Insegurança na praça
No último fim de semana, em
Brasília, dois motoristas de transporte por aplicativos foram vítimas de
latrocínio (roubo seguido de morte). Só neste ano, no Distrito Federal, foram
registrados 71 casos de roubo com restrição de liberdade — 57 a mais do que em
2018, ou um caso a cada dois dias e meio. Esse aumento assusta os profissionais
e expõe uma das muitas fragilidades desse sistema de transporte.
As maiores operadoras no Brasil —
Uber, 99, Cabify — afirmam que dispõem de mecanismos para proteger os
condutores, a começar pelo acompanhamento da rota que fazem. Se houver uma
mudança no roteiro da viagem, a empresa aciona a polícia. Mas esse cuidado tem
se revelado insuficiente para preservar a integridade dos profissionais.
Em Belo Horizonte, os bandidos
deixaram de lado os taxistas convencionais e passaram a mirar os que usam
aplicativos. No Rio Grande do Sul, entre 2016 e 2018, foram 2,2 mil assaltos, a
maioria deles na capital (59,12%). Em todo o país, ocorreram mais de 18
assassinatos de motoristas de aplicativos.
A insegurança a que estão expostos
os profissionais repercute mal também no exterior. Nos Estados Unidos, esses
assassinatos tiveram destaque no The New York Times. Além de realçar a
insegurança no Brasil, o periódico norte-americano foi incisivo ao cobrar uma
providência mais eficiente das operadoras do sistema de transporte por
aplicativo.
O aumento dos ataques aos
motoristas de aplicativos exige, também das autoridades brasileiras, uma
pressão maior sobre as administradoras do serviço. Há tecnologia disponível
para ações preventivas mais eficazes. As empresas têm que investir parte do
lucro que ganham na proteção dos trabalhadores.
A violência se estende por todo o
país. O Brasil é visto como um dos mais violentos do planeta. Uma posição que
compromete a imagem brasileira no cenário internacional e deixa a maioria dos
brasileiros apavorados.
Os números de homicídios,
latrocínios e outras barbáries, coletados por órgãos do governo, como o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos autores do Mapa da
Violência, mostram que falta uma política de segurança pública que dê
tranquilidade a todos os cidadãos. O aumento do número de vítimas, pelos mais
diferentes crimes e pela ação de bandos organizados, precisa ser contido. Essa
é uma responsabilidade do Estado. A sociedade espera uma resposta à
altura contra a violência que ameaça esses trabalhadores e todos nós.
Visão do Correio –
Correio Braziliense - Foto/Ilustração: Blog-Google
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