Memorial da Bíblia vira polêmica
A pedido da comunidade evangélica, o governador Ibaneis Rocha (MDB) promoveu
nesta semana o lançamento da pedra fundamental do Memorial da Bíblia do Brasil,
no Setor Militar Urbano (SMU). O projeto do monumento é atribuído a Oscar
Niemeyer. O desenho foi elaborado a partir de um esboço do arquiteto. Mas o
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF) nega que a
autoria seja do arquiteto dos monumentos de Brasília. “A imagem revela o
descalabro da proposta: baseado em um rabisco que foi feito por Niemeyer,
um arquiteto foi contratado para desenvolver um estudo baseado nas poucas
linhas deixadas por ele, sete anos após sua morte”, afirma a nota do CAU/DF. “O
rascunho não conta com maiores informações sobre dimensões, proporções, cores,
materiais, estruturas e soluções técnicas. Em suma: trata-se de um rabisco e
não de um projeto”, acrescenta o presidente do conselho, Daniel Mangabeira, na
nota.
Fim de carreira
O problema é a
reserva de mercado. Um projeto que leva a assinatura de Niemeyer não se submete
à licitação pública e ainda tem custo proporcional ao talento do mestre da
arquitetura. “Genialidade não é hereditária e autoria é determinada pelo CAU
com Registro de Responsabilidade Técnica”, afirma o órgão. Não é o caso. Não há
qualquer registro. Segundo o presidente do CAU-DF, Daniel Mangabeira,
provavelmente só dois brasileiros que viveram no século XX serão lembrados na
posteridade: Oscar Niemeyer e Pelé. Mas seus sucessores não podem marcar um gol
ou assinar um projeto por eles. “Chegou a hora da comunidade se unir novamente
em torno de uma ideia: a de que a excepcional obra de Oscar Niemeyer, assim
como a legendária carreira de Pelé dentro dos campos, possa ter enfim, um fim.
Oscar Niemeyer não projeta mais”, escreveu.
Espaço para 50 mil visitantes
Espaço para 50 mil visitantes
Em outubro, o
então secretário de Cultura e Economia Criativa, Adão Cândido, firmou termo de
colaboração técnica entre a pasta e o Instituto Niemeyer, presidido por Paulo
Sérgio Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer. A parceria que vai até 2023 prevê
cooperação e intercâmbio entre o governo do DF e a entidade que representa o
legado do arquiteto dos monumentos de Brasília. Um dos objetivos é a construção
do Memorial da Bíblia, desenhado para ocupar um espaço no Eixo Monumental. A
bancada evangélica no Congresso é a grande incentivadora da execução da obra
por meio de emendas parlamentares. O Memorial da Bíblia de Brasília é inspirado
no Museu da Bíblia de Washington, nos Estados Unidos, e tem o formato de uma
Bíblia. O objetivo é ter um espaço para receber 50 mil visitantes por ano, com
auditório, salas de reunião e acervo, lojas e praça de alimentação. Paulo
Niemeyer diz que vai pedir uma retratação. “São arquitetos com falta de visão.
Inveja. O projeto é lindo”, afirma o herdeiro de Niemeyer.
Na torcida
Dois flamenguistas
roxos estarão hoje vidrados na televisão para a partida entre Flamengo e
Liverpool na final do Campeonato de Clubes, em Doha, no Qatar. A história se
repete. O mesmo embate ocorreu há 38 anos e o time rubro-negro saiu com a taça.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) tinha 10 anos.
O senador José
Antônio Reguffe (Podemos-DF), nove. Agora, eles dividem a paixão com os filhos.
Ibaneis foi até Lima para a final da Libertadores com o filho João Pedro.
Reguffe assistiu ao jogo contra o River Plate com o filho, Felipe, em casa.
Hoje é dia de torcida.
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