Após divulgação, triplica ocupação do Centro de Dança em 2020. Espaço da
Secretaria de Cultura usado para ensaios e aulas de grupos da cidade oferece 14
modalidades e níveis de ritmo.
A taxa de ocupação do Centro de Dança, equipamento da Secretaria de
Cultura e Economia Criativa (Secec) para ensaios de grupos da cidade e aulas
triplicou no início deste ano em relação ao movimento do começo de 2019. Em
agosto passado, a tendência já era visível, com a duplicação do uso das cinco
salas que o espaço mantém abertas ao público mediante solicitação.
O motivo: uma melhor divulgação da disponibilidade ao público por meio
das redes sociais, com foco no Instagram, e em eventos como o XXIX Seminário
Internacional de Dança de Brasília e o Brasília Trends Fashion Week.
O gerente Aghatto Augusto dos Santos lembra que o Centro mantém 14
modalidades e níveis de dança, com frequência média de 30 pessoas por turma. A
maioria das aulas é paga, mas há práticas gratuitas também. A relação das
modalidades pode ser consultada na página da Secec na internet.
Os professores que cobram pelas aulas assinam termo de compromisso com a
Secec, pelo qual devem oferecer uma cota de gratuidade de 20% do números de
alunos matriculados.
Fundado em 1993, o Centro de Dança é destinado a pesquisas, ensaios,
oficinas, workshops e cursos da área de dança. Tem a função de contribuir com
formação, pesquisa coreográfica, aprimoramento e difusão da arte em suas várias
modalidades e linguagens.
Saúde: Se a maior divulgação do Centro de Dança contribuiu para o
aumento da frequência de público no local, outro fator que parece ter
influenciado no salto da taxa de ocupação é preocupação com a saúde.
“Vivemos numa sociedade muito ansiogênica, e a dança faz um contraponto
importante, colocando o corpo para se movimentar de maneira prazerosa, dando um
descanso pra cabeça”, diz a médica Cláudia Costa, praticante de dança afro
contemporânea Afrontasia. Ela trocou uma prática de 20 anos de dança de salão
pelo estilo de matriz africana. “Me apaixonei pelo gingado”, confessa.
A saúde passa também pelo espírito, acredita o tutor do Afrontasia, José
Calixto. Natural da Bahia, está há 30 anos na capital e é um dos primeiros
dançarinos da especialidade em Brasília. Ele explica que o afro contemporâneo
mistura elementos simbólicos da cultura dos orixás e estéticos de movimentos
folclóricos, como o maracatu.
Malhação: Calixto constata um aumento da procura pelo afro. “Muita
gente vem porque, além da curiosidade com o estilo, percebe que a prática é
puxada. Pode-se perder até 800 calorias numa aula”, afirma. Acredita ainda que
as pessoas também estão cansadas da monotonia das academias tradicionais, em
que basicamente se puxa peso”.
O psicólogo Andrei Morales pratica a dança afro contemporânea no estilo
Itans, com o professor Júlio César Pereira, que forma multiplicadores na dança
negra atual. O estilo tem como ponto marcante o esforço rítmico, comandado pela
percussão ao vivo que movimenta cabeça, quadris, troncos, pernas e braços, em
passos, saltos e giros.
“Eu pratico e recomendo. Melhora a nossa consciência corporal,
autoestima e até a capacidade cognitiva, diminuindo a ansiedade”, afiança
Morales, que tem pós-graduação em neuropsicologia.
“As aulas seguem uma sequência de aquecimento, alongamento e
movimentação”, descreve Júlio César, cuja trajetória vai do clássico ao butô,
passando por influências medievais e celtas, antes de ancorar no afro
contemporâneo.
A psicóloga Lorena Leite, da Gestalt Terapia, pratica dança
contemporânea com o grupo Ímpar, de Naedly Franco. “Acredita na capacidade da
dança de nos reconectar com nossas emoções, que ficam atravessadas no corpo”.
Ex-bailarina clássica por 15 anos, ela encontrou na nova modalidade um
contraponto para as tensões acumuladas no consultório.
Dois para lá, dois pra cá: Se as matrizes africanas têm atraído
muita gente, a tradicional dança de salão não fica para trás. O professor do
estilo Jeferson Rocha e sua companheira Analu Paz comandam pares de casais que
buscam na prática, além de saúde, socialização.
As pessoas chegam duras, mas vão se soltando, deixando que o corpo
se desligue do controle da mente, explica Rocha. Os professores promovem um
rodízio entre os pares para facilitar a descontração, parte do processo de se
deixar levar pela música. “Quando a gente se entrega ao passos, entra em êxtase
e se desliga do mundo em volta”, afirma.
Jeferson usa o Centro de Dança desde 2007 e elogia a qualidade do
local: “O espaço é bonito, a gente respira arte, há pinturas na parede, estante
de livros e local para descansar”.
Serviço: Centro de Dança; SAN, quadra 1 bloco E, acesso pela
N2; Contato: 3328-4387 ou pelo e-mail n * Com informações da
Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec)
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BRASÍLIA 60 ANOS