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No contra-ataque da guerra, arte!


No contra-ataque da guerra, arte!

*Por Ana Dubeux

Recebo lá da terrinha um clipe assombroso de bom. Revólver, de Flaira Ferro, tem canto e imagens fortes do frevo como prova de resistência do povo pernambucano. Não apenas como ritmo, dança, carnaval, mas como identidade de um lugar. Em meio à violência urbana, a toda sorte de desmandos e à cumplicidade do poder público com a desigualdade e, muitas vezes, com a animosidade, Pernambuco sempre terá o frevo. Assim como sempre haverá em cada cidade ou recanto deste Brasil um meio próprio de sobrevivência da alegria.

Cá com meus botões, veio uma conexão imediata com Brasília e o resgate de sua identidade a cada aniversário. Qual será o abre-alas desta cidade? Aquele lugar de conforto para onde voltamos quando as coisas estão meio insuportáveis e chatas? Não adianta buscar uma paisagem, amigos. Esse aconchego, essa noção de pertencimento, vem das raízes, da cultura que formamos, do orgulho que construímos ao longo do tempo.

Visitar a nossa trajetória, ao longo de 60 anos, é reconstruir a história para as novas gerações. Vasculhar gavetas em busca de fotos, revirar os arquivos deste jornal e convidar o brasiliense a participar de tudo isso é criar identidade. O nosso primeiro abre-alas foi a epopeia da construção. Década a década, assistimos aos filhos de Brasília darem continuidade à construção. Eles criaram um linguajar próprio, um jeito especial de ocupar os espaços públicos, o seu próprio carnaval, cheio de personalidade.

Olhe pela janela e veja os foliões passando com seus bloquinhos faceiros, resgatando todo o caldo cultural que forma Brasília. Quem imaginaria... 62 blocos na rua em um dia. Hoje tem de tudo no nosso carnaval. O samba, a marchinha, o frevo, o axé. Bota a cara na rua e veja nosso novo abre-alas: o multiculturalismo. A perfeita simbiose entre a irreverência política de um Pacotão, que fez história na contramão, e os novos bloquinhos que fazem uma mistura boa dos tantos Brasis que nos formam.

Publicamos ontem uma carta a Brasília. Uma carta de seu irmão gêmeo, o Correio Braziliense, que é na verdade um convite para revisitarmos nossa história conjunta. Publicaremos fotos e matérias que marcaram os 60 anos da capital, todos os dias até 21 de abril, na seção Isto é Brasília, no caderno de Cidades, no site (https://bit.ly/38Ss6W1) e nas redes sociais.

É uma forma de reforçar nossa identidade. Porque uma cidade é a sua história e sua história é o abre-alas, a alegria, a porta de entrada para o orgulho e aconchego. Existe algo que não tem preço: a sensação de pertencimento a um lugar. E essa é uma construção delicada, feita tijolo a tijolo, com informação, conhecimento, cultura, memória. Esperamos que gostem!

(*) Ana Dubeux – Editora-Chefe do Correio Braziliense – Fotos/Ilustração: Blog-Google 






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