Golpe por aplicativo assusta
usuários. Vazamento de conversas privadas, envio de links para os contatos,
solicitação de dinheiro a amigos e familiares e chantagens estão entre os
principais prejuízos provocados por golpistas que exploram o WhatsApp
indevidamente
A clonagem de aplicativo de
mensagem atingiu 8,5 milhões de brasileiros, segundo pesquisa realizada em
agosto pela PSafe, desenvolvedora de software de segurança. O levantamento, que
analisou a principal plataforma de mensagens via smartphone, o WhatsApp, mostra
que entre os principais prejuízos trazidos pela clonagem do mensageiro estão o
vazamento de conversas privadas; o envio de links de golpes para os contatos; a
solicitação de dinheiro a amigos e familiares; e chantagens.
Mas, afinal, como funciona o
golpe? Segundo Emílio Simoni, especialista em cibersegurança e diretor do Dfndr
Lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, nesse tipo de
fraude, o golpista monitora sites de anúncios on-line e identifica novos. Em
seguida, entra em contato com a vítima por SMS ou por meio de um programa de
mensagens previamente configurado. No contato, o criminoso alega que houve um
problema no serviço e pede que ela clique em um link para receber o código. “Ao
clicar nesse link, a vítima ativa, automaticamente, o telefone do golpista, que
terá acesso a dados, conversas, contatos e imagens pessoais”, detalha Emilio.
Emílio diz que a ação mais comum é
o contato com parentes e amigos da vítima, na qual o criminoso escreve que
precisa de ajuda em uma situação de emergência, geralmente, solicitando
transferência bancária. “Em alguns casos, os golpistas podem ter acesso a
conteúdos sensíveis, como prova de traições conjugais, e praticar estelionato e
chantagem”, alerta o especialista em cibersegurança.
Foi o que aconteceu com a autônoma
Mônica da Silva Cândido, 43 anos. Recentemente, ela foi vítima desse tipo de
crime. “Recebi uma mensagem dizendo que o aplicativo não funcionava mais no meu
telefone. Pessoas começaram a me ligar e foi quando percebi o que tinha
acontecido”, lamenta. “Nós enviamos uma mensagem para o golpista, dizendo para
parar (com aquilo) e que sabíamos que era ele que estava dando o golpe. Foi
quando ele não ficou mais on-line”, acrescenta. Mônica registrou ocorrência
logo em seguida. “Ele pode ter entrado em contato com outras pessoas que não
faziam parte dos meus contatos. Caso ele tenha lesado alguém, a vítima poderá
achar que fui eu, por ser o meu número”, argumenta.
A estudante Bruna da Silva
Fernandes, 21, passou pela mesma situação. Em agosto, teve a conta clonada após
abrir um anúncio em plataforma de vendas on-line. E uma colega, pensado que a
jovem precisava de ajuda, transferiu R$ 1,1 mil para a conta do estelionatário.
“Ela não conseguiu recuperar a quantia de volta, e isso gerou um desfalque no
orçamento dela, já que estava guardando o dinheiro para planos do fim de ano”,
queixa-se.
A solução de Bruna foi comprar um
chip de resgate na operadora e, ao fazer o cadastro do número dela novamente, o
golpista foi desconectado da conta. Ela sentiu-se impotente, principalmente
pelo prejuízo da amiga: “É aquela questão, nos achamos espertos demais para
cair nesse tipo de crime e pensamos que situações como essas nunca acontecerão.
É algo rápido, fazemos sem pensar, no impulso, e só percebemos depois”,
ressalta.
Em nota oficial, o WhatsApp
esclareceu que, ao receber uma mensagem de número desconhecido, o usuário tem a
opção de bloquear ou denunciar o contato, além de controlar quem vê as
informações. Segundo a empresa, é importante que a pessoa entre em contato com
as autoridades locais, caso sinta que está com a integridade física ou
psicológica ameaçada. “Geralmente, não temos acesso ao conteúdo de nenhuma
mensagem. Isso restringe a nossa capacidade de verificar a denúncia e de tomar
as medidas cabíveis”, informa a nota.
A quem recorrer? Para a advogada especialista em direito do consumidor Ildecer Amorim, ao
cair nesse golpe, é importante que o usuário registre ocorrência. “Hoje,
inclusive, é possível fazer até pela internet, facilitando a informação e
permitindo que sejam procuradas rápidas medidas para evitar que o crime virtual
se propague”, orienta. “A denúncia é sempre muito importante. Com base nela é
que as autoridades agirão”, adverte.
Ildecer destaca que, se forem
acessadas senhas ou dados pessoais, é importante cancelar cartões de crédito e
débito para evitar compras indevidas. Além disso, a instituição financeira pode
ser informada para cancelar e fazer novas senhas. “No boletim (de ocorrência),
deve conter o máximo de dados possíveis para que a autoridade policial também
tente descobrir quem está por trás do golpe”, detalha.
Proteja-se: Especialista e
consultor em segurança, o coronel Leonardo Sant’Anna, da Polícia Militar do DF,
dá dicas de como se proteger para evitar esse tipo de golpe: Atualizar o WhatsApp; Não entrar
em redes wi-fi que não conhece; Não deixar o WhatsApp funcionando em
computadores pessoais ou de trabalho sem que a pessoa esteja usando essas
máquinas; Em alguns casos, é possível habilitar o reconhecimento facial para
que o programa seja acessado.
Por Ana Maria da Silva*~~*Geovana
Oliveira (* Estagiárias sob supervisão de Guilherme Goulart) - Foto:
Blog/Google - Correio Braziliense
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JUSTIÇA