Museu da República
A visitação ao
Museu Nacional da República cresceu 88% entre fevereiro e julho de 2019 em
relação a 2018. Em 2018, foram 246 mil visitantes; em 2019, o número subiu para
463 mil, em 13 exposições. Como os números são levantados por mostra e algumas
ocorreram simultaneamente, em espaços diferentes, é possível que o cômputo
geral inclua a visita das mesmas pessoas mais de uma vez, informa Luiza Garonce,
em matéria para o G1.
Em 2018, a
mostra que recebeu mais público foi Imagens impressas: um percurso histórico
pelas gravuras da Coleção Itaú Cultural, com 46.266 pessoas, entre 22 de maio e
22 de julho. Na sequência, figura a mostra JK — O silêncio que grita, com
32.377 visitantes. Charles Cosac assumiu a coordenação do Museu da República em
2019. E, sob a sua direção, a mostra mais visitada foi O ritmo do espaço, (Foto) de
Yutaba Toyota, de 2 de abril até 16 de junho, com 67.190 pessoas. Em segundo lugar,
ficou Ato, teatro e dança —Artes cênicas das décadas de 1980 e 1990 sob o olhar
de Mila Petrillo, com 59.664 visitantes.
O caso do
Museu da República merece estudo. Em princípio, ele teria tudo para se tornar
um fracasso monumental. É uma das obras menos inspiradas de Niemeyer. Já
apelidaram o espaço de cuscuz e de iglu. Pode ser que componha com outros
elementos da paisagem. Mas é um bloco monolítico sem nenhuma relação de leveza
e transparência de outras obras de Niemeyer. Além disso, é muito árido, não se
vê ali nenhum jardim ou árvore para mitigar a incandescência do sol nos dias
mais quentes.
No entanto, o
Museu se tornou pista de skate, espaço para shows à luz das estrelas, cenário
para batalhas épicas de rima e roteiro de exposições. As apropriações são
surpreendentes e imprimiram vida ao lugar. O iglu virou encosto para beijos
intermináveis. É um dos territórios mais frequentados da cidade. Porque é um
ponto de passagem de quem vem da Rodoviária ou de quem volta da Esplanada. De
qualquer maneira, é muito alentador constatar o interesse dos brasilienses pela
cultura, quando lhes é dado acesso. E, também, que a exposição de uma fotógrafa
sobre a produção de artes cênicas das décadas de 1980 e 1990 tenha sido vista
por quase 60 mil pessoas. Revela o reconhecimento da cidade pelo trabalho do
fotógrafo e pelos artistas de Brasília.
A maioria das
fotos foram tiradas quando ela era repórter fotográfica do caderno de cultura
do Correio Braziliense. As imagens da Mila nos ajudam a perceber que, com todas
as condições adversas, Brasília construiu um vigoroso movimento de artes
cênicas nas décadas de 1980 e 1990, que se estende até hoje. Os mandatários
precisam perceber que é a cultura que confere dignidade a Brasília.
Severino
Francisco – colunista do Correio Braziliense – Fotos/Ilustração: Blog - Google
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BRASÍLIA 60 ANOS