Éramos jovens, eu já morando em Brasília, mas
acreditem: Peguei o fuscão do meu bravo Pai, Chico Dornas. Entre os irmãos,
felizmente tive melhor identificação com ele e o apelidei de “Velho Dornas”.
Sim, saudades de como ele tratava com carinho e respeito minha mãe Ethel.
Primeira bibliotecária de Brasília, sua caligrafia era nosso orgulho.
Incontáveis vezes pedi pra que ela escrevesse minhas mensagens no cartão
postal. Morei na casa de mamãe, solteiro, até os trinta e dois anos quando me
casei com Eda, mãe dos meus 03 filhos queridos e amigos.
Pois bem, voltando a
outros post’s, lembrei do morro próximo a BH, o ”Rola Moça”. Quem não conhece
tente buscar conhecer. Tem a visão mais linda de minhas Minas Gerais. Lá
estive, há muitos anos. Morro de saudade. Hoje uma amiga publicou no instagram
um vídeo das suas curvas. Aí gente, o coração apertou. Buscarei, sem
economizar, minha volta ao Rola Moça. Como disse Mário de Andrade :
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puserem de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.
Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.
Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.
E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
(Mário de Andrade)
Vídeo ....
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CRÔNICA
Muito bacana, vou ver se vou lá agora em novembro.
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