GDF quer iniciar cobrança de estacionamento público
ainda em 2020. O resultado da avaliação dos estudos para implementar a Zona
Verde foi publicado no Diário Oficial e será submetido a audiência pública. (*Por Bruna Lima)
A política para implementação de estacionamento pago que promete impactar a vida de
milhares de motoristas brasilienses está mais perto de sair do papel. O plano
do Governo do Distrito Federal (GDF) é conseguir colocar em prática a cobrança
por vagas de automóveis em áreas públicas da região central de Brasília em
2020.
O corpo técnico da Secretaria de Transporte e
Mobilidade (Semob) fez os estudos de viabilidade para a implementação
da Zona Verde. O anúncio do projeto vencedor foi publicado no
Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta quarta-feira (20/11/2019).
A empresa Rizzo Parking and Mobility S/A deverá fazer os
ajustes demandados pelo governo para que a proposta seja submetida a audiência
pública.
O conteúdo do estudo com detalhamentos dos locais
da Zona Verde, forma de funcionamento, sugestão de valores a serem cobrados,
obrigações com manutenção e investimentos em políticas públicas só será
divulgado com o aviso de audiência. A expectativa é de que a população e
entidades interessadas comecem a colaborar a partir de janeiro do ano que vem.
O que se sabe, por enquanto, é que o projeto
obedece às diretrizes estabelecidas inicialmente pela Semob. A cobrança pelo
estacionamento em áreas residenciais do
Plano Piloto, por exemplo, permanece. A medida, no entanto, será aplicada
somente aos visitantes, ficando os moradores do local isentos de pagamento.
A lista de referência dos locais, por outro lado,
não foi seguida à risca por nenhuma das duas empresas que apresentaram as
propostas. Os pontos serão definidos na finalização dos estudos, com as avaliações
da área técnica do governo
Ajustes: Um
dos ajustes necessários é o detalhamento de áreas que funcionarão com cobranças
por diária ou por intervalos de horário, de maneira a permitir rotatividade e
não impossibilitar o uso de automóveis para aqueles que necessitem do meio de
locomoção. É o que afirma o secretário de Transporte, Valter Casimiro
“O objetivo é dar oportunidade de estacionamento a quem precisa dele de
forma rotativa, conseguindo ter acesso rápido a serviços e comércios. A
tendência é de que aqueles que deixam os carros estacionados durante toda a
jornada de trabalho passem a optar pelo uso do transporte público, o que irá
diminuir o fluxo nas rodovias”, explica o secretário.
A frota atual do DF conta com mais de 1,8 milhão de
veículos, sendo que os automóveis representam mais de 70% desse número – 1,2
milhão, segundo o último levantamento do Departamento de Trânsito do Distrito
Federal (Detran-DF). A área central de Brasília dispõe de 80 mil vagas. “Com as
políticas de cobrança, as vagas que hoje são insuficientes devem sobrar. O
governador quer que a medida passe a valer ainda no primeiro semestre do ano
que vem”, revela Casimiro.
Investimentos: A
empresa que vencer a licitação para administrar a Zona Verde terá que devolver
parte dos valores arrecadados para melhorias na mobilidade urbana. “Uma das
exigências é a criação de bolsões de estacionamento próximos aos grandes
terminais de transportes públicos”, afirma o secretário. Ainda não há definição
se os estacionamentos nessas áreas serão gratuitos ou terão cobranças menores.
A criação da Zona Verde visa estimular o uso
eficiente e mais sustentável dos espaços e transportes públicos. Para dar
certo, o professor e especialista em engenharia de trânsito Paulo César Marques
alerta: “O objetivo é reduzir a dependência dos automóveis. Para isso, a forma
de aplicar as arrecadações precisa estar definida e garantir investimento em
transporte coletivo e outros modais. Brechas que permitam a destinação das
verbas com foco nos próprios estacionamentos somente vão atrair mais carros, o
que não resolve o problema”.
A fim de melhorar a mobilidade urbana, Paulo afirma
ser necessário, também, reforçar as linhas e a integração entre modais. “Se bem
construída, essa política de estacionamento será boa e oportuna, inclusive do
ponto de vista econômico, já que a rotatividade das vagas deve trazer mais
movimento aos centros comerciais”, conclui.
(*) Por Bruna Lima - Foto:
Rafaela Felicciano - Metrópoles
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