Preocupação com o verde. Construção ao lado de Parque da Asa Sul deixa
moradores receosos por ficar perto de árvores e nascente. Representantes da
escola que será erguida no local informam que área será revitalizada
"Em uma área urbana, é muito prejudicial ultrapassar o limite dos 50m,
porque podemos ter inundações. Quando a chuva bate, em vez de infiltrar o solo,
ela fica no asfalto, no cimento, e corre até chegar a um lugar baixo"
Carlos Bomtempo, diretor de Meio Ambiente do Conselho Comunitário da Asa Sul
“Uma Unidade de Conservação, criada pelo Decreto nº 24.036/2003, com
objetivo de proteger e recuperar as nascentes e paisagens naturais do bioma
cerrado, além de estimular o desenvolvimento de atividades de educação
ambiental e lazer em contato com a natureza.” É assim que o Instituto Brasília
Ambiental (Ibram), em seu site, define o Parque da Asa Sul, localizado na 614.
Mas moradores da região temem que o objetivo principal do local seja desviado,
pois uma obra na região preocupa pela proximidade com a área verde.
Dentro do parque, há um curso d’água e, de acordo com a Lei Federal nº
12.651/2012, toda nascente deve ser protegida por um raio mínimo de 50m. Mas um
braço do rio a menos de 20m da construção levanta polêmicas. No licenciamento
da obra, ele não é considerado pelo Ibram.
Porém, para Carlos Bomtempo, diretor
de Meio Ambiente do Conselho Comunitário da Asa Sul (CCAS), esse braço pode ser
uma nascente. “A medição do órgão foi feita a partir de uma das nascentes, mas
o Parque parece ter três”, alerta.
A preocupação levou o CCAS a denunciar o caso para o Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que pede revisão dos parâmetros
avaliados para licenciamento da obra. A intenção é de que técnicos
especialistas do MP possam realizar a análise da água observada pela comunidade
para definir se é ou não uma nascente. “Caso seja, a obra traria riscos. Em uma
área urbana, é muito prejudicial ultrapassar o limite dos 50m, porque podemos
ter inundações. Quando a chuva bate, em vez de infiltrar o solo, ela fica no
asfalto, no cimento, e corre até chegar a um lugar baixo. Lá, enche e inunda.
Em época de chuva, ela cobre roda de carro, de tão alta”, afirma Bomtempo.
Conservação: O MPDFT acompanha o caso desde 2011. Na última atualização do caso, o
órgão enviou ofícios para os órgãos fiscalizadores e, agora, aguarda resposta.
Procurado, o Ibram detalhou que “o processo de licenciamento foi rigoroso
devido à nascente”. A instituição de ensino que está sendo construída, a Escola
Eleva Brasília, informou que tem planos de revitalização do Parque da Asa Sul.
Atualmente, moradores do bairro reclamam da estrutura do local, que
carece de banheiros, bancos, bebedouros e outras melhorias. “A obra está
rigorosamente em conformidade com todas as exigências apresentadas pelo Ibram e
tem todas as licenças ambientais exigidas pelo Instituto. Estamos em conversas
com o próprio Ibram para podermos investir no Parque da Asa Sul para torná-lo
cada vez mais útil para a comunidade”, comunicou o centro de ensino.
Alan Rios – Fotos: Leo Milhomem - Alan Rios - Correio Braziliense
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ÁGUA E MEIO AMBIENTE