De onça a
gambá: DF registra 7 aparições de animais silvestres por dia. Só nos primeiros
seis meses do ano, 1.273 bichos foram resgatados. O número é 28% maior do que o
computado no mesmo período de 2018. (Por Matheus Garzon)
Jiboia na
Asa Sul, jacaré debaixo da Ponte do Bragueto, onça-parda andando por
condomínios de Sobradinho e até bicho-preguiça pendurado em poste. O Batalhão
de Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal (BPMA-DF) registrou, até
quarta-feira (03/07/2019) sete aparições por dia de animais silvestres em áreas
urbanas. O número de ocorrências até o momento já é 28% maior do que o
computado no mesmo período de 2018.
De acordo
com o major José Gabriel de Souza Júnior, não há uma a razão única para o
incremento de casos. “Creio que a população está mais consciente da importância
da preservação ambiental e, por isso, recebemos mais chamadas. Além disso, as
grandes chuvas do começo do ano, aliada à proximidade cada vez maior do ser
humano com áreas preservadas tem contribuído para esse fenômeno”, opina.
Já o
biólogo e diretor de mamíferos da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Filipe
Reis, lembra que, além de os humanos estarem se aproximando das reservas
ambientais, as próprias unidades que comportam animais silvestres já estão bem
próximas do limite. “Esses espaços possuem uma capacidade de suporte. Quando
ela se preenche, os novos bichos precisam de um lugar para se acomodar e acabam
se deslocando para áreas já urbanizadas”, explica.
Para
Filipe, somente com políticas públicas que criem os chamados corredores de
fauna, que as aparições irão se reduzir. “Isso evitaria que os animais ficassem
ilhados, aumentaria a diversidade genética e trilharia caminhos fora do local
urbano para eles se movimentarem.”
Relembre
alguns casos registrados em 2019: Jibóia na Asa Sul - Jacaré na Ponte do
Bragueto - Bicho-Preguiça Próximo ao Zoo de Brasília - Onça Parda passeou por Condomínio
de Sobradinho - Filhote de Veado as margens de rodovia do DF - Onça Parda
resgatada por PM as margens de Rodo Via do DF.
O Plano
Piloto apresenta, de acordo com os especialistas, todas as características para
que seja a região do DF com o maior número de aparições. “Por causa da presença
do Lago Paranoá, de uma boa área verde conservada e da grande presença humana,
é normal que este, junto dos Lagos Norte e Sul, seja o local com mais
ocorrências”, cita o major Souza Júnior.
Preservar
é importante: Filipe Reis destaca o papel significativo que cada animal tem
para que o ecossistema fique equilibrado. “Se o animal é nativo, o ideal é só
deixá-lo onde está.” A seca, segundo ele, pode fazer com que outros bichos
saiam do seu habitat em busca de alimento. “Macacos-prego e quatis, por
exemplo, podem precisar de procurar comida. O alto número de incêndios também
pode obrigar os animais a saírem da zona deles”, conta.
O major
Souza Júnior cita, como maior exemplo de animal que deve ser cuidado, o saruê, também
conhecido como gambá. Tido como um bicho indesejado, é comum ver o marsupial
sendo apedrejado. “O que muitas pessoas não sabem é que ele se alimenta de
escorpiões. Essa onda de picadas pode, sim, ser relacionada com um
desequilíbrio na cadeia: há poucos saruês para comerem muitos aracnídeos”,
afirma.
Por conta
disso, o Souza Júnior faz o alerta: nunca se deve tentar capturar ou pegar
qualquer bicho. “É possível nos contatar pelo (61) 99351-5736. Normalmente,
pedimos para que seja enviada uma foto, se possível. Caso o animal esteja
dentro de casa, o ideal é fechar a porta do cômodo e esperar que o BPMA chegue.
Se estiver em quintal ou garagem, tentar acompanhar os movimentos dele”,
aconselha.
Por
Matheus Garzon – Fotos: CBMDF/Divulgação - Metrópoles
Tags
ÁGUA E MEIO AMBIENTE