimento de
simplificação do processo. Hoje, o BRB é o único banco em que — se você tiver
conta-corrente, a obra for financiada pelo banco ou a construtora tiver
convênio conosco — é possível fazer operação de crédito imobiliário sem
fornecer nenhum documento adicional. Por isso, trata-se de um movimento de
revisão de processos; de conquista e melhora do atendimento do cliente; e de
ganho de eficiência.
As condições valerão apenas para
imóveis de pessoas físicas e jurídicas? Não Também estamos melhorando as
condições de financiamento dos imóveis retomados pelo BRB, os que chamamos de
bens não de uso (do banco, BNDU). Estamos baixando para uma taxa promocional de
6,75% (ao ano, mais TR), com máxima de 7,5%, seja no SFH (Sistema Financeiro de
Habitação) ou no SFI (Sistema Financeiro Imobiliário). São públicos diferentes
e tipos de imóveis diferentes. Aqui, no caso da pessoa física, são imóveis que
as pessoas olharam com cuidado, escolheram e que estão maduros para comprar. No
BNDU, são negócios de oportunidade, e a quantidade é relativamente pequena.
"Quem vem e faz o crédito
imobiliário fica muito tempo com o banco, e queremos atrair novos clientes,
valorizar e garantir a permanência dos que aqui estão” ~"Estamos percebendo
o aumento dos lançamentos. Há um conjunto de elementos que nos interessam, do
ponto de vista de fidelizar os clientes, e representam aceleração da economia
do DF” ~ "É importante que as pessoas aproveitem para realizar o sonho
da casa própria”
(*) Por Jéssica Eufrásio - Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Google/Blog - Correio Braziliense